SOU MUITO ORGULHOSA
Quarta-feira, 4. Sacrifiquei minha visita ao Santíssimo para distribuir os livros. Custou-me.
5 de julho. Não fui perfeita: na aula de francês conversei. Entretanto, me venci bastante. Amanhã farei um dia de retiro.
Necessito muito. Uno-me a Nosso Senhor, porém não o imito.
Ainda sou muito orgulhosa e me proporei abater até os últimos germes do amor-próprio. Não sei sobre o que se pode basear, pois sou um nada criminoso. Aprecio a estima das criaturas. Porém, para que servirá se Deus não me estima?
Sexta-feira, 10. Tratei de fazer o retiro. Tirei proveito da meditação, pois meditei sobre Deus e, quando penso nele, fico mergulhada no amor. Vejo sua grandeza infinita e minha extrema miséria.
Conversei com Jesus e deu-me a entender o nada das apreciações humanas. Um dia a acham boa; percebem amanhã um defeito, imediatamente a acham má. Para que serve que as criaturas a amem, a encham de honras, se Deus a despreza?
QUASE ME ABORRECI
Terça-feira, 10. As meninas da classe brincaram tanto comigo, que quase chorei. Além disso, estava com dor de cabeça e dor nas costas, que não sabia o que fazer. Não respondi porque não queria faltar ao silêncio. Ofereci ao menino Jesus.
Depois, no recreio, disse-lhes que haviam ultrapassado os limites, que não brincassem assim. Então, quase me aborreci, porém depois ficamos de bem e à tarde mandaram-me um santo. Custa-me aguentar brincadeiras. Fico com raiva. E as meninas dizem que tenho bom caráter, e é porque não me aborreço e brinco também, que elas as fazem. Sinto que cada dia me querem mais, e isto é porque lhes dou bom exemplo.
FOME DE JESUS
11 de julho. Estou de cama constipada. Não falei bastante com Jesus. Sinto-o dentro de minha alma. Esta manhã tinha fome de Jesus, pois não pude comungar e desde que vim de Chacabuco, só um dia deixei de comungar. São 149 comunhões.
13 de julho. Hoje completei 17 anos. Um ano a menos de vida. Um ano a menos de distância da morte, da união eterna com Deus. Um ano só para chegar ao porto do Cannelo. Oh! Quando me abrirás tuas portas sagradas!
Quantas graças me concedeu o Senhor e quão mal lhe pago.
Meu Jesus, perdoe-me minhas ingratidões.
FELIZ PORQUE SOFRIA
15 de julho. Sofri bastante ontem. Deram-me uns remédios que me provocaram dores, porém não me queixava. Estava feliz porque sofria. Sentia como se nas costas me enfiassem alfinetes, porém lembrava-me de meu bom Jesus, quando o açoitavam, e me sentia muito feliz sem manifestar minha dor.
Rebeca me disse que eu ia perder pontos, que iam examinar o meu caso e passar outra na minha frente. No princípio me preocupei, mas depois pensei que a Virgem me havia concedido os pontos e as classificações e agora era vontade de Deus que eu ficasse doente; que minha mãe estaria mais contente vendo-me resignada. Fiquei contente e disse que esta era a vontade de Deus.
Disse que eu pedira à Virgem o prêmio e esperava com certeza que ela mo daria. E se não o deu, dar-me-ia o prêmio eterno, pois estava cumprindo o meu dever.
Hoje vou mostrar-me alegre quando me aplicarem os remêdios. Por Jesus!
24 de agosto de 2021
Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas
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