29 de janeiro de 2014

XXIX de Janeiro. Festa de São Francisco de Sales.

Dilectus Deo et hominibus..., cuius memoria in benedictione est — “Amado de Deus e dos homens, cuja memória está em benção” (Eccli. 45, 1).

Sumário. Foi tão grande a deste Santo, que não se cansava de agradecer ao Senhor o tê-lo feito filho da Igreja Católica. Grande foi também a sua esperança, e por isso estava sempre com semblante sereno, mesmo entre os maiores perigos. Mas, sobretudo foi ardentíssima a sua caridade, vivendo sempre desprendido de todas as criaturas, a fim de ser todo de Deus. Alegremo-nos com o santo Doutor, demos graças a Deus pelo haver enriquecido de tantas virtudes e esforcemo-nos por imitá-lo.

I. Grande foi a de São Francisco de Sales. A beleza da Revelação arrebatava-o de tal modo, que não podia deixar de exclamar: “Ó Deus! A beleza de nossa santa Fé é tão encantadora, que quase me faz morrer de amor. Quer me parecer que devo encerrar este dom tão precioso de Deus dentro de um coração todo perfumado de devoção.” — Não se fartava de agradecer a Deus o tê-lo feito nascer na Igreja Católica. “Ó Deus de bondade”, dizia, “são grandes os benefícios que tenho que Vos agradecer; mas como Vos poderei render bastantes graças por me haverdes iluminado com a luz da santa Fé?” Declarou que, embora tivesse tratado constantemente com hereges, nunca duvidou da verdade da Fé católica. — Quem ama a Deus, não tem dúvidas sobre a fé; duvida somente aquele que não vive segundo os ensinamentos da Fé.

Grande foi também a esperança de São Francisco. Estava certo de que Deus sempre vela pelo nosso bem, e por isso tinha sempre o semblante sereno, até no meio dos perigos mais graves. Quaisquer que fossem os obstáculos que se lhe apresentavam para estorvar o que empreendia para glória de Deus, nunca vacilou em sua confiança. — Recomendava a mesma confiança aos outros. A uma alma tímida disse o Santo certo dia: “Desejas ser toda de Deus? Porque então temes por causa da tua fraqueza? Tens confiança em Deus? E quem ficou jamais confuso tendo confiado em Deus? Fora com os teus temores!” Quem ama muito a Deus, confia muito n'Ele. O amor expulsa o temor.

II. Grande foi o amor de São Francisco para com Deus. Só o temor, que o assaltou na sua mocidade, de não poder amar a Deus na eternidade, quase que lhe tirou a vida e lhe arruinou a saúde. O amor inspirou-lhe a coragem para se expor tantas vezes ao perigo de morte. Tinha tamanho cuidado em expulsar do coração todo o afeto que não fosse para Deus, que chegou a dizer: “Se eu soubesse que em meu coração havia um só afeto que não é de Deus e para Deus, arrancara-o logo.” O Santo sempre aspirava ao puro amor de Deus. Dizia: “Antes quisera não ser nada, do que não ser todo de Deus.” Escreveu a uma pessoa: “O meu coração está repleto de um desejo infinito de ser sacrificado para sempre ao puro amor do meu Salvador.”

Quão terno foi o seu afeto especialmente para com Jesus Cristo, bem o explicou quando escreveu: “Contemplemos o nosso divino Salvador estendido sobre a cruz, onde morre por nosso amor. Ah! Porque não nos lançamos sobre Ele, a fim de morrermos com Ele sobre a cruz, já que nela quis morrer por nosso amor? Segurá-Lo-ei e nunca mais O largarei. Morrerei com Ele, consumido nas chamas de seu amor. Um mesmo fogo consumirá o divino Criador e a sua criatura. Viverei e morrerei sobre o seu peito; nem a vida nem a morte poderá jamais separar-me d'Ele.”

Ó meu Santo, já que estais no céu amando a vosso Jesus face a face, impetrai-me a graça de O amar assim como vós O amastes na terra. — “E Vós, ó meu Deus, que para salvação das almas dispusestes que o Beato Francisco, vosso confessor e bispo, se fizesse tudo para todos; concedei-me, eu Vo-lo suplico, que, cheio da doçura de vosso amor, guiado pelos seus ensinamentos e ajudado pela sua intercessão, consiga a salvação eterna.” (1) Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria. (*II 470.)

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1. Or. Festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 436 - 438)

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