21 de setembro de 2021

Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas

QUISÉRAMOS ESTAR AO SEU LADO

Faz pouco tempo que chegamos e já nos parece de um século a separação. Tínhamos nos acostumado a vê-lo e a passar todo o tempo com você, paizinho querido.
Estamos muito unidos a você e apesar da distância ser tão grande, nem por isso deixamos de acompanhá-lo. Não imagina, paizinho querido, quanto o quero; mais ainda que antes, pois como era menor, você não conversava tanto conosco. Porém agora o conheço e sei apreciar seu grande coração. Creia que não tenho como agradecer a Deus pelo papai que nos deu.
Passamos muito felizes estas férias e melhores que as do ano passado porque as passamos ao seu lado e não tenho como agradecer-lhe pelos momentos tão agradáveis que nos proporcionou.
Minha mãe tem pena de ter vindo, e nós também. Sempre quiséramos estar ao seu lado para distraí-lo um pouco. Adeus, lindo. Receba muitos beijos e abraços de todos (Santiago, 8-3-19 19).

SOU VERDADEIRA AMAZONA

Saí muito a cavalo e fico encantada por subir e descer serras.
Aqui estão admirados porque não me canso e dizem que sou uma verdadeira amazona (Bucalemu, 22-3-1919).
Bucalemu é a fazenda mais encantadora. Estou sempre a cavalo.
Às duas e meia da tarde estamos a cavalo Eduardo, Licho e eu, e não voltamos antes das oito e meia. Ontem subimos uma serra com uma vertente que Eduardo achava impossível subir. Eu me agarrei nas crinas do cavalo e comecei a subir tranquilamente.
E abaixo corria o rio (Bucalemu, março de 1919).
Saí muito a cavalo e de carro. O rio Rapei tem paisagens maravilhosas como nunca tinha visto. Também fomos de automóvel fazer piquenique na praia. Asseguro-te que gostei de subir de­clives tão íngremes que os nossos cabelos ficavam arrepiados. Há partes do caminho que são verdadeiras montanhas russas; muito me diverti (Santiago, 26-3-1919).

PARECE-ME LOUCURA

Estou sofrendo uma verdadeira agonia, pois hoje escreverei ao meu pai solicitando permissão, para que ele receba esta carta no sábado, dia da Santíssima Virgem.
Apenas resolvi escrever e já se renovou em mim a imensa dor que experimento ao pensar que vou deixá-lo. Foi uma luta que sustentei contra minha própria natureza quando escrevi a carta.
E todo o entusiasmo sensível que sentia pelo Carmelo desapareceu.
Parece-me, de repente, que é uma loucura o que vou fazer; que são ilusões etc. Porém, já está muito pensado e minha vontade o deseja como um bem verdadeiro. Dou graças a Deus por esta re­pugnância natural que experimento, pois assim será mais pesada a cruz que abraçarei e poderei manifestar ao bom Jesus mais amor; já que irei em busca dele sem consolo algum.
Em minha oração não encontro gosto algum, nem mesmo na comunhão. Às vezes penso que seria melhor não comungar para não fazê-lo tão mal; porém não posso. Não está em mim deixar de comungar, pois Nosso Senhor, apesar de ver meu coração de pedra, comunica-me força, luz, numa palavra, vida. Cada dia me vejo mais miserável (Santiago, março de 1919).

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