16 de maio de 2017

Dom Columba Marmion - Jesus Cristo nos seus mistérios.

II

Veremos ainda, é certo, Jesus Cristo ressuscitado pisar a terra; por amor aos discípulos, por condescendência para com a fraqueza da sua fé, digna-se aparecer-lhes, conversar com eles; mas a vida d'Ele é antes de tudo celeste: Vivit Deo.
Quase nada sabemos desta vida celeste de Jesus, no dia imediato ao da ressurreição; mas será possível duvidar de quão admirável tenha sido?
Provou ao Pai quanto O amava, dando pelos homens a própria vida. Agora está tudo saldado, expiado; a justiça, satisfeita, já não reclama d'Ele expiação alguma; está restabelecida a amizade entre os homens e Deus; está consumada a obra da Redenção. Mas a religião de Jesus para com o Pai, essa continua mais viva, mais completa do que nunca. O Evangelho nada nos diz dessas homenagens de adoração, de amor, de ação de graças que Jesus Cristo rendia então ao Pai. Mas S. Paulo resume-as dizendo: Vivit Deo, «vive para Deus ».
É o segundo elemento da santidade: adesão, entrega, consagração a Deus. Só no Céu saberemos com que plenitude vivia Jesus para o Pai naqueles abençoados dias. Foi certamente com uma perfeição que deslumbrava os Anjos; agora que a Sua Santa Humanidade está livre de todas as necessidades, isenta de todas as fraquezas da nossa condição terrestre, entrega-Se, como nunca o fizera, à glória do Pai. A vida de Cristo ressuscitado torna-se uma fonte infinita de glória para o Pai;  n'Ele já não há fraqueza alguma; n'Ele tudo é luz, força, beleza, vida; tudo n 'Ele entoa um cântico ininterrupto de
louvor.
Se o homem resume em seu ser todos os reinos da criação para nele resumir também o hino de todas as criaturas, que diremos do cântico incessante que a Humanidade de Cristo glorioso, Pontífice supremo, triunfador da morte, entoa à Santíssima Trindade? Este cântico, expressão perfeita da vida divina que agora envolve e penetra com toda a força e esplendor a natureza de Jesus, é inefável...

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