QUE DIFERENÇA ENTRE OS DOIS!
O Pe. Iandel era superior do pequeno convento de Pont-a- Mousson, onde realizava um bem imenso, mas não com o mesmo exito, para com todos os alunos. “Era mister, diz o seu biógrafo, que também aqui se verificasse o impenetrável mistério da graça, mistério da maravilhosa bondade da parte de Deus e mistério de infidelidade e de obcecação da parte dos jovens ou dos pais que falharam na educação dos mesmos. Dois desses alunos do P. Iandel mostram-nos ao vivo esse contraste. Um deles chamava-se Edmundo About. Tinha só dez anos, e já se mostrava cético a ponto de negar as próprias sensações. Certo dia, um assistente, topando com ele a transgredir o regulamento, deu-lhe um puxão de orelhas e perguntou:
— Que é que sentiste?
— Nada!
O assistente deu-lhe então uma bofetada.
— E agora, não sentiste nada?
— Nada!
Força é confessar que o rapaz era inteligente. Temia-se que, no dia da distribuição de prêmios, aquela impiedade fosse ornada com os mais belos louros. O superior, para evitar semelhante escândalo, pediu que a mãe de Edmundo o fosse buscar, visto que não dava esperança alguma para a carreira eclesiástica. Edmundo About, como se sabe, fez-se jornalista e escritor e em suas publicações sempre atacou impiedosamente o clero e a religião.
Nessa mesma época e no mesmo seminário estudava outro rapaz oriundo de família aldeã. Não possuía, é certo, a inteligência do primeiro, mas recebera do céu e conservava sob os olhares vigilantes dos pais, um coração puro e uma fé viva.
Chamava-se Agostinho. Aos 15 anos, por uma graça especial de Deus, fora chamado a participar das Missões Estrangeiras. Partiu para Tonquim, onde exerceu um apostolado breve é verdade, mas coroado com um martírio glorioso. Contava apenas trinta anos, quando foi condenado à morte. O herói da fé acercou-se do patíbulo com semblante sorridente, a cabeça erguida, olhando para o céu e recitando fervorosas preces.
— Como é belo — diziam os pagãos — e quanta coragem! Vai para a morte como para um festim.
A admiração chegou ao auge, quando o viram tirar as sandálias para andar mais depressa. O algoz tremia, e só ao terceiro golpe rolou por terra aquela cabeça gloriosa.
Isso foi em 1851. Seis anos depois, Pio IX declarava-o venerável, digno de nossa veneração.
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