MEDITAÇÃO XV
Para o sábado santo
Maria assiste à morte de Jesus na cruz
1. “Estava, porém, junto à cruz de Jesus sua Mãe” (Jo
19,25). Consideremos nesta rainha dos mártires uma espécie de
martírio mais cruel que todo outro martírio, uma mãe vendo morrer um
filho inocente, justiçado num patíbulo infame: “Estava em pé”.
Desde a hora em que Jesus foi preso no horto, os discípulos o abandonaram; não, porém, sua Mãe: ela o assiste até vê-lo expirar diante
de seus olhos. “Estava junto dele”.As mães fogem quando vêem seus
filhos padecendo e não os podem socorrer: estariam prontas a sofrer as dores em lugar dos filhos, mas quando os vêem padecer sem
poder auxiliá-los, não suportam tal pena e por isso fogem e vão
para longe. Maria, não; ela vê o Filho no meio dos tormentos, vê que as
dores lhe roubam a vida, mas não foge, nem se afasta, antes se encosta
à cruz na qual o Filho está morrendo. Ó Mãe das dores, não me
desdenheis e permiti que vos faça companhia na morte do vosso e do meu
Jesus.
2.“Estava junto à cruz”.A cruz é, pois, o leito em que Jesus
deixa de viver: leito de dores, em que a aflita Mãe, vê Jesus todo
ferido pelos açoites e pelos espinhos. Maria observa que seu pobre
Filho, pendente daqueles três cravos de ferro, não encontra repouso
nem alívio: desejaria procurar-lhe algum alívio; desejaria, já
que ele tem de morrer, que ao menos expirasse em seus braços; nada
disso, porém, lhe é permitido. Ah, cruz, diz, restitui-me o meu Filho: és
o patíbulo dos malfeitores; meu Filho, porém, é inocente.
Não vos aflijais, ó Mãe: é vontade do eterno Pai que a cruz
não vos restitua Jesus senão depois de morto. Ó rainha das
dores, alcançai-me a dor de meus pecados.
3. “Estava junto da cruz sua Mãe”.Considera, minha alma,
como ao pé da cruz Maria está olhando para o Filho! E que Filho,
meu Deus! Filho que era ao mesmo tempo seu Filho e seu Deus;
Filho que desde a eternidade tinha escolhido para sua Mãe, e a havia
preferido no seu amor a todos os homens e a todos os anjos; Filho tão
belo, tão santo, tão amável como nenhum outro; Filho, que lhe fora
sempre obediente; Filho, que era seu único amor, pois que era Filho
de Deus. E esta Mãe teve de ver morrer de dores, diante de seus
olhos, um tal Filho! Ó Maria, ó Mãe, a mais aflita entre todas as mães,
compadeço-me de vosso coração, especialmente quando vistes vosso Jesus
inclinar a cabeça, abrir a boca e expirar. Por amor deste vosso
Filho, morto por minha salvação, recomendai-lhe a minha alma. E
vós, meu Jesus, pelos merecimentos das dores de Maria, tende piedade
de mim e concedei-me a graça de morrer por vós, como morrestes
por mim. Com S. Francisco de Assis vos direi: Morra eu, Senhor,
por amor de vós, que por amor de meu amor vos dignastes morrer.
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