30 de dezembro de 2010

Sacerdote Eternamente - Parte 17

SACERDOTE ETERNAMENTE
Dom Emmanuel Marie André

LIVRO TERCEIRO
O CAMPO DO MINISTÉRIO

CAPÍTULO I
Porque a Necessidade de um Ministério Eclesiástico

A autoridade civil, como a autoridade eclesiástica e, conseqüentemente, toda a economia do santo ministério tornaram-se necessárias por causa do pecado original.

Se Adão não tivesse pecado, a Humanidade fiel a Deus teria gozado de felicidade tão grande que maior não haveria, senão a felicidade da vida eterna.

O homem submisso a Deus teria haurido diretamente Dele a vida da graça, não teria havido necessidade de guia para encontrar Deus e, com Sua santa e divina graça, teria podido ir a Ele sem tropeços e vacilações.

Mas a Humanidade não se encontra mais nesse estado; o pecado penetrou no mundo e transformou de maneira espantosa todas as condições em que ele foi criado.

Para defender-nos contra os maus, quis Deus que na sociedade houvesse a autori-dade civil. Para reconduzir-nos ao bem e à vida eterna, Deus desejou uma autoridade eclesiástica, um ministério eclesiástico. Deus quis que Suas graças alcancem os homens por meios proporcionados à indigência de criaturas decaídas que são.

Esquecendo o que devia a Deus, aprouve Adão obedecer a Eva, assim como Eva aprouve obedecer a Satã; e Deus, querendo que o remédio correspondesse à natureza da falta, achou bom então que o homem fosse submisso a uma migalha de pão, a uma gota d’água.

Deus, portanto, humilhou sua criatura orgulhosa e isto é a razão de ser de nosso ministério: para sermos ministros da salvação dos homens, somos ministros da humilhação dos homens.

Estas considerações devem humilhar-nos profundamente, se tivermos sensibilidade para perceber a profundidade da queda e a natureza verdadeira dos remédios de que somos os ministros, e, portanto, a verdadeira natureza de nosso ministério.

Mas não temos por que nos gloriar da autoridade que Deus nos deu, pois que esta autoridade é uma prova sempre manifesta, um testemunho sempre irrecusável da queda da humanidade, de nossa própria queda com ela e nela. Pecadores que somos, temos dupla obrigação: de converter-nos e de trabalhar para converter os outros.

A primeira dessas obrigações está acima das forças humanas. Que diremos e que faremos, então, nós, que além dessa temos ainda o encargo da segunda obrigação?

A condição atual da humanidade, depois da queda original, eis a razão do ministério eclesiástico.

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ANDRÉ, Dom Emmanuel Marie. Tratado do Ministério Eclesiástico.

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