19 de dezembro de 2010

Sacerdote Eternamente - Parte 6

SACERDOTE ETERNAMENTE
Dom Emmanuel Marie André

LIVRO PRIMEIRO
NATUREZA DO MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO

CAPÍTULO VI
Segunda função do Ministério: A Pregação

A pregação da palavra de Deus não é obra humana. A ciência por maior que seja, a eloqüência por mais poderosa que seja, não são a pregação da palavra de Deus.

A ciência pode ser útil, a eloqüência pode ser útil; mas na pregação da palavra de Deus há mais que ciência e há algo melhor que eloqüência.

Note-se bem esta expressão: palavra de Deus. Para pronunciar-se essa palavra é preciso tê-la recebido: e se é verdade que ela se recebe da Igreja, não é menos verdade que ela se torna palavra de vida, graças ao Espírito de Deus infundido em nós na oração.

A palavra que temos de pregar deve, pois, vir de Deus e além disso é preciso que ela seja anunciada pelo  Espírito de Deus. Em Pentecostes é que os Apóstolos pregaram pela primeira vez. Foram repletos do Espírito Santo e começaram a falar - At. II, 4.

Há, pois, uma distância infinita entre nosso ensino dos ensinamentos humanos. Os homens anunciam a palavra do homem, nós a palavra de Deus; os homens falam com seu espírito, a nós é dado o Espírito de Deus; os homens querem comunicar a ciência a quem os escuta, nós a fé. Que diferença!

Ora, como para propagar a ciência é necessário possuir-se a ciência; assim também para gerar a fé nas almas é preciso estar-se pessoalmente imbuído da fé. A palavra que nós anunciamos deve ser a própria palavra da fé, diz São Paulo (Rom. X, 8) e a fé vem pelo que é ouvido - (Rom. X, 17).

Nós, portanto, não somos professores de religião; somos instrumentos de Deus para fazer que a fé penetre nas almas: (como se Deus exortasse por nós), diz ainda São Paulo (IICor. V, 20).

Precisamos, pois: não somente pedir a Deus pela oração que nossa palavra seja realmente sua palavra; não somente estar repletos do Espírito de Deus para anunciar a divina palavra. Precisamos, - bem sabendo que nessa atemorizante função executamos uma obra inteiramente divina -, ser humildes, piedosos, suplicantes, despojados não só de nós mesmos como também despojados de alguma forma de toda nossa humanidade, afim de que nossa obra seja verdadeiramente a obra de Deus e faça brotar a fé em quem nos ouvir . A obra de Deus consiste em que creais (Jo. VI, 29). (3)

(3): Aqui o Pe. Emmanuel para completar seu pensamento cita o seguinte texto de São Paulo (IICor. IV, 13): "Possuindo esse mesmo espírito de fé segundo está escrito: 'Eu cri, por isso falei'; nós também cremos e por isso, falamos". Em seguida ele adverte, em conformidade com outros textos (IITess. III, 12-At. XIII, 48), que nós não conseguiremos abrir à fé todas as almas.

---
ANDRÉ, Dom Emmanuel Marie. Tratado do Ministério Eclesiástico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.