A Maçonaria.
Vim a saber com grande amargura que em nossa Paróquia de São Dimas se vai fundar uma Loja Maçônica, cuja sede, já preparada na Vila Ema, receberá dentro em breve os novos adeptos. E' meu dever de Pastor das almas prevenir o rebanho que me foi confiado.
Ninguém se iluda. A Maçonaria é uma seita secreta condenada reiteradas vezes pela Igreja Católica, e não é possível a nenhum católico ser a um tempo maçon e filho da Santa Igreja. Há uma incompatibilidade radical entre a Maçonaria e a Igreja Católica.
Por mais que os maçons procurem iludir os fiéis dizendo se tratar apenas de uma sociedade beneficente e de fins altruísticos, não é possível conciliação alguma entre as duas ideologias. Não se pode ser católico e maçon. Ficam pois assim prevenidos todos quantos estejam para se filiar à Maçonaria que incorrem na pena de excomunhão.
E como excomungados não podem participar da vida da Igreja. Estão excluídos do grêmio da Santa Igreja desde o momento em que prestem o juramento maçônico. Esta excomunhão foi lançada pelos Papas Clemente XII, Bento XIV, Pio VII, Gregório XVI, Pio IX, Leão XIII, Pio X e Pio XI. O Código do direito Canônico nos cânones 342, 693, 1065, 1241, 1453, 2353, 2339, inculca penas contra a Maçonaria e os que a ela se filiam.
Que mais é preciso para um católico? A Igreja venerável que luta há vinte séculos pela integridade da fé há de ter razões muito graves para fulminar tais e tão graves penas. Querem alguns católicos dar lições à Velha Igreja de Cristo? Quem deseje obstinadamente se filiar a Maçonaria que o faça. Não podemos lhe tirar a liberdade.
Todavia fiquem sabendo todos, e para evitar futuros dissabores e mal entendidos, quem se faz maçon não procure a Igreja para os Sacramentos, nem para qualquer ato da sua vida espiritual e litúrgica. O excomungado, como diz a palavra, está excluído da Igreja Católica. Não pode existir católico maçon nem maçon católico. Nada de confusões!
Se, por desgraça, algum dos meus paroquianos se fizer maçon, julgue-se excluído do seio da Igreja. E' um excomungado na legítima expressão do termo. E como tal não pode receber os Sacramentos, a não ser que renuncie a Maçonaria e abjure o erro. Não pode ter funerais na Igreja após a morte, nem Missa de sétimo ou trigésimo dia, etc.
Não se celebram Missas por excomungados. Previno pois às famílias dos mortos na Maçonaria sem se terem reconciliado com a Igreja e abjurado a seita, que não insistam, nem sejam imprudentes querendo exigir sufrágios por defuntos maçons. O maçon não se apresente como padrinho de batismo ou de crisma, nem tome parte alguma em festas de Igreja ou em qualquer atividade religiosa.
Fiquem todos pois assim prevenidos para que não venham criar casos nem celeumas na Igreja, em lamentáveis questões que já tem trazido sérios conflitos entre sacerdotes e maçons. Peço aos maçons de minha paróquia um pouco mais de coerência e sinceridade nas suas atitudes. Considerem-se excomungados, desligados da Igreja Católica na qual foram batizados e viveram, e à qual renunciaram pela Maçonaria, seita condenada muitas vezes pela Santa Igreja. E repito: Não se pode ser católico e maçon, nem maçon católico.
Nada de confusões! Não desejo abrir luta contra a Maçonaria, nem polêmicas estéreis. Quero, e isto é meu dever, avisar o rebanho que me foi confiado que a Maçonaria é uma sociedade secreta, dezenas de vezes condenada pela Igreja, e que são excomungados os maçons. E peço aos maçons de minha paróquia esta sinceridade, esta coerência de atitudes: não se imiscuam em coisa alguma da vida da Igreja, e como excomungados, não se digam católicos. "Tirem a máscara" como dizia Leão XIII.
E fiquem avisados os fiéis para que não ousem convidar para padrinhos de batismo ou de crisma ou testemunhas de casamento, ou festeiros, enfim para qualquer manifestação externa da vida da Igreja, a um maçon. Evitemos incidentes desagradáveis.
Sejam prudentes os senhores maçons, e como excomungados retirem-se da Igreja.
Este aviso será afixado na porta da Matriz de São Dimas e de todas as Igrejas da paróquia.
São José dos Campos, Dezembro de 1953.
Mons. Ascânio Brandão
Pároco de São Dimas
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Dom Boaventura Kloppenburg. A Maçonaria no Brasil: Orientação para os católicos. Petrópolis: Vozes, 1956
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