27 de maio de 2017

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.

Nossa Senhora Menina


Parte 2/4

E, que fazia Maria em casa de seus pais?
Murilho, não é somente o pintor da Imaculada, é também o pintor que se compraz em surpreender as atitudes das crianças: desde os garotitos que comem uvas e jogam os dados até ao Menino Jesus que brinca com a pomba e acaricia o cordeirinho branco.
Murilho, quis transportar-se também em espírito à pequena morada dos pais de Maria e surpreender uma cena encantadora e muito real, embora os vestidos não correspondam a época.
Santa Ana sentada segura sobre os joelhos um livro e explica-o a sua filha. Maria é uma menina cheia de candura, de olhar inteligente e profundo. Esta de pé e escuta com atenção as explicações de sua mãe.
Ao lado, no chão, a cesta de trabalho. Que cena tão bela e tão simbólica!...
As flores necessitam ambiente propício para crescer.
Maria era humilde como a violeta, e como ela cresce no retiro de sua casa.
Maria foi menina. Ainda que muito cedo tivesse o uso da razão, exteriormente seguiu todas as fases de crescimento corporal e manifestações da alma.
Foi menina e teve em grau muito elevado a virtude característica das crianças, a inocência que se refletiu no seu rosto.
Foi menina e crescia como as meninas; porém não passou por essas crises de que padecem as meninas, em que a tristeza vai pondo sombras no seu rosto e receios no seu olhar.
Crescia e crescia como um sol que sobe até ao zenit sem encontrar nuvens no caminho.
Crescia a Virgem menina e crescia ao lado de sua mãe, como devem crescer todas as meninas.
Nem a mãe deve separar-se de suas filhas para ir divertir-se, nem as filhas devem separar-se de suas mães.
A menina deve crescer ao lado de sua mãe, como a hera cresce agarrada sempre ao tronco da árvore junto à qual nasceu. Muitos inimigos procurarão afastar a menina de perto de sua mãe.
As amigas dir-lhe-ão: Já és grande; tens que desprender-te dessa tutela. Tua mãe é uma tirana e uma antiquada; as mães modernas dão mais liberdade a suas filhas.
As paixões dir-lhe-ão: Tens que divertir-te; e para te divertires, a presença de tua mãe é um estorvo.
O mundo dir-lhe-á: Ofereço-te tudo o que desejas, porém ponho-te uma condição: que te desprendas da tua mãe; ela não permitiria que desfrutasse de tudo o que eu te daria.
O que primeiro fez o filho pródigo para se entregar às suas paixões, foi afastar-se de casa e de seu pai. Daí lhe vieram todas as desgraças.
É a história de todas as filhas pródigas: afastar-se do lar e da companhia de sua boa mãe.
A Virgem menina esta de pé ao lado de sua mãe; e sua mãe esta sentada. A menina, de pé, em atitude de respeito.
Ainda que seja mais santa que sua mãe, porque o Omnipotente realizou nela grandes maravilhas, sua mãe é representante de Deus, por isso esta sentada no trono de rainha do lar, que Deus lhe preparou, e a Virgem menina respeita sua mãe porque vê nela o mesmo Deus.
Se as mães com a sua conduta se tornassem dignas representantes de Deus, poderiam sentar-se no seu trono de rainhas do lar e ser respeitadas. 
A mãe de Maria esta sentada, em atitude de mandar. A Virgem menina esta de pé em atitude de obedecer. É  filha e os filhos devem obedecer a seus pais que mandam em nome de Deus.
A mãe de Maria tem sobre os joelhos um livro e por ele esta ensinando sua filha.
A mãe deve ser a primeira mestra de seus filhos.
Ela ensina-lhes as orações que devem rezar, e as primeiras noções da religião. Ela é a confidente que recebe as perguntas de sua filha e responde com delicadeza e sinceridade.
Porque sabe isto, a menina tem confiança com sua mãe e sua mãe a vai iniciando nos mistérios da vida; de tal maneira que da alma de sua filha vão desaparecendo as trevas da ignorância, sem que a alma se obscureça com as sombras do pecado. Instruir sem fazer pecar.
Trabalho delicado que não podem fazer as amigas, que deve fazer a mãe.

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