27 de março de 2014

Pensamentos Consoladores de São Francisco de Sales.

20/25 -Como Deus é ocioso de nosso Coração.

Este ciúme que Deus tem de nós não é um ciúme de inveja, mas amizade soberana, porque não lhe interessa que nós o amemos, mas sim a nós nos interessa que Ele nos ame. O nosso amor é para ele inútil; mas para nós é de grande proveito, e se é para Deus agradável, é para nós proveitoso; porque sendo o soberano bem, agradá-lhe comunicar-se por seu amor, sem que daí lhe resulte algum bem; assim Ele exclama queixando-se dos pecadores como enciumado: "Deixaram-me, a mim que sou a fonte de água viva, e foram procurar cisternas rotas, que não podem reter as águas". Considerai por um pouco eu vos peço, como este Divino Esposo exprime delicadamente a nobreza e generosidade do seu ciúme: "Deixaram-me a mim que sou a fonte da água viva": como se dissera: Eu não me queixo de que me deixassem por algum prejuízo que o seu abandono me pode trazer: pois, que prejuízo pode sofrer uma fonte de águas vivas por lhe não virem tirar água? Deixará por isto ela de jorrar e correr pela terra? Mas aludo à sua cegueira, porque tendo-me deixado, se tem entretido com poços vazios. Porque, se, o que é impossível, tivessem encontrado uma outra fonte de água viva, suportaria facilmente a sua retirada visto não ter pretensão alguma ao seu amor; abandonar-me para se perderem, é o que me faz admirar e afligir-me da sua loucura! É pois por amor de nos que Ele quer que o amemos, porque não podemos deixar de o amar sem começar a perder-nos, e todos os afetos que lhe roubamos perdemos também.   

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