MEDITAÇÃO IV
Para a 3.ª feira da paixão
Jesus é conduzido a Pilatos e a Herodes e posposto a Barrabás
1. Chegada a manhã, conduzem Jesus a Pilatos, para que o
condene à morte. Pilatos, porém, descobre que Jesus é inocente e por isso diz aos judeus que não encontrava motivo para
condená-lo. Como, porém, os vê obstinados em querer a sua morte, o remete ao
tribunal de Herodes. Este, tendo diante de si Jesus, desejava vê-lo
operar um dos muitos milagres de que tanto falavam. O Senhor nem
sequer, porém, respondeu às interrogações daquele temerário. Pobre
da alma à qual Deus nada mais diz! Meu Redentor, era isso o que eu
merecia, por não haver obedecido a tantos chamados vossos. Mas, ó meu Jesus, vós não me haveis abandonado ainda. Falai-me, pois.
“Falai, Senhor, que vosso servo vos ouve”(1Rs 3,10), dizei-me o que
desejais de mim, que eu quero fazer tudo o que vos agradar.
2.Vendo Herodes que Jesus não lhe dava resposta, despeitado
o expulsou de sua casa, zombando dele com todo o pessoal de
sua corte, e para maior desprezo o revestiu com uma veste
branca, querendo assim designá-lo como louco, remetendo-o em seguida a
Pilatos (Lc 23,11). E assim é Jesus levado pelas ruas de Jerusalém,
revestido com aquela veste de escárnio. Ó meu Jesus desprezado, faltava-vos ainda essa injúria de ser tratado como louco! Ora, se a
sabedoria eterna é assim tratada pelo mundo, bem-aventurado é aquele
que não se importa com os aplausos do mundo e não quer saber de
outra coisa senão Jesus crucificado, amando as dores e desprezos,
exclamando com o Apóstolo:“Não julgueis saber coisa alguma no meio de vós, senão Jesus Cristo e este crucificado”(1Cor 2,2).
3. Os judeus tinham o direito de exigir do governador
romano, na festa da páscoa, a libertação de um réu. Por isso, Pilatos
perguntou ao povo qual dos dois queria, Jesus ou Barrabás (Mt 27,17).
Barrabás era um celerado, homicida, ladrão, odiado por todos. Jesus
era inocente. Os judeus, porém, gritam que viva Barrabás e morra
Jesus. Ah, meu Jesus, eu também assim falei quando deliberei
ofender-vos por uma satisfação qualquer, tendo preterido a vós qualquer
gosto miserável e para não perdê-lo não me importei com perder a
vós, bem infinito. Mas agora eu vos amo acima de qualquer outro
bem, mais que à minha vida. Tende piedade de mim, ó Deus de
misericórdia. E vós, ó Maria, sede minha advogada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário