28 de março de 2015

Sermão para o 4º Domingo da Quaresma (Laetare) 15.03.2015 – Padre Daniel P Pinheiro

[Sermão] Jesus Cristo, a alegria dos homens

“Rejubila, Jerusalém, e vós todos que a amais.”
Caros católicos, falamos, nesses três domingos precedentes da Quaresma, de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vimos que ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Vimos que Ele nos ensinou uma doutrina celeste, perfeita, absolutamente necessária para a nossa salvação e, evidentemente, boa para nós. Nosso Senhor Jesus Cristo, por tudo o que é e por tudo o que fez e faz por nós é a nossa verdadeira alegria. Como já tivemos a oportunidade de dizer algumas vezes, a alegria de cada ser consiste em agir conforme a sua natureza. Assim, o cachorro é (sentimentalmente) feliz quando age como cachorro. O gato é (sentimentalmente) feliz quando age em conformidade com sua natureza de gato. Um microfone, se pudesse ser feliz, seria feliz ao transmitir o som em altura adequada para os ouvintes. Nós seres humanos somos felizes (espiritualmente, sobretudo) quando agimos como seres humanos. Agimos como seres humanos quando conhecemos a verdade, quando amamos a verdade e colocamos a verdade em prática. Somos seres dotados de inteligência e de vontade. Inteligência e vontade são a parte mais elevada do nosso ser. Portanto, somos felizes quando nossa inteligência conhece a verdade e quando nossa vontade ama a verdade, o bem verdadeiro. Somos felizes quando a inteligência iluminada pela verdade e a vontade inflamada pelo amor a essa verdade orientam os nossos sentimentos, o nosso corpo, toda a nossa vida. Ora, a verdade absoluta e o bem infinito são Deus, são Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a Verdade. Ele é o Bem. Portanto, devemos nos alegrar imensamente com Nosso Senhor Jesus Cristo.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor veio nos ensinar a Verdade. Ele veio nos falar da vida de Deus. Ele veio nos falar das perfeições de Deus. Ele veio nos ensinar a verdade, e somente ela pode nos salvar, somente ela pode ser para nós motivo perene de alegria. Ele veio também nos dar as graças para que possamos aderir à verdade que nos ensinou.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor Jesus Cristo veio nos trazer o amor à verdade, o amor ao bem verdadeiro, ele veio nos trazer o amor a Deus. Somente o amor a Deus pode nos fazer realmente felizes já nessa vida e plenamente felizes no céu, se nos salvarmos. Nosso Senhor nos mostrou como devemos amar a Deus: fazendo a vontade de Deus em todas as coisas. Ele veio nos trazer o amor por Deus mostrando a sua caridade para conosco, ao sofrer tanto para nos salvar. Deus amou tanto os homens que enviou seu próprio Filho para nos salvar.
Devemos nos alegrar, então, porque a segunda Pessoa da Santíssima Trindade dignou-se vir ao mundo para nos salvar. Deus não nos abandonou depois do pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva. Alegremo-nos porque Ele não nos abandonou depois de nossos pecados.
Devemos nos alegrar porque o Verbo feito carne veio nos salvar pregado numa cruz. Ele veio nos salvar sofrendo mais do que todos os homens juntos.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor é bom. Em todas as coisas, desde a sua encarnação até a sua ascensão, e agora no céu, Ele agiu e age par a glória de Deus e para o nosso bem: no seu nascimento em Belém, na sua apresentação no templo, na sua fuga para o Egito, na sua vida escondida em Nazaré, nos seus milagres, nos seus ensinamentos, nas suas ações.
Devemos nos alegrar porque Jesus é misericordioso. Ele quer nos tirar da miséria do pecado, Ele quer o nosso verdadeiro bem, que é nossa santificação. Devemos nos alegrar porque a misericórdia de Jesus é uma misericórdia diferente da misericórdia do mundo. A misericórdia do mundo deixa cada um nos seus erros e conforta cada um em seus erros e pecados. A misericórdia de Deus não é para nos deixar no pecado ou para no confortar no pecado. A misericórdia divina, paciente e bondosa, é para nos tirar do pecado, mostrando-nos a verdade.
Devemos nos alegrar porque Jesus Cristo nos dá as graças mais do que suficientes para que possamos resistir às tentações, para que não pequemos. Ele nos dá graças abundantes para que possamos viver uma vida virtuosa, uma vida de união a Deus, uma vida de imitação de Cristo.  Ele nos dá com generosidade essas graças que mereceu na Cruz. Devemos, porém, pedi-las.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor, em meio às maiores tribulações nossas, nos consola. Talvez não sensivelmente, mas nos consola, se recorremos a Ele, nos dando a força para perseverar no bem, para termos paciência nas provações, fazendo-nos pensar em tudo o que Ele sofreu por nós e fazendo-nos pensar na recompensa da vida eterna.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor fundou uma sociedade para continuar a sua obra ao longo dos séculos, até o fim dos séculos. Ele instituiu uma sociedade, que é a Igreja Católica, para assegurar a transmissão intacta dos seus ensinamentos. Ele instituiu nessa sociedade um poder de magistério que é infalível quando faz definições no campo da fé e da moral.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor nos deu os sacramentos. Ele instituiu na Igreja os canais pelos quais os frutos de sua paixão deveriam ser aplicados. Ele nos deu os sacramentos que nos acompanham ao longo de toda a nossa vida. Do batismo, em nosso nascimento, até à extrema-unção perto de nossa morte.
Devemos nos alegrar porque entre os sacramentos, Nosso Senhor, nos deixou a Eucaristia. Ele nos deixou seu próprio Corpo e seu próprio Sangue sob as aparências do pão e do vinho. Grande deve ser a nossa alegria por termos Jesus Cristo realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade nos tabernáculos de nossas Igrejas. Grande deve ser a alegria por poder nos alimentar espiritualmente, se estamos em estado de graça, do próprio Cristo Jesus.
Devemos nos alegrar porque Nosso Senhor nos deixou a Santa Missa, a renovação não sangrenta do único sacrifício da Cruz. É pela Missa que podemos adorar a Deus devidamente. É pela Missa que podemos agradecer a Deus devidamente. É pela Missa que podemos pedir com toda confiança as graças de que precisamos. É pela Missa que podemos pedir a Deus o arrependimento de nossos pecados. É pela Missa que poderemos fazer bem todas essas coisas em nosso quotidiano.
Poderíamos multiplicar muito mais, caros católicos, os motivos para nossa alegria em Nosso Senhor Jesus Cristo. Todavia, nesse tempo da Quaresma, alegremo-nos porque Nosso Senhor nos chama, de modo veemente, à conversão. Alegremo-nos e aproveitemos esse tempo de conversão e misericórdia para abandonarmos os nossos pecados, para travarmos uma luta firme, mas serena, contra os nossos vícios. Aproveitemos esse tempo para nos confessarmos com grande contrição, para crescermos no amor efetivo a Nosso Senhor, guardando as suas palavras e as colocando em prática.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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