23 de novembro de 2013

Sermão 26º Domingo depois de Pentecostes (6º Domingo depois da Epifania) Padre Daniel Pinheiro IBP.

[Sermão] As notas da verdadeira Igreja de Cristo: una, santa, católica, apostólica

Sermão para o 26º Domingo depois de Pentecostes
(6º Domingo depois da Epifania transferido)
Padre Daniel Pinheiro


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…

Peço as orações de todos pelo avanço e desenvolvimento do apostolado e pelos bons frutos dele, que são, antes de tudo, a nossa santificação.
“O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo.”
Caros católicos, NS, ao fundar a sua Igreja, nos dá também a possibilidade e os meios de conhecer qual é essa Igreja que ele fundou, a fim de evitarmos o erro. Nada mais conveniente, pois se devemos estar na Igreja de Cristo para alcançar a salvação, é preciso ter meios relativamente fáceis para reconhecer qual é essa Igreja. Assim, podemos reconhecer a Igreja de Cristo porque Ele a fundou sobre Pedro e seus sucessores: Tu és Pedro e sobre essa Pedra edificarei a minha Igreja. E sabemos que a única Igreja fundada sobre Pedro é a Católica Apostólica Romana.  É possível também reconhecer qual a Igreja de Cristo pela história dela, maravilhosa, repleta de milagres, com um desenvolvimento sobrenatural e que vem desde o tempo de Cristo. Apenas uma Igreja possui tal história e dá um testemunho pela sua própria existência: a Igreja Católica Apostólica Romana. Como é que se pode cogitar que uma Igreja fundada no século XVI, como a luterana, a calvinista e tantas outras sejam a verdadeira Igreja de Cristo? Onde estaria a fidelidade de Cristo à sua promessa de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos? O que dizer, então, das seitas fundadas em qualquer esquina em nossos tempos? Basta um pouco de bom senso e de perspicácia para perceber que a Igreja de Cristo não está aí. Portanto, podemos saber onde está a Igreja de Cristo ao sabermos onde está o sucessor de Pedro. Podemos saber qual a Igreja de Cristo a partir do próprio testemunho extraordinário que dá a Igreja Católica com sua história.
Além desses meios para se reconhecer a verdadeira Igreja de Cristo, temos ainda um outro meio valioso e límpido. Ao fundar a sua Igreja, NS atribui a ela certas características necessárias e visíveis pelas quais ela pode ser reconhecida por aqueles que realmente buscam servi-lo e pelas quais a verdadeira Igreja de Cristo pode ser diferenciada das falsas igrejas. São, portanto, características necessárias, visíveis, facilmente reconhecíveis. As quatro só se encontram ao mesmo tempo na verdadeira Igreja de Cristo. Essas características, que chamamos de notas, porque elas nos fazem notar, conhecer a Igreja de Cristo, são quatro. Nós cantamos e confessamos essas quatro notas todos os domingos no Credo: unam, sanctam, catholicam, et apostolicam. A Igreja fundada por Cristo é necessariamente una, santa, católica e apostólica. Nós sabemos disso ao considerarmos as Sagradas Escrituras. Poderíamos abundar as citações para cada uma das notas da Igreja. Façamos algo mais breve um pouco. A Igreja é una. NS reza eficazmente para que haja unidade em sua Igreja, isto é, para que haja unidade de governo, unidade de fé, unidade de culto nos sacramentos. São Paulo afirma: uma só fé, um só batismo, um só Deus. A Igreja é santa: diz São Paulo que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la… para prepará-la como uma esposa sem ruga e sem mancha, mas santa e imaculada (Efesios 5, 26). A Igreja é apostólica: foi aos apóstolos e seus sucessores que NS deu o poder de ligar e desligar, em particular, foi a São Pedro que foi dado o poder supremo de ligar e desligar. NS diz aos apóstolos: aquele que vos ouve, a mim ouve e aquele que vos despreza, a mim despreza. A Igreja fundada por Cristo é católica, isto é, universal: NS manda os apóstolos ensinarem todos os povos e batizá-los. É essa nota de catolicidade que NS expressa hoje no Evangelho, com o grão de mostarda que cresce e com o fermento que fermenta toda a massa.
Se considerarmos essas quatro notas, veremos que elas só estão realmente presentes na Igreja Católica Apostólica Romana. A Igreja Católica possui a unidade de fé, de governo e de culto, com os sete sacramentos. Ela forma verdadeiramente um só corpo. Se considerarmos os protestantes, quanta divisão no governo, nas crenças, nos ritos. Cada uma tem seu pequeno papa, cada uma tem sua interpretação particular da Sagrada Escritura, cada uma decide quais ritos devem existir ou não. Se consideramos cada seita protestante em particular, poderá haver certa unidade, mas faltará certamente a catolicidade, a universalidade, pois são restritas demais no espaço e no tempo. O mesmo vale para os orientais cismáticos. Não há a menor unidade entre eles, cada um desses grupos sendo independente, e discordando em muitos pontos da fé entre si. Se considerarmos cada grupo separadamente, haverá certa unidade, mas faltará certamente a catolicidade, sendo extremamente restritas geograficamente.
A Igreja Católica é santa. Já tratamos disso pormenorizadamente faz algo em torno de um ano. A santidade da Igreja não significa que todos os seus membros são santos, mas significa que ela foi fundada pela santidade em pessoa, que é Cristo, homem e Deus. Isso significa que a finalidade dela é a santidade e que ela dispõe dos meios para isso, com a doutrina revelada por Cristo e com os sete sacramentos. E, de fato, na Igreja muitos são santos e muitos alcançam a santidade em grau heroico. Se consideramos os protestantes, seus fundadores têm, em geral, uma vida péssima. Lutero, por exemplo, era ímpio na conduta, desbocado no falar e escrever, dado à gula etc… Henrique VIII, rei da Inglaterra fundador do Anglicanismo separou-se da Igreja para poder casar novamente e, não satisfeito, depois casou mais algumas vezes, mandou matar vários eclesiásticos e civis que não concordavam com suas ideias e atitudes.  Os protestantes não têm meios de santificação, pois recusaram diversos sacramentos, sobretudo a Eucaristia e Santa Missa. A doutrina protestante por si mesma impede a santificação, pois diz que o homem foi de tal modo corrompido pelo pecado original que já não pode fazer um ato bom, tudo é pecado. Assim, a salvação se faz porque Deus imputa a justiça a alguém, considerando a pessoa justa, apesar de ela não o ser realmente. A doutrina protestante ao negar a necessidade das boas obras não pode levar à santidade. Isso levará Lutero a dizer: Sê pecador e peca, mas confia ainda mais fortemente. Dizia também: nenhum pecado pode condenar o homem, só a incredulidade. As igrejas ortodoxas, cismáticas, também não apresentaram ao longo da história casos de santidade, em particular de santidade admirável. Em grande parte, dadas as condições do clero que está submisso ao poder civil, herança do velho cesaropapismo oriental e que muitas vezes deve cuidar mais da família do que das almas, pois não há a obrigação disciplinar do celibato.
A Igreja Católica é apostólica porque foi fundada sobre os apóstolos e sobre a pregação deles e é governada pelos sucessores deles, os bispos, que sem interrupção e sem alteração continuam a transmitir a doutrina dos apóstolos. E dentre os apóstolos, o fundamento é Pedro, o chefe visível da Igreja, que é sucedido pelo Papa. Ora, é evidente que os protestantes não possuem apostolicidade. Só o surgimento 1500 anos depois de Cristo e dos apóstolos já impede a apostolicidade. Não pode vir dos apóstolos, sem interrupção, algo que é fundado 1500 anos depois. Também não existe hierarquia sagrada entre os protestantes, todos são iguais, não existe sacerdócio, não existem sucessores dos apóstolos. Como acreditar que vem de Cristo e dos apóstolos algo que surge depois de 1500 anos? Os ortodoxos, cismáticos, possuem verdadeiros padres e verdadeiros bispos, mas que se separaram do fundamento que é Pedro e seus sucessores os Papas. Ao se separarem do Papa perderam a legítima e autêntica apostolicidade.
A Igreja Católica é católica, universal. Tanto é assim que ela é muitas vezes designada simplesmente como católica justamente.  A Igreja Católica é católica porque foi instituída para que todos os homens possam fazer parte dela, independentemente de idade, sexo, raça, origem, etc. Basta ser batizado, ter a fé, se submeter ao Papa e não ser excluído da Igreja por alguma sanção para fazer parte dela. A Igreja se dirige a todos os homens, sem exceção, não para aceitá-los como eles são, mas para convertê-los. A Igreja é católica, universal, também de fato, espalhada por todo o orbe terrestre e sempre missionária, como falamos faz algumas semanas. É evidente que a universalidade de fato não podia existir no início, em que a Igreja era como um grão de mostarda, mas passou a existir rapidamente, a ponto de tornar-se um arbusto em que os homens podem encontrar sua verdadeira morada aqui na terra, antecipação da pátria celestial. Os protestantes não são católicos, dividindo-se em milhares de confissões, cada uma tem um alcance bem restrito. Não são católicos os cismáticos orientais, os ortodoxos, pois são igrejas antes de tudo nacionais.
Portanto, caros católicos, é claro: só há uma Igreja una, santa, católica e apostólica. É a Santa Igreja Romana. Essas notas da Igreja permitem aos que procuram a Cristo com sinceridade encontrar rapidamente a Igreja que ele fundou. A Igreja Católica com esses atributos, apesar da crise que atravessa, é visível como a casa em cima do monte, como a candeia que ilumina a casa.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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