20 de janeiro de 2014

Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo - Oito Primeiros Dias do Advento - Meditação 7

MEDITAÇÃO VII.

DO QUANTO JESUS DESEJOU SOFRER POR NÓS.

Baptismo habeo baptizari; et quomodo
coarctor usque dum perficiatur!
Devo ser batizado com um batismo; e com
quanto ardor desejo que se cumpra!

I.
Jesus podia salvar-nos sem sofrer; mas não: quis abraçar uma vida de dores e de desprezos, sem nenhuma consolação terrestre, e uma morte amarga e desolada, unicamente para nos fazer compreender o amor que nos tinha e o desejo de ser amado por nós. Passou sua vida inteira suspirando pela hora de sua morte que desejava oferecer a Deus para obter-nos a salvação eterna; expressou esse desejo nas palavras Devo ser batizado com um batismo; e com quanto ardor desejo que se cumpra! Desejava ser batizado em seu próprio sangue, para lavar, não os seus pecados mas os nossos.
Ó amor infinito, infeliz quem vos não conhece e vos não ama!

II.
Esse mesmo desejo fez-lhe dizer depois na noite que pre-cedeu o dia de sua morte: Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco. — Demonstrou com essas palavras que o único desejo de sua vida tinha sido ver chegar o tempo de sua paixão e morte para provar ao homem o amor imenso que sempre tivera por ele.
Ó meu Jesus, desejais tanto o meu amor, que sofrestes a morte para obtê-lo! que poderia eu recusar a um Deus que me deu seu sangue e sua vida para ser amado por mim?

III.
Segundo observa S. Boaventura, é coisa espantosa ver um Deus sofrer por amor dos homens, mas o que é ainda mais espantoso, é que os homens não ardem em amor por esse Deus tão amante, depois de o verem sofrer tanto por eles, nas-cer criança e tremer de frio numa gruta, viver como um pobre operário numa oficina, morrer em fim como um criminoso numa cruz; não, não o amam... que digo? chegam até a desprezar o seu amor para se apegarem aos miseráveis prazeres da terra. Mas como é possível que Deus tenha tanto amor aos homens, e que os homens aliás tão reconhecidos para com as criaturas, sejam tão ingratos para com Deus?
Ah! meu Jesus, eu também fui do número desses miserá-veis ingratos? Como pusestes sofrer tanto por mim, prevendo as injúrias que vos iria fazer? Mas já que me tendes suportado até agora, e que quereis a minha salvação, dai-me agora uma grande dor dos meus pecados, uma dor que iguale a minha ingratidão. Senhor, odeio e detesto os desgostos que vos causei; se no passado desprezei a vossa graça, agora a aprecio mais do que todos os reinos da terra. Amo-vos de toda a minha alma, ó Deus digno de amor infinito, e desejo viver unicamente para amar-vos. Dai-me mais chamas, dai-me mais amor. Lem-brai-me sempre o amor que me tivestes, a fim que meu cora-ção arda sem cessar de amor por vós, como o vosso arde de amor por mim. — Ó Coração de Maria, abrasai de santo amor o meu pobre coração.

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