31 de dezembro de 2013

Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo - Oitava de Natal e Dias Seguintes até Epifania - Meditação 7

MEDITAÇÃO VII.

JESUS CHORA.
As lágrimas de Jesus Menino foram bem diferentes das outras crianças que vêm ao mundo: estas, diz S. Bernardo, choram de dor, enquanto que Jesus chorava, não de dor, mas de compaixão e de amor por nós Os prantos são grande sinal de amor; eis por que os judeus, vendo Jesus chorar a morte de Lázaro, diziam entre si: Eis como o amava. Da mesma forma os anjos poderiam dizer, vendo as lágrimas de Jesus Menino: Ecce quomodo amat eos: Vede como nosso Deus ama os homens: por seu amor chega a fazer-se homem, a fazer-se criança e a chorar!
Jesus chorava e oferecia suas lágrimas a seu Pai para obter-nos o perdão de nossos pecados: “Suas lágrimas lavavam os meus pecados”, dizia S. Ambrósio. Por seus vagidos e prantos Jesus pedia misericórdia para nós condenados à morte e-terna, e aplacava assim a cólera de seu Pai! Oh! aquelas lágrimas bem sabiam advogar a nossa causa. Quão agradáveis foram elas a Deus! Foi então que o Senhor fez anunciar por seus anjos que fazia a paz com os homens e os recebia em sua graça: Paz na terra aos homens de boa vontade.
Jesus chorou de amor, mas chorou também de dor vendo que tantos pecadores apesar de todas as suas lágrimas e de seu sangue derramado até a última gota continuariam a desprezar a sua graça. Ao considerar um Deus menino que chora as nossas faltas, que coração tão bárbaro poderia não chorar com ele, e detestar os pecados que tanto fizeram chorar esse terno Salvador? Ah! em vez de aumentarmos sem cessar a pena desse inocente Menino, apressemo-nos a consolá-lo u-nindo nossas lágrimas às suas. Ofereçamos a Deus os prantos de seu Filho e peçamos-lhe nos perdoe em atenção aos seus méritos.

Afetos e Súplicas.
Meu amado Menino, enquanto choráveis na gruta de Belém, pensáveis em mim; tínheis diante dos olhos todos os meus pecados, causa das vossas lágrimas. É verdade, meu Jesus, em vez de vos consolar com meu amor e reconhecimento, sabendo quanto sofrestes para salvar-me, aumentei a vossa dor e a causa das vossas lágrimas! Se tivesse pecado menos, me-nos teríeis chorado. Ah! chorai, sim, chorai; tendes motivo de chorar vendo a ingratidão dos homens para com o amor que lhes tendes demonstrado. Mas já que chorais, Senhor, chorai também por mim; as vossas lágrimas são a minha esperança. Eu também choro os desgostos que vos tenho dado, meu Redentor. Eu os odeio, os detesto e deles me arrependo de todo o coração. Deploro os infelizes dias e as tristes noites em que vivi na vossa inimizade e na privação da vossa divina graça; mas de que servem todas as minhas lágrimas sem as vossas? — Pai eterno, ofereço-vos as lágrimas de Jesus Menino; por essas santas lágrimas, dai-me o perdão. — E vós, meu doce Salvador, oferecei por mim todas as lágrimas que derramastes em vossa vida, e aplacai por elas a divina Justiça. Peço-vos ainda, ó meu amor, enterneçais o meu coração por essas mesmas lágrimas e o abraseis de vosso santo amor. Ah! possa eu no futuro consolar-vos tanto quanto vos ofendi e contristei com minhas ofensas! Fazei, pois, Senhor, não empregue o resto da vida em desgostar-vos, mas só em chorar os desgostos que vos dei e em amar-vos com todos os afetos de minha alma.
Ó Maria, pela terna compaixão que tantas vezes sentistes vendo chorar o Menino Jesus, peço-vos me obtenhais uma dor contínua das ofensas que tive a ingratidão de lhe fazer.

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