MEDITAÇÃO VI.
JESUS EM NAZARÉ.
Chegando na Palestina, S. José soube que Arquelau rei-nava na Judéia em lugar de seu pai Herodes; eis por que te-meu lá ficar, e, avisado em sonho, foi a Nazaré, cidade da Galiléia, onde se estabeleceu numa pobre casa. — Ó feliz casa de Nazaré, eu te saúdo e venero: virá um tempo em que serás visitada pelos maiores personagens da terra; e quando os piedosos peregrinos se virem entre os teus muros, não se cansarão de derramar lágrimas de enternecimento, pensando que o Rei do céu aí passou quase toda a sua vida.
É nessa habitação que o Verbo encarnado passou o resto de sua infância e toda a sua mocidade; e como viveu lá? viveu pobre e desprezado dos homens, exercendo o ofício dum simples operário, e obedecendo a Maria e a José! Oh! que tocante espetáculo: ver o Filho de Deus vivendo como servo nessa pobre morada! ora baldeia água; ora abre ou fecha a oficina; ora varre a casa; ora ajunta a lenha para o fogo; ora fatiga-se ajudando a José em seu trabalho. Ó prodígio! Ó pensamento que deveria consumir-nos de amor para com um Redentor, que se reduziu a tais abaixamentos para se fazer amar por nós!
Adoremos todas essas ações servis de Jesus, que eram todas divinas. Adoremos sobretudo a vida humilde e oculta que Jesus levou na casa de Nazaré. — Ó homens soberbos, como podeis desejar aparecer e ser honrados, vendo o vosso Deus viver pobre, oculto, desconhecido, durante trinta anos, a fim de nos inspirar o amor do retiro e duma vida humilde e obscura?
Afetos e Súplicas.
Ó adorável Menino, vejo-vos trabalhar e suar como o último dos operários nessa pobre oficina; é por mim, bem o sei, que vos abaixais e vos fatigais assim. Assim como empregastes toda a vossa vida por meu amor, fazei, meu amado Senhor, que por minha vez eu empregue por vosso amor todo o resto da minha vida. Não olheis para a minha vida passada, que foi uma vida de desordens, uma vida de pecados, e é para mim e para vós motivo de dores e lágrimas. Ah! permiti que doravante eu trabalhe e sofra em união convosco para morrer depois convosco no Calvário, completamente resignado à morte que me haveis destinado. Meu caro Jesus, ó meu amor, não permitais vos deixe e abandone ainda, como fiz no passado. Vós, meu Deus, vivestes oculto, desconhecido, desprezado; suportastes, num lar pobre, todas as privações da pobreza! e eu, vil verme, tenho procurado as honras e os prazeres, e, por essas vaidades, ah! me tenho separado de vós, que sois o bem supremo! Ah! não seja mais assim, meu Jesus, amo-vos, e porque vos amo, não quero mais separar-me de vós. Renuncio a tudo para me unir a vós, meu Salvador oculto e desconhecido. A vossa graça me faz mais feliz do que todas as vaidades e todos os gozos terrestres, pelos quais tive a infelicidade de vos deixar. — Padre eterno, pelos méritos de Jesus Cristo, uni-me estreitamente a vós pelo dom do vosso santo amor.
Santíssima Virgem, fostes feliz de partilhar as privações e a obscuridade de Jesus, e de vos tornar semelhante a esse caro Filho! Minha Mãe, fazei que também eu, ao menos no tempo que me resta de vida, me torne semelhante a vós e a meu Redentor.
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