14 de dezembro de 2013

Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo - Parte 2 - Meditação 17

MEDITAÇÃO XVII.

Orietur vobis Sol justitiae, et sanitas in pennis ejus.

Para vós nascerá o Sol da justiça, e estará a salvação sob as suas asas (Ml 4,2).

O Médico virá, diz o profeta, para curar os enfermos: virá com a pressa do pássaro que voa, ou do raio luminoso, que lançado pelo sol nascente, chega num instante a outro polo. Mas eis que já veio. Consolemo-nos e lhe rendamos graças.
Diz S. Agostinho que esse Médico celeste desceu até ao leito do enfermo; com outras palavras veio a tomar a nossa carne, pois o nosso corpo é como o leito de nossa alma enferma.
Os outros médicos, quando afeiçoados ao doente, envidam todos os esforços para curá-lo; mas haverá algum que, para curar o seu cliente, consinta em tomar para si a doença dele? Entre todos os médicos só Jesus Cristo se carregou das nossas enfermidades a fim de curar-nos: Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas fraquezas, diz Isaías, e ele mesmo carregou com as nossas dores. Não quis enviar nenhum outro para cumprir esse misericordioso ofício, veio em pessoa a fim de ganhar todo o nosso amor. Quis curar as nossas chagas com seu sangue, e livrar-nos com sua morte da morte eterna que merecíamos. Numa palavra, quis tomar o remédio amargo duma vida cheia de penas e duma morte dolorosa para restituir-nos a vida e livrar-nos de todos os males.
Nosso Senhor disse a S. Pedro: Não devo eu beber o cálice que meu Pai me deu? — Foi pois preciso que Jesus Cristo abraçasse tantas ignomínias para curar-nos do orgulho; que abraçasse uma vida tão pobre para curar-nos da cobiça; enfim que fosse imerso num oceano de amarguras e que morresse de pura dor para curar-nos da sede de prazeres sensuais.
Afetos e Súplicas.
Louvada e bendita seja para sempre a vossa caridade, ó meu Redentor! Ah! que seria de minha alma empobrecida, enferma e aflita por tantas chagas provenientes de meus peca-dos, se vos não tivesse, meu Jesus, que podeis e quereis curar-me? Ó sangue de meu Salvador, confio em vós; lavai-me e curai-me. Arrependo-me, meu Amor, de vos haver ofendido. Para me mostrardes o vosso amor abraçastes uma vida tão aflita e uma morte tão cruel! quisera também eu testemunhar-vos o meu amor; mas que posso fazer eu miserável, tão doente e fraco? Ó Deus de minha alma, vós podeis tudo; podeis curar-me e santificar-me; acendei em mim um vivo desejo de vos ser agradável. Renuncio a todas as satisfações para comprazer-vos, meu divino Redentor, que mereceis ser contentado a todo o custo! Ó soberano Bem, estimo-vos e amo-vos mais do que todos os bens; fazei que vos ame de todo o coração e que vos peça sempre o vosso santo amor. No passado vos ofendi e vos não amei porque não pedi vosso amor; hoje vo-lo peço e suplico-vos a graça de pedi-lo sempre; atendei-me pelos méritos de vossa paixão.
Ó Maria, minha Mãe, estais sempre pronta a atender a quem vos pede, amais os que vos amam; amo-vos, ó minha Rainha, obtende-me a graça de amar a Deus, não vos peço outra coisa.

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