MEDITAÇÃO IX
Para o domingo de ramos
Jesus leva a cruz ao Calvário
1. Publicada a sentença contra nosso Salvador, apoderam-se
imediatamente dele com fúria. Arrancam-lhe novamente aquele trapo de púrpura e o revestem com suas vestes, para ser crucificado
sobre o Calvário, lugar destinado para a morte dos malfeitores.
“Despiram-lhe a clâmide e o revestiram com suas vestes e o conduziram para
ser crucificado” (Mt 27,31). Arranjam duas rudes traves,
fazem com elas às pressas uma cruz e obrigam-no a carregá-la sobre os
ombros até ao lugar de seu suplício. Que barbaridade impor nos
ombros do réu o patíbulo sobre o qual deve morrer. Mas assim deve ser,
ó meu Jesus, pois que vós tomastes sobre vós todos os meus
pecados.
2. Jesus não recusa a cruz, abraça-a até com amor, sendo ela
o altar destinado para a consumação do sacrifício de sua vida
pela salvação dos homens. “E levando sua cruz às costas, saiu
para aquele lugar que se chama Calvário”(Jo 19,17). Os condenados saem
da casa de Pilatos e entre eles se acha também nosso divino
Salvador. Ó espetáculo que causou admiração ao céu e à terra: ver o
Filho de Deus que segue para morrer por esses mesmos homens que a ela
o condenam. Eis realizada a profecia: “E eu sou como um
cordeiro que é levado para ser sacrificado” (Lm 11,19). Jesus oferecia um
aspecto tão lastimoso, que as mulheres judias, ao vê-lo, não puderam
deixar de chorar: “E o choravam e lamentavam” (Lc 23,27). Meu caro
Redentor, pelos merecimentos dessa viagem dolorosa, dai-me a força de levar com paciência a minha cruz. Eu aceito todas as dores e
desprezos que me destinais a sofrer; vós os tornastes amáveis e doces,
abraçando-os por vosso amor. Dai-me força de suportá-los com
paciência.
3. Contempla, minha alma, o que se passa com teu Salvador;
vê como de suas chagas ainda frescas escorre o sangue, como
está coroado de espinhos e carregado com a cruz. A cada movimento
renovam-se as dores de todas as suas chagas. A cruz começa a
atormentá-lo já antes do tempo, pisando seus ombros chagados
e martelando-lhes os espinhos da coroa. Ó Deus, quantas dores
a cada
passo. Consideremos também os sentimentos de amor com que
Jesus vai subindo o Calvário, onde o espera a morte. Ó meu Jesus,
vós ides morrer por nós. Eu vos voltei as costas no passado e
quereria morrer de dor: mas no futuro não sou capaz de abandonar-vos
mais, meu Redentor, meu Deus, meu amor, meu tudo. Ó Maria, minha
Mãe, alcançai-me a graça de levar a minha cruz com toda a paz.
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