MEDITAÇÃO XII
Para a 4.ª feira santa
Palavra de Jesus na cruz
1. Enquanto Jesus é ultrajado na cruz por aquela gente
bárbara, ele suplica por eles e diz: “Meu Pai, perdoai-lhes, porque
não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Ó Padre eterno, ouvi vosso Filho
bem amado, que, morrendo, vos roga que me perdoeis também a mim, que tantas vezes vos ofendi. Depois Jesus, voltando-se para o
bom ladrão que lhe pede perdão, diz: “Hoje estarás comigo no paraíso”
(Lc 23,46). Oh, como é verdade o que diz o Senhor por Ezequiel
que, quando um pecador se arrepende de suas culpas, ele se
esquece, por assim dizer, de todas as ofensas que lhe foram feitas:
“Se, porém, o ímpio fizer penitência... não me recordarei mais de todas
as suas iniqüidades” (Ez 18,21). Oh! se eu nunca vos tivesse
ofendido, ó meu Jesus; mas, visto que o mal está feito, esquecei-vos, eu vos
suplico, dos desgostos que vos dei e, por aquela morte tão cruel que
sofrestes por mim, levai-me ao vosso reino depois de minha morte e,
enquanto eu vivo, fazei que o vosso amor reine sempre em minha alma.
2. Jesus agonizando na cruz, com seus ombros dilacerados e sua alma sumamente aflita, procura quem o console. Olha para
Maria; mas essa mãe dolorosa mais o aflige com suas dores. Busca conforto junto de seu Pai; mas este, vendo-o coberto com
todos os pecados dos homens, também o abandona. Foi então que Jesus
deu um grande brado: “Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonais?” (Mt 27,46). Este abandono do Padre eterno fez que a morte de
Jesus fosse a mais amarga que jamais sofreu algum penitente ou
algum mártir, pois foi uma morte toda desolada e privada de
qualquer alívio.
Ó meu Jesus, como pude viver tanto tempo esquecido de vós?
Agradeço-vos o não vos terdes esquecido de mim. Eu vos suplico que me façais recordar sempre da morte cruel que suportastes por
meu amor, para que eu nunca mais me esqueça do amor que tendes
testemunhado.
3. Afinal, sabendo Jesus que seu sacrifício já estava
consumado, disse: “Tenho sede” (Jo 12,28). E aqueles carrascos lhe
puseram nos lábios uma esponja toda embebida no vinagre e fel. Mas,
Senhor, vós não vos queixais de tantas dores que vos roubam a vida e
agora vos queixais de sede? Ah, eu vos compreendo, meu Jesus, a vossa
sede é sede de amor; porque vós nos amais, desejais ser amado por
nós.
Ajudai-me, pois, a expelir do meu coração todos os afetos
que não são para vós: fazei que eu não ame outra coisa senão a vós e
nada mais deseje senão cumprir a vossa vontade. Ó vontade de
Deus, vós sois o meu amor. Ó Maria, minha Mãe, impetrai-me a graça de
não querer outra coisa senão o que Deus quer.
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