Hospitalidade dos bárbaros para com os peregrinos.
As perseguições que padeciam em suas viagens aumentavam a reputação dos peregrinos e os recomendavam à veneração dos fiéis. O excesso de sua devoção inspirava-lhes muitas vezes o desprezo pelos perigos. A história cita um monge de nome Ricardo, abade de São Vitor, em Verdun, que, chegando ao país dos infiéis, parava à porta das cidades para celebrar a Santa Missa, expondo-se aos ultrajes e às violências dos muçulmanos; mas punha sua glória em sofrer toda sorte de males pela causa de Jesus Cristo.
O maior mérito aos olhos dos fiéis, depois do da peregrinação era devotar-se ao serviço dos peregrinos. Hospedarias eram construídas às margens dos rios, no alto dos montes, no meio das cidades, nos desertos, para receber, esses viajantes. Desde o século IX os peregrinos que vinham da Borgonha para a
Itália eram recebidos num mosteiro construído sobre o monte Cenísio. No século seguinte dois mosteiros, onde se recebiam esses viajantes desgarrados, substituíram os templos dos ídolos nos montes Joux, que desde então perderam o nome que haviam recebido do paganismo e tomaram o do piedoso fundador, São Bernardo de Menton. Os cristãos que partiam para a Judéia encontravam na fronteira da Hungria e nas províncias da Ásia Menor um grande número desses abrigos fundados pela caridade.
Cristãos estabelecidos em Jerusalém e em várias cidades da Palestina precediam os peregrinos e expunham-se a mil perigos para conduzi-los em seu caminho. A Cidade Santa tinha hospedarias para receber a todos os viajantes. Num desses abrigos, as mulheres que faziam a viagem da Palestina eram recebidas por religiosas consagradas às práticas da caridade. Os negociantes de Amalfi, de Veneza, de Gênova, os mais ricos dentre os peregrinos, vários príncipes do Ocidente davam, com suas esmolas, o necessário para a manutenção dessas casas, abertas para os viajantes pobres. Todos os anos, monges do Oriente vinham à Europa recolher os tributos que lhes dava a piedade dos cristãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário