18 de dezembro de 2010

Sacerdote Eternamente - Parte 5

SACERDOTE ETERNAMENTE
Dom Emmanuel Marie André

LIVRO PRIMEIRO
NATUREZA DO MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO

CAPÍTULO V
Primeira Função do Ministério: A Oração

Nosso Senhor ensina que é preciso rezar sempre, (Luc. XVIII, 1).

O cumprimento desse preceito, tomado ao pé da letra, seria impossível para nós: eis porque os Santos Padres o explicara como tendo o sentido de que é preciso rezar com bastante freqüência para que a alma esteja continuamente sob a ação, sob a proteção da oração feita precedentemente (2).

Para esse fim, o Espírito Santo inspirou à Igreja a fixação das horas de oração, e se tem considerado como estando em permanente oração aqueles que rezam fielmente nos tempos prescritos para oração, nas horas fixadas, ou melhor, nas "horas canônicas". Reza sempre aquele que não deixa de rezar nos tempos determinados, dizia Beda, o Venerável.

Essas "horas" são bem conhecidas.

Os Apóstolos deram o exemplo da oração feita nas "horas canônica".

Pelo meio da noite, Paulo e Silas rezando louvavam a Deus e eram ouvidos pelos que estavam na prisão - At. XVI, 25. Era uma oração vocal, pois que era ouvida pelos que estavam presos com os Apóstolos.

No dia de Pentecostes, a Igreja nascente estava reunida para a oração de terça, quando veio o Espírito Santo: Estavam todos então reunidos... na hora de terça do dia - At. II, 1-15.

São Pedro e São João sobem ao Templo para a oração da hora Nona (Atos III, 1): Esta palavra é especialmente digna de nota: os Apóstolos tinham horas determinadas para rezar. "Nona" era uma dessas horas.

O centurião Cornélio, mesmo antes de ser cristão, rezava a hora de Nona, e foi então que recebeu a visita do anjo que o encaminhou a São Pedro.

Estavam rezando, em minha casa na hora Nona - At. X, 30.

A tradição da Igreja é constante quanto a este ponto tão importante da oração nas "horas canônicas". Os exemplos dos santos são idênticos em todos os séculos: vemos que todos sempre fazem da oração nas "horas canônicas" o seu primeiro dever. São Pedro dizia: Não é justo que descuidemos da palavra de Deus, para servir às mesas - At. VI, 2; ensinando assim que não se deve sacrificar a pregação em favor de uma obra exterior de caridade; nem tão pouco, admitira ele que se sacrificasse a oração, pois a esta dava proeminência sobre todas as coisas, conforme se desprende das seguintes palavras já citadas: Nós devemos ser constantes na oração e no ministério do Verbo (At. VI, 4).


(2): E essa é a razão da oração: Sempre conosco permaneça o auxílio divino, que recitamos no final de todas as Horas Canônicas, almejando e pedindo que depois de terminada a Oração Canônica não nos falte, um só instante, a proteção de Deus, a assistência de sua graça, até que uma nova oração nos ponha novamente sob a ação imediata de se estar rezando.


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ANDRÉ, Dom Emmanuel Marie. Tratado do Ministério Eclesiástico.

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