29 de dezembro de 2009

Décima quarta Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens

Jesus Se deixou Sacramentado para ser nosso companheiro nesta vida e Viático para a outra.

Amorosa foi, sem dúvida, a providência do Altíssimo, Que, caminhando Seu Povo quarenta anos num áspero e solitário deserto, acompanhou-o sempre com uma coluna de fogo, que, servindo-lhe de guia para a Terra Prometida, mostrava-lhe de noite os perigos do caminho, e de dia os defendia com sua sombra dos nocivos ardores daquele clima, que nem os persas, nem os gregos, nem os Alexandres, nem os Césares se atreveram a passar. E se essa foi uma prova maravilhosa de Seu amor para com aquele Povo, sempre ingrato a Seus benefícios, que diremos da fineza com que no espinhoso deserto deste mundo Se nos deu o próprio Senhor por companheiro perpétuo e guia seguro, não um uma nuvem de fogo, senão no resplandecente Sol de Seu Corpo Sacramentado?
Jesus fez-Se companheiro dos homens, pobres passageiros, que, caminhando pelos perigosos bosques desta vida, caíam em um precipício a cada passo. Fez-Se peregrino conosco, mas com um amor muito mais fino do que com aqueles dois caminhantes que iam a Emaús, com os quais, para não ficar com eles só uma noite, dissimulou que passava adiante. Bem conheceu o Divino Amante que, se nos deixasse caminhar sós por este mundo, encontraríamos desgraças a cada passo. Bem viu que se navegássemos sem Ele um só dia, cada onda nos seria um naufrágio. E assim escondeu n'Este Sacramento a Majestade para ser nosso Companheiro individual em todas as partes, para ser nossa luz nas trevas, nosso escudo nas batalhas e nosso piloto nos perigos.
Quem poderá contar os inumeráveis benefícios que recebemos tendo nesta vida por Companheiro Jesus Sacramentado? Favoreceu Deus a casa de Labão só pela companhia de Jacó. Livrou todos os navegantes do naufrágio por levar por companheiro São Paulo. Ó quantas vezes fulminariam contra nós os dardos da Divina Justiça, se não tivessemos na terra Este fiel amigo ao lado, o Qual repara os golpes do Eterno Pai, justissimamente irado! Quantas vezes ter-se-ia submergido a nave de Pedro nas borrascas de tantas heresias, se não divesse por piloto Jesus Sacramentado! Porém Ele não dorme mais sobre a poupa deste navio, e assim seguro vai quem o governa. Não tema, pois, nenhum covarde, não desespere, nenhum pobre, não se desconsole, nenhum aflito. Jesus Sacramentado é fiel amigo para todos. Assim o experimentava o humano Serafim Francisco, que, quando o assaltava albuma grave aflição, ia logo comunicá-la a seu verdadeiro Amigo Sacramentado, de Quem recebia prontamente o alívio.
Mas Este amoroso Sacramento não é só nosso Companheiro na breve peregrinação desta vida, mas aumenta Seu amor a fineza, sendo-o também para a larga e perigosa viagem da Eternidade. Não quis o amante Redentor perder-nos de vista na partida que fazemos deste mundo, nem por um só momento. Soem despedir-se os amantes, acompanhar-se até onde possam com os olhos. Mas não Se satisfez Jesus em seguir-nos só com a vista: quis também ir conosco com o corpo. Para este caminho da Eternidade, não nos deu por Viático outro que a Si mesmo. Quis mostrar-nos que primeiro se apartará a Alma de nosso corpo, que Seu Corpo de nossa Alma. Do coração, diz o Filósofo, que, sendo o primeiro a viver, é o último a morrer. Por essa razão nos acompanha Jesus na morte, para que entendamos que nosso coração perde a vida antes que Ele perca a nossa companhia. Ah! Católicos! Mais radicado está o amante Sacramentado em nosso coração, do que esse à nossa vida. Acabada essa, quer viver conosco outra por toda uma eternidade. Nela conheceremos e cantaremos para sempre, melhor do que o que eu soube explicar, quais e quantas sejam as finezas de Jesus Sacramentado.

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