29 de novembro de 2009

Do jejum de dezembro e das esmolas (São Leão Magno, sermão 8)

Quando o Salvador instruía os seus discípulos acerca da vinda do reino de Deus e do fim do mundo e dos tempos, pelos Apóstolos, também toda a Igreja ensinava: Cuidai, disse, para que os vossos corações, por acaso, não se sobrecarreguem na bebedeira e ebriedade e pensamentos seculares. Esse preceito, diletíssimos, percebemos caber especialmente a nós, que daquele dia, ainda que ele seja oculto, não duvidamos de estar próximos.

Convém a todo homem preparar-se para a vinda d'Ele, a fim de que não encontre ninguém dado próprio ventre ou aos cuidados mundanos. Prova-se pela experiência de todo dia, diletíssimos, que a saciedade de bebida estraga a acurácia da mente, e a abundância de comidas enfraquece o vigor do coração, de modo que o deleite de quem come é contrário à saúde até do próprio corpo, se não atentar para a temperança que se opõe a isso e afasta o futuro fruto do prazer.

Nenhum corpo possui desejo se não tiver alma, e da mesma fonte que recebe o sentido, recebe também o movimento: por isso pertence à alma negar certas coisas ao seu súdito (o corpo), e refrear as coisas exteriores que não convêm segundo o juízo interior, para que, por mais tempo livre das concupiscências carnais, no templo da alma possa repousar na sabedoria divina, onde, silenciado todo ruído dos cuidados terrenos, em meditações santas e nas delícias eternas se regozije.

Tradução nossa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.