SACERDOTE ETERNAMENTE
Dom Emmanuel Marie André
LIVRO PRIMEIRO
NATUREZA DO MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO
CAPÍTULO VII
Terceira função do Ministério: Os Sacramentos
Após ter rezado e pregado, o homem de Deus, (ITim. VI, 11), - vendo que a fé nasceu na alma de seus ouvintes e nela opera as obras necessárias à justificação -, ministrará então os sacramentos.
Os sacramentos que conferem tantas graças, não dão as disposições necessárias para recebê-los. Eis aí um ponto capital da doutrina cristã: e isto mostra quanto se enganam os que crêem que tudo está salvo quando se recebe os sacramentos.
Os sacramentos são sinais visíveis de graças invisíveis; e o padre que administra os sacramentos, além de estar atento ao rito exterior, deve aplicar-se interiormente em pedir a graça interior: ele deve agir em comunhão com Deus que concede a graça (4), com Nosso Senhor Jesus Cristo que a mereceu (5), e com a alma que a recebe (6).
Não há nada na religião que seja puramente exterior. Deus é Espírito, e tudo o que vem Dele, como tudo o que vai para Ele, deve ser Espírito.
Nós somos corpo e alma; Nosso Senhor é Deus e homem; os sacramentos têm matéria e forma: em tudo isso há harmonia entre os dois termos. Seria perturbar essa harmonia esquecer-se ou omitir-se em nossa Religião qualquer das coisas que Deus quis que nela fossem guardadas.
O homem que esquecesse sua alma para apenas dar atenção a seu corpo; o homem em que Nosso Senhor não visse senão sua humanidade, imitando por assim dizer os Antigos Antropomorfitas; o padre que nos sacramentos tão somente considerasse o rito exterior, estariam uns e outros fora da Verdade. Ora, só a Verdade salva: a Verdade nos libertará - Jo. VIII, 32.
(4): Adorar a caridade de Deus, que desejou a salvação dos filhos de Adão, por gratuita misericórdia.
(5): Adorar a caridade do Filho de Deus que se fez vítima por nós.
(6): Ver o estado interior da alma perante Deus e almejar-lhe a graça.
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ANDRÉ, Dom Emmanuel Marie. Tratado do Ministério Eclesiástico.
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