THESOURO DE PACIÊNCIA
DOS AÇOITES DO SENHOR
MEDITAÇÃO IV
Pondera, alma impaciente, como o Senhor Jesus está sofrendo os cruelíssimos açoites que descarregam sobre o seu delicado Corpo. Considera-te presente aquele horroroso e triste espetáculo, a que ouves o estrondo dos golpes e as palavras injuriosas dos verdugos: os circunstantes os animam, e pedem que mais cruelmente o firam: já vai faltando a força nos verdugos e muitos à competência se oferecem a continuar o tormento: só não ouvirás uma palavra de queixa da boca de teu Jesus. Ora, ainda que Jesus Cristo fosse um puro homem; e se achasse réu de enormes crimes e merecedor de tamanho castigo, ainda assim seria sumamente pasmosa a sua heroica paciência. Mas tu bem sabes que Ele está inocente. E não te confundes! Por mais que tu alegues a tua imaginada inocência, dize-me, meu filho, quão culpado estarás aos olhos de Deus? E sendo este senhor quem te manda justamente castigar, dize como tens boca para queixar-te? Um só pecado venial merece no Purgatório tormentos gravíssimos; tormentos dados pelas mãos dos demônios, que são pesadíssimas; tormentos que duram por muitos tempos. E se isto é só por um pecado leve, que castigo merecerão todos os delitos da tua vida? Logo, não são nada todos os trabalhos que padeces aqui, em comparação do que tu merecias. Cristão, que te queixas dos trabalhos que Deus te dá, toma bem sentido no que acabo de dizer, e responde-me: Ou isto é mentira, ou verdade? Se é mentira, neguemos a fé dos cristãos; se é verdade, calemo-nos, e ponhamos os olhos na inocência de Cristo e nas culpas que temos cometido.
JACULATÓRIA -
Ó Senhor, e que benigna é a vossa misericórdia, dando-me aqui castigo tão leve, quando no outro mundo o mereço tão grave!
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