7 de março de 2014

Terça-feira de carnaval – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] A corrupção dos costumes destrói a fé

Sermão para a Festa de São Casemiro, Confessor – Memória de São Lúcio I, Papa e Mártir
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
Quis a providência, caros católicos, que celebrássemos, nessa terça-feira de carnaval, a festa de São Casimiro. E que bom modelo nos dá a sabedoria divina nesse dia. Casimiro era príncipe da Polônia e rei eleito da Hungria. O maior prazer de Casimiro era rezar e estudar, e seu lugar predileto era a Igreja. Dizia ele: “Tendo para escolher entre a caça, o jogo, a dança e outros divertimentos, dispenso-os todos, se eu puder ficar na Igreja.” Quanto mais nós devemos dispensar os pecados do carnaval para ficar na Igreja. Ela é que deve ser o nosso lugar predileto. O nosso Santo tinha também grande devoção ao Santíssimo Sacramento: levantava-se durante a noite para visitar o Santíssimo e se encontrava a Igreja fechada, ficava na porta, em adoração ao sacramento do altar. E grande era também a devoção de São Casimiro pela Sagrada Paixão de Cristo e por Nossa Senhora.
                Muitas eram as virtudes manifestas de São Casimiro, em particular a sua ajuda aos pobres e o desprezo pelas honras e grandezas do mundo. Todavia, entre todas as virtudes, a que exercia com maior esmero era a da pureza. E mais admirável é a pureza do santo quanto mais perigoso era o ambiente em que vivia, rodeado de luxo, de seduções. Mas ele guardou o voto que fez de ser puro pela frequência aos sacramentos da confissão e da comunhão, pela devoção à Santíssima Virgem, pela mortificação constante do corpo e pela fuga das más ocasiões. A tal ponto era grande e manifesta a sua pureza, que ninguém ousava, em sua presença, proferir algo que ofendesse a moral. Se queremos nos preservar da pureza, devemos seguir o exemplo de São Casimiro: frequência na confissão e na comunhão, devoção a Nossa Senhora, mortificação constante do corpo, dos sentidos, de nossa vontade própria e fuga das ocasiões de pecado.
                Devemos imitar São Casimiro não somente para preservar a nossa pureza, o que é essencial, mas também para preservar a nossa fé. Não quero dizer que o pecado de impureza seja um pecado contra a fé, mas que o vício desse pecado, o hábito desse pecado leva facilmente ao abandono da fé. O hábito desse pecado leva ao abandono da fé pela oposição que existe entre ele e a doutrina católica. Por um lado, a pessoa sabe que esse pecado lhe merece o inferno, a condenação eterna. Por outro lado, ferida pelo pecado original e com a forte inclinação para o pecado impuro adquirida pela repetição dele, a alma não se vê forte suficiente para abandoná-lo. Diante do Deus que pune esse pecado e diante de sua inclinação profunda para esse pecado e falta de força para combatê-lo, a alma tende a cair no desespero. Ela já não enxerga como possível a salvação. Nessa situação, a alma tem duas soluções. A primeira solução é lutar, confiando na graça divina, desconfiando de si mesmo, utilizando os meios necessários para vencer o pecado, com muita determinação. A segunda solução é abandonar a fé, para poder se entregar ao pecado de forma tranquila. A segunda solução é, evidentemente, a mais fácil, e é aquela que a maioria das pessoas que sofrem desse vício escolhem. O vício da impureza termina, muito frequentemente, levando à perda da fé, à apostasia. Na verdade, prezados católicos, o meio mais eficaz para fazer alguém perder a fé não é atacar diretamente a doutrina católica ou a Igreja, mas afundar a pessoa na impureza. É exatamente o que vem sendo feito nesse último século e meio, em particular por meio das diversões e dos trajes. As pessoas se entregam a diversões e entretenimentos que as levam a pecar contra a pureza: quantos livros, quantas músicas, danças, quantos filmes, programas de televisão, séries de televisão, etc. levam a isso. As pessoas se trajam de modo a provocar o próximo ao pecado contra a pureza. É por essas diversões e pelas vestes que se destrói a castidade. E é pela falta de castidade que termina sendo destruída a fé. A corrupção dos costumes é mais eficaz na destruição da fé que qualquer heresia, pois o homem passa a julgar as coisas influenciado pelas paixões e passa a agir pelas paixões e não mais pela razão iluminada pela fé. Com hábito de agir mal e cegada pelas paixões, a pessoa rejeita a religião verdadeira, pois ela condena a falta de pureza. Rejeitada a verdadeira religião, passa a ser verdade aquilo que agrada à pessoa.  A falta de pureza é uma das grandes causas – não é a única – da crise de fé que se vive atualmente, pois ela abre as portas para rejeição da verdadeira religião e para a aceitação de qualquer doutrina vã. O carnaval contribui bastante para isso.
                Voltemos, então, prezados católicos, ao exemplo de São Casimiro, para guardarmos a nossa pureza, para guardar a fé, que é nosso maior tesouro: frequência na confissão e na comunhão, devoção a Nossa Senhora, mortificação constante do corpo, dos sentidos, de nossa vontade própria e fuga das ocasiões de pecado.
                Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito santo. Amém.

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