16 de dezembro de 2010

16 de dezembro: Santo Eusébio de Vercelli, Bispo e Mártir

Eusébio, natural da Sardenha, primeiramente Leitor da cidade de Roma, depois bispo de Vercelli, Igreja para cuja regência, crê-se, foi eleito pela divina providência, pois era desconhecido de todos os eleitores antes da eleição, e, com a aprovação dos concidadãos, foi eleito assim que foi visto. Pela primeira vez no Ocidente, ele instituiu, naquela mesma Igreja, uma ordem de clérigos regulares, combinando o desprezo do mundo da vida monástica com o cuidado pastoral. Estando aquela peste das blasfêmias arianas amplamente disseminada pelo Ocidente, lutou tão virilmente contra ela que deu novas forças ao Sumo Pontífice Libério. Este, conhecendo ferver em Eusébio o Espírito de Deus, pediu-lhe que fosse com seus legados defender a fé junto do imperador, e assim foi o Santo até Constâncio. Com sua força, conseguiu dele aquilo que a legação requeria: a permissão para realizar um concílio episcopal.

No ano seguinte, o Concílio deu-se em Milão, e Eusébio, por convite do imperador, e por desejo e ordem dos legados papais, esteve presente. Aí os arianos, reunidos numa verdadeira sinagoga de Satanás, e todos urrando furiosamente contra Santo Atanásio, conheceram Eusébio como um dos inimigos mais duros do seu partido. Tão logo ele entrou no Concílio, fez um longo discurso, no qual disse que, visto que, daqueles que ali se reuniam, alguns eram notoriamente sujos de heresia, propunha que todos primeiro subscrevessem o Credo Niceno, antes de proceder a qualquer outro assunto. Os arianos, numa violenta paixão, recusaram, e ele, por sua parte, recusou-se a assinar qualquer processo contra Atanásio, assim como, com muito tato, conseguiu a retirada da assinatura do mártir São Dionísio, bispo de Milão, que eles haviam, com mentiras, conseguido, aproveitando-se da simplicidade desse. Os arianos ficaram, então, muito indignados, e, após muitas perseguições, conseguiram um decreto de exílio para Eusébio. O Santo sacodiu a poeira dos seus pés contra eles, e, desafiando também as ameaças do césar e as injúrias do exército, aceitou a sentença como uma das dignidades do seu ofício. Foi mandado a Bet She'an, sofrendo fome, sede, agressões, e todas as formas de violência, mas, por amor da fé, ele desprezou a sua vida, e não temeu amorte, mas entregou livremente o corpo aos carnífices.

De lá, escreveu uma carta solene ao clero e ao povo de Vercelli e vizinhanças, cheia de constância, devoção e piedade, descrevendo as terríveis crueldades e vergonhosa violência dos arianos. Por essa carta, sabemos quão completamente eles fracassaram em pervertê-lo por suas ameaças e sua brutalidade desumana, ou em seduzi-lo, com sua sutizela viperina, a entrar para sua sociedade. Em consequência da sua resolução inabalável, ele foi mudado para a Capadócia, e, mais uma vez, para os desertos do Alto Egito. Sofreu exílio até a morte de Constâncio, após a qual ele pôde voltar para o seu rebanho. Antes, porém, ele esteve no Concílio de Alexandria, convocado para curar as feridas da Igreja, e, então, como habilidoso médico, ele procedeu por todas as privíncias do Oriente, fortalecendo os que estavam fracos na fé, e confirmando-os na doutrina cristã. Depois, com os mesmos resultados salutares, ele passou, pelo Ilírico, para a Itália, que, à sua chegada, tirou suas vestes de luto. Após o seu retorno, publicou uma versão corrigida dos Comentários de Orígenes sobre os Salmos, e também das obras de Eusébio da Cesareia, ambos traduzidos do grego para o latim. Por fim, notável por todos esses grandes feitos, ele passou para a coroa da glória, que não perece, prometida àqueles que sofrem pela verdade. Ele partiu da presente vida, em Vercelli, no reino de Valentiniano e Valente.

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