27 de dezembro de 2013

Sermão para a Festa da Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo 25.12.2013 – Padre Daniel Pinheiro IBP

[Sermão] Natal: Temos o que admirar, o que amar e o que imitar no Presépio em Belém


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…


Um Santo e Feliz Natal a Todos.
“Nasceu-nos um Menino e foi-nos dado um Filho.”
Caros católicos, que grande dia de alegria, o dia em que nos nasceu um Menino e nos foi dado um Filho, para nos redimir, nos libertar da escravidão do pecado e nos alcançar graça diante Deus. Aquele que fora desejado por tantos milhares de anos nasceu no dia de hoje há mais de dois mil anos. É um dia de misericórdia, no qual devemos nos alegrar e pelo qual devemos agradecer muitíssimo a Deus. A misericórdia divina é tão marcante nesse dia que, tradicionalmente, cada sacerdote pode celebrar três Missas: a Missa ad primum cantum galli, a Missa ao primeiro canto do galo, tradicionalmente celebrada à meia-noite; a Missa da aurora, celebrada quando surgem os primeiros raios de sol; a Missa do Dia, que agora celebramos. Três Missas para mostrar a abundância da graça no dia em que o Verbo Encarnado nasceu. Três Missas para significar também as três gerações do Verbo, se assim podemos falar. A primeira geração desde toda a eternidade, antes do tempo, que é a geração da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade a partir do Pai. A geração no tempo do Verbo, nascido de Maria Virgem no estábulo em Belém. E, finalmente, a geração do Verbo em nossas almas pela graça, pelo abandono do pecado, para vivermos como imitadores de Cristo.
 São Paulo nos diz (Epístola da Missa) que Deus falou outrora de muitos modos e muitas vezes por meio dos profetas. Agora, nos fala por meio de seu Filho, em quem Ele colocou todas as suas complacências. Não contente de mostrar sua misericórdia e buscar a conversão dos homens por emissários, o próprio Filho de Deus, que é Deus, vem ao mundo.  E o Filho de Deus, o Menino Jesus, nos fala desde o seu nascimento na manjedoura em Belém, nos mostrando o que devemos fazer diante dela.
Diante do presépio, a divina criança nos indica aquilo que devemos admirar, ela indica aquilo que devemos amar e indica aquilo que devemos imitar. Como diz São Bernardo: no presépio, temos o que admirar, o que amar e o que imitar.
Temos o que admirar no presépio e, talvez, se compreendêssemos perfeitamente o que ocorre no presépio, morreríamos, com tamanha maravilha.  Davi se admirava e se espantava nos Salmos (8, 5) que Deus pudesse se lembrar do homem. Assim dizia o rei Davi: “Quem é o homem, para que Deus se lembre dele?” Qual não deve ser, portanto, a nossa admiração diante do Deus Encarnado, diante do Rei da glória, que se humilha tomando a nossa natureza, diante do divino Menino sujeito a todos os sofrimentos e a todas as nossas misérias, com exceção do pecado? Como não se admirar diante desse Menino Deus que sofre e chora? Criador de todas coisas, nascido num estábulo, envolto em pobres e grosseiros panos, reclinado onde os animais comem, com frio. Se temos fé e acreditamos naquilo que Deus nos revelou, como não se admirar diante de cena tão magnífica? Devemos nos admirar e considerar tão sublime cena, como o fizeram N. Sra., São José, os Anjos e os pastores. Sim, temos com o que nos admirar no presépio em Belém.
E considerando essa cena, perceberemos que temos nela o que amar e o que amar profundamente, com todas as nossas forças, com toda a nossa alma. Por que essa divina criança veio ao mundo? Porque Deus amou tanto os homens ao ponto de nos entregar seu próprio Filho. E como cantamos no Credo: ele veio propter nos homines et propter nostram salutem, ele veio por causa de nós homens e para nossa salvação. Assim, podemos realmente cantar como a Igreja manda: “Nasceu-nos um Menino e foi-nos dado um Filho” (Introito da Missa do Dia).  Ele nasceu para nós, para nos salvar. Foi-nos dado um Filho, que é o Filho de Deus. Como não amolecer o nosso coração diante do Deus que quis nascer criança, justamente para atrair o nosso amor, para nos converter a Ele? Como não tomar a resolução definitiva de conversão, de amar a Deus sobre todas as coisas, diante de tal amor? Como cantamos no tradicional cântico do Adeste Fideles: quem não ama em retorno um Deus que assim nos ama? Sim, no presépio em Belém temos o que amar. Ele veio para nós. Se queremos ser salvos, devemos recebê-lo em nossas almas e amá-lo, não com um vago sentimento, mas observando as suas palavras, observando os seus mandamentos. Contemplando deus que se fez visível, devemos elevar nosso coração para as coisas invisíveis, deixando de lado nosso apego a coisas tão pequenas que nos fazem ofender a Deus.
Se temos no presépio motivo para profunda admiração e motivo para amar a Deus sobre todas as coisas com toda as nossas forças e com toda a nossa alma, temos também o que imitar. No presépio, Nosso Senhor nos ensina o remédio para o orgulho, para os prazeres desordenados, para o apego aos bens desse mundo: os três maiores princípios dos pecados. Ele nos ensina a humildade contra o orgulho, a mortificação contra os prazeres desordenados, a pobreza contra o apego aos bens desse mundo. Jesus, antes de falar, já nos ensina. Vinde, católicos, vinde e vede e fazei conforme o exemplar que é mostrado, como diz a Sagrada Escritura (Ex. 25, 40).
Na gruta em Belém, apareceu a bondade e o amor do Salvador nosso Deus pelo homem e apareceu não por nossos méritos, mas por sua misericórdia. Esse acontecimento, aparentemente tão singelo, tão simplório, mudou completamente a história da humanidade. Esse acontecimento e suas consequências, culminando com a paixão, morte, ressurreição e ascensão de Cristo, é o centro da história. Quão vazia e tenebrosa seria a história da humanidade sem o nascimento de Cristo. Não teria havido os patriarcas, os profetas e tantos justos do Antigo Testamento. Não teria havido os santos, imitadores de Cristo, não teria havido tanta virtude e virtude em grau heroico. Não teria havido a Santa Igreja com sua celestial doutrina, com seus sacramentos e com todo o bem que fez e faz ao longo da história, tanto na ordem espiritual quanto material. Quão vazia e tenebrosa seria a história sem esse acontecimento aparentemente singelo e simplório na gruta de Belém.
Precisamos, porém, mudar também a nossa história particular, considerando e admirando o presépio em Belém. Devemos mudar nossa história deixando-nos inflamar de amor por um Deus que se fez homem por nós para nos salvar. Devemos mudar nossa história imitando Nosso Senhor Jesus Cristo. Peçamos a Maria Santíssima, verdadeira Mãe de Deus, que nos alcance de seu Filho, o Menino Jesus, o arrependimento de nossos pecados e a graça da verdadeira alegria no céu.
Feliz e Santo Natal a todos. Que o Menino Deus encha a nossa alma de alegria genuinamente cristã, uma alegria que nos leva ao céu.

Em nome do Pai, e do Filho e do espírito Santo. Amém.

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