29 de junho de 2017

Retratos de Nossa Senhora, Juan Rey, S. J.

Nossa Senhora Jovem

Parte 6/7

A Santíssima Virgem apesar de estar cheia de graça e cheia de Deus, foi uma jovem incompreendida dos homens e em especial das suas companheiras.
Era afável e carinhosa com todos; não obstante, parecia concentrada e silenciosa. 
O seu trato íntimo com Deus exigia o silêncio com os homens.
A alma de Maria tinha comunicações divinas como não teve nenhuma outra criatura.
A sua alma devia estar atenta a essas comunicações. E para falar com Deus tinha que deixar de falar com os homens.
Este silêncio também se lhe impunha pela condição das pessoas que a rodeavam.
É verdade que os seus pais eram santos, e santos eram também alguns parentes seus, como sua prima Isabel e seu esposo Zacarias. Porém não eram assim todos os habitantes de Nazaré e dos arredores, não eram assim todas as jovens da sua terra.
Maria devia conservar a sua alma limpa de toda a sombra de pecado e não o teria conseguido se tomasse parte nas conversas frívolas, pouco caritativas e por vezes licenciosa das suas jovens companheiras.
E refugiava-se no silêncio. A jovem Maria taxavam-na de reservada. E tinha de o ser.
Maria guardava em seu coração segredos muito íntimos: o segredo da sua santidade, o segredo dos privilégios extraordinários que Deus lhe tinha concedido, o segredo da sua consagração total e definitiva a Deus, seu Senhor.
Estes segredos não podia, não devia comunicá-los a ninguém; proibia-lho a sua humildade. Para mais, a sua revelação seria contraproducente, pois ninguém a teria compreendido; por isso era reservada no trato com os mais. A jovem Maria acusavam-na de retraída, de não ter intimidade com as jovens da sua idade. Tinha que ser assim.
Ela seguia um caminho diferente das outras jovens. As suas companheiras, ainda as melhores, suspiravam pelo matrimônio, não ter descendência consideravam-no como uma ignomínia.
Estes eram os ideais e as conversas das jovens nazarenas.
Maria consagrara a Deus a sua virgindade para sempre, renunciara ao grande ideal que tinham as suas companheiras.
Via-se nessa alternativa de ter de dizer o que não sentia ou de manifestar os seus propósitos, e nesse caso tê-la-iam por louca, e tê-la-iam posto a um canto.
Por isso a jovem Maria, prudente como era, afastava-se do convívio das outras jovens.
E havia outra razão muito poderosa também. As suas jovens companheiras procuravam diversões frívolas. Ela não podia acompanhá-las e tinha que retrair-se do seu convívio.
As jovens nazarenas estimavam Maria, respeitavam-na, porque a virtude sempre se faz respeitar; porém, se ouvíssemos uma conversa a seu respeito, ouviríamos louvores misturados com censuras. É boa, é carinhosa, é piedosa . . .; mas é taciturna, retraída e pouco condescendente com as mais, e não faltaria alguma que atribuísse a sua atitude e soberba. Não o estranheis, pois Jesus Cristo foi criticado e era a santidade infinita.
Maria era habitualmente alegre, porque tinha na sua alma a fonte mais pura da alegria: Deus, a santidade.
Mas por vezes o rosto formoso de Maria cobria-se de ligeira sombra de tristeza. Os que com ela tratavam, encontravam uma causa muito natural. Tinha perdido seu pai e sua mãe tão cedo!
Estava tão só no mundo! Era órfãzinha.
Mas a sua tristeza tinha raízes mais fundas. Ela conhecia perfeitamente a Deus; sabia como era digno de ser amado; ela amava-o com toda a sua alma mas via a conduta dos homens para com Deus. Quantos o ofendiam, mesmo aqueles que viviam à sua volta!
Estes pensamentos cobriam de tristeza e de compaixão o seu rosto.
Quando estas rajadas de tristeza passavam na sua alma, o rosto da Virgem devia ser um tanto semelhante ao que tinha quando apareceu em Fátima: era triste e compassivo.

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