XVI
« . . . E AGORA, PAI, GLORIFICA O TEU FILHO»
DEPOIS da Ressurreição, Nosso Senhor Jesus Cristo ficou apenas quarenta dias com os discípulos. Diz S. Leão que «esses dias se não passaram na inatividade»: Ii dies non otioso transiere decursu. Pelas múltiplas aparições aos Apóstolos, pelos seus colóquios com eles - Loquens de regno Dei - Jesus enche-lhes de alegria os corações; corrobora-lhes a fé no Seu triunfo, na Sua pessoa, na Sua, missão; dá-lhes também «as últimas instruções» para o estabelecimento e organização da Igreja.
Agora que está integralmente cumprida a missão da Sua permanência neste mundo, chegou para Ele a
hora de subir para o Pai. O « divino gigante completou a sua carreira na terra»: Opus consummavi quod dedisti mihi. Agora vai gozar, em toda a sua plenitude, as excelsas alegrias dum triunfo maravilhoso: a Ascensão aos céus coroa gloriosamente a vida terrestre de Jesus.
De todas as festas de Nosso Senhor, quase me atrevo a dizer que, em certo sentido, a Ascensão é a
maior, visto ser a glorificação suprema de Jesus Cristo. A santa Igreja chama a esta Ascensão «admirável" e "gloriosa», e em todo o Ofício divino desta festa nos faz cantar a magnificência deste mistério.
O nosso divino Salvador tinha pedido ao Pai "que O glorificasse com a glória que, pela Sua Divindade, possui nos eternos esplendores dos céus»: Clarifica me, tu, Pater. . . claritate quam habui priusquam mundus esset apud te. "A vitória da ressurreição marcou a aurora desta glorificação pessoal de Jesus»: Haec est clarificatio Domini Nostri ]esu Christi, quae ab ejus resturrectione sumpsit exordium; a admirável Ascensão é o seu pleno meio dia: Assumptus est in caelum et sedet a dextris Dei. É a glorificação divina da Humanidade de Cristo, acima de todos os céus.
Digamos, pois, algumas palavras acerca desta glorificação, razões em que assenta relativamente a Jesus, graça especial que encerra para nós. A Igreja resume estes pontos na oração da missa: Concede quaesumus omnipotens Deus, ut qui hodierna die Unigenitum tuum Redemptorem nostum ad caelos ascendisse credimus, ipsi quoque mente in caelestibus habitemus: "Concedei-nos, Deus Todo Poderoso, a nós que acreditamos que o Vosso Filho único, nosso Redentor, subiu aos céus, a graça de também nós lá vivermos em espírito».
Esta oração é primeiramente um testemunho da nossa fé no mistério. Lembrando os títulos de «Filho
único» e « Redentor», dados a Jesus, a Igreja indica os motivos da celeste exaltação do seu Esposo. Finalmente exprime a graça que nela se encerra para as nossas almas.
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