9 de agosto de 2021

Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas

JESUS TOMOU MEU CORAÇÃO

Quando houve o terremoto em 1906, logo depois Jesus principiou a tomar meu coração para si.
Lembro-me de que minha mãe, com minha tia Juanita, nos levava à missa e sempre nos explicavam tudo. E eu, quando chegava a comunhão, enchia-me de desejos de receber a Nosso Senhor.
Em casa, sentavam-me na mesa e me interrogavam a respeito da Eucaristia. Eu respondia a todas as suas perguntas. Porém como me viam muito pequena, não me deixavam fazê-la.
Meu avôzinho não queria por nada que entrássemos no colégio.
Até que minha mamãe venceu e me colocou nas Teresianas.
Ia depois do almoço e saia às cinco. Depois de um mês me tiraram. Alegrei-me porque as meninas eram muito briguentas.
Havia uma que me fazia sofrer, porque sempre procurava fazer-me mal. Sempre, quando íamos à capela, ela tirava meu véu. Eu, pequena, não sabia defender-me. As outras gostavam de mim. Enfim, não conservo carinho por esse colégio, apesar de aí ter aprendido a ler.

MORREU MEU AVÔZINHO

Em 1907 morreu meu avôzinho como um santo. Estávamos na fazenda, em Chacabuco. Minha tia Teresa com os dois meninos acompanhou-nos, a ele e a nós, de quem não se separava.
Todas as tardes fazia-nos andar a cavalo, tirando cara ou co­roa para ver quem seria a primeira. Sempre saía Rebeca. Vovô estava bem, quando uma noite veio-lhe o ataque de paralisia. Imediatamente minha tia o trouxe por terra para Santiago, onde logo lhe disseram que não havia cura. Faziam-no sofrer com os remédios mais terríveis.
Em 13 de maio, dia de sua morte, recebeu os sacramentos.
Chamou seus filhos. Aconselhou-os. Ao lado de seu quarto ficava o oratório. Principiou a missa. À elevação da consagração da santa hóstia, sua alma voou para o céu. Parecia adormecido. Sua morte foi a de um santo. Como o foi sua vida. Imediatamente avisaram-nos em Chacabuco.
Poucos dias depois trouxeram-nos a Santiago e, ao encontrar o quarto vazio, tive a impressão de que tudo se havia acabado.
E fiquei tão triste como não é possível imaginar.
Logo depois venderam a casa e a fazenda. Mudamos para a rua São Domingos, casa que como a outra é cheia para mim de recordações muito agradáveis.

MINHA DEVOÇÃO A VIRGEM

Quando fomos pela última vez a Chacabuco, minha tia Juanita deu-me uma Virgem de Lourdes de louça que estava sempre ao lado de minha cama, com à condição que eu tomasse um re­médio. Tomei-o e ela deu-me a imagem. Esta é a Virgem que jamais deixou de consolar-me e ouvir-me.
Desde os sete anos mais ou menos, nasceu em minha alma uma devoção muito grande por minha Mãe, a Santíssima Virgem.
Lucho deu-me esta devoção que tive e terei até minha morte. Contava-lhe tudo o que me acontecia e ela me falava. Ouvia sua voz dentro de mim mesma, clara e distintamente. Ela me aconselhava e me dizia o que devia fazer para agradar a Nosso Senhor. Eu acreditava que isto era muito natural e jamais ocorreu-me dizer o que a Santíssima Virgem me dizia (Santiago, 244-1919). Todos os dias, Lucho me convidava para rezar o Rosário e fizemos juntos a promessa de rezá-lo toda a vida, o que cumpri até agora. Só uma vez, quando era bem pequena, esqueci.
Nosso Senhor, desde aqui, pode-se dizer, levou-me pela mão com a Santíssima Virgem.

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