22 de dezembro de 2013

Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo - Novena de Natal - Meditação 7

MEDITAÇÃO VII.

In propria venit, et sui eum non receperunt.

Veio para o que era seu, e os seu o não receberam (Jo 1,11).

Um dia, durante as festas do Natal, S. Francisco de Assis andava chorando e suspirando pelos caminhos e florestas, e parecia inconsolável. perguntaram-lhe a causa de sua dor e ele respondeu: “Como quereis que eu não chore, vendo que o a-mor não é amado? Vejo um Deus amar o homem até a loucura, e o homem ser tão ingrato a esse Deus!” Se a ingratidão dos homens afligia tanto o coração de S. Francisco, imaginemo-nos quanto mais afligiu o coração de Jesus Cristo.
Apenas concebido no seio de Maria, ele viu a cruel ingratidão, que devia receber dos homens. Viera do céu para acender na terra o fogo do amor divino; esse único motivo o levou a deixar-se imergir num abismo de dores e opróbrios: Vim trazer o fogo sobre a terra, e que quero senão que se inflame? e via um abismo de pecados que os homens iriam cometer depois de receberem tantas provas de seu amor! Eis, diz S. Bernardino de Sena, o que lhe causou uma dor infinita.
Nós mesmos sentimos pena insuportável vendo-nos trata-dos com ingratidão; é que, segundo a reflexão do bem-aventurado Simão de Cássia, muitas vezes a ingratidão aflige mais a nossa alma do que qualquer outra dor ao corpo. Qual não foi pois a dor de Jesus Cristo, nosso Deus, ao ver que cor-responderíamos a seus benefícios e amor com ofensas e injúrias! Ele se queixou pela boca de Davi: Deram-me males em troca de bens, e ódio em troca do amor que eu lhes tinha; mas também hoje em dia parece que Jesus Cristo se lamenta: Sou como um estranho no meio de meus irmãos, por ver um grande número deles viver sem o amar e sem o conhecer, como se os não houvera beneficiado, e como se nada houvera sofrido por amor deles. Ah! que caso fazem hoje muitos cristãos do amor de Jesus Cristo? Nosso Senhor apareceu um dia ao bem-aventurado Henrique Suso sob a forma dum peregrino a mendigar de porta em porta um abrigo; mas todos o repeliam injuriando-o grosseiramente. Quantos se parecem com aqueles de que falava Jó: Diziam a Deus: Retirai-vos de nós...; e isso de-pois que enchera suas casas de toda a sorte de bens.
No passado também nós fomos ingratos; queremos ainda continuar a sê-lo? Oh! não: esse amável Menino, que do céu veio sofrer e morrer por nós para obter o nosso amor, não merece tal ingratidão.
Afetos e Súplicas.
É pois verdade, meu Jesus, que descestes do céu para vos fazer amar de mim; viestes abraçar uma vida de penas e a morte da cruz por meu amor, a fim de abrir-vos a entrada do meu coração; e eu vos repeli tantas vezes dizendo: Recede a me, Domine: Retirai-vos de mim, Senhor; não vos quero! — Ah! se não fosseis um Deus de bondade infinita, e se não tivésseis dado a vossa vida para perdoar-me, não ousaria pedir-vos per-dão. Mas ouço que vós mesmo me ofereceis a paz: Converteis-vos a mim, dizeis, e eu me converterei a vós. Pois bem, meu Jesus, vós a quem ofendi, vos fazeis meu intercessor. Não quero pois fazer-vos ainda a injúria de desconfiar da vossa misericórdia. Arrependo-me de toda a minha alma de vos haver ofendido e desprezado, ó Bem supremo; recebei-me em vossa graça, conjuro-vos pelo sangue que derramastes por mim. Não, meu Redentor e meu Pai, não sou digno de ser chamado vosso filho, depois de haver tantas vezes renunciado ao vosso amor; mas vós com os vossos méritos me tornais digno dele. Agradeço-vos, meu Pai, agradeço-vos e amo-vos. Ah! já a lembrança da paciência com que me suportastes tantas anos e das graças que me prodigalizastes após tantos ultrajes da minha parte, deveria fazer-me arder sem cessar de amor por nós. Vinde, pois, meu Jesus, não quero mais repelir-vos; vinde habitar em meu pobre coração. Amo-vos e quero amar-vos sempre; infla-mai-me cada vez mais recordando-me sempre o amor que me tivestes.
Minha Rainha e minha Mãe, ajudai-me, pedi a Jesus por mim: fazei que durante o resto da minha vida, eu seja grato para com esse Deus que tanto me te amado mesmo depois de haver recebido de mim tantas ofensas.

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