III. MANRESA: ENFERMIDADES E PROVAS
Estava-se no fim de julho[21]; o calor era sufocante e tinha soado a hora da sesta para todos, exceto para o nosso jovem penitente, que percorria os campos, inteiramente desertos naquele momento.
A seiscentos passos aproximadamente da pequena cidade de Manresa, não longe do confluente do Cardoner e do Llobregat, no lindo vale que os habitantes do país chamavam Vale do Paraíso, Inácio ajoelhava-se junto duma cruz de pedra, plantada à beira do caminho, chamada a Cruz de Tort. Por detrás, do outro lado do caminho, corria o Cardoner; na frente, do outro lado da cruz, elevava-se uma montanha rochosa cujas saliências lhe atraíram a atenção. Levanta-se, dirige-se para a montanha, parece interrogar cada uma das escabrosidades, e, parando alguns instantes diante dum montão de silvados e de grandes pedras, afasta as silvas e rola algumas pedras. Fere as mãos; está banhado de suor; suspende por vezes o seu rude trabalho, descansa alguns momentos e retoma-o depois com novo ardor. Por fim abaixa-se, curva-se, entra por uma abertura que acaba de desentulhar e alargar, e penetra no interior da montanha. Encontra-se então numa gruta de trinta passos de comprido sobre dez de largo e outros tantos de altura. Do lado de Monserrate, uma larga fenda deixa penetrar um frouxo raio de luz e permite ver a igreja que coroa o monte bendito; o solo e as paredes são cobertos de saliências duras e pedregosas. Inácio, contentíssimo com esta descoberta, estabeleceu ali a sua morada, e, só, sob o olhar de Deus, passava noites inteiras em oração, prescindia de todo o alimento durante dias seguidos, disciplinava-se até derramar sangue e feria o peito com uma pedra. Estas austeridades alteravam-lhe a saúde e enfraqueciam a sua forte constituição. Tinha violentas dores de estômago, sustentava-se a custo e muitas vezes caía em longos delíquios.
Voltando um dia da capela de Nossa Senhora de Viladorsis, as forças traíram-no à entrada da gruta; quando recobrou os sentidos pelos cuidados das pessoas que o haviam descoberto, foi levado ao hospital de Santa Lúcia, onde se apoderou dele uma forte febre, que lhe pôs a vida em grande perigo. Durante esta doença, Inácio julgou ouvir, um dia, uma voz interior dizer-lhe:
"- Como poderás sustentar tantas austeridades durante cinquenta anos, que ainda tens que viver?"
Inácio, reconhecendo nesta linguagem o espírito do mal, respondeu-lhe logo:
"- Tu, que assim falas, podes assegurar-me uma só hora de vida? Não é Deus o único senhor dos nossos dias? E, ainda que eu vivesse mais cinquenta anos, que é isso comparado com a eternidade?"
Entretanto a doença fazia rápidos progressos sobre aquele corpo gasto pela mais rigorosa penitência; chegou a desesperar-se da sua vida, e, não tendo podido o inimigo de todo o bem fazê-lo cair no desalento, procurou vencê-lo pelo orgulho. Persuadiu-o de que, depois duma penitência como aquela que acabava de fazer durante meses, não devia temer a justiça divina.
"- Por que hei-de chorar a vida? - pensava o nosso herói. Tenho vivido como um Santo anacoreta desde que estou em Manresa; estou coberto com um cilicio, tenho trazido uma rude cinta, tenho jejuado, orado, feito vigílias, tenho chorado a minha vida passada... Não é isto o que fizeram os Santos, e não devo ver o céu aberto e os anjos prontos a receber-me?"
Mas conheceu esta nova tentação e esforçou-se por combatê-la com a lembrança dos seus pecados.
"- Infeliz de mim! - dizia ele. Que proporção pode haver entre uma vida inteira de pecado e alguns meses de penitência?"
E, chamando em seu auxílio a misericórdia divina, pediu-lhe que lhe concedesse o perdão das suas culpas e não a recompensa das suas virtudes. Depois instou com as pessoas que o rodeavam que lhe repetissem:
"- Inácio, recorda-te dos pecados que cometeste e das penas que eles merecem; pensa que mereceste o inferno e nunca o paraíso!"
A doença cedeu enfim; mas recobrando a saúde, Inácio ficou exposto a uma provação mil vezes mais cruel que todos aos sofrimentos que tinha padecido até então, e que só pode ser compreendida e apreciada pelas almas a quem à Deus apraz fazer passar por tão dolorosa tribulação.
O nosso santo penitente, aterrado por ter tido o pensamento de que chegara à santidade pelo excesso dos rigores exercidos sobre o seu corpo, não cessava de recordar-se da sua vida passada, a fim de vencer o orgulho e de humilhar a vaidade. Deus permitiu que esta vista contínua de culpas tão amargamente deploradas, trouxesse a perturbação à sua alma e lhe fizesse sofrer todas as incertezas, todas as dúvidas, todos os terrores, todas as torturas do escrúpulo. Inácio receava ter feito mal a sua confissão geral em Monserrate; não ter suficientemente explicado as circunstâncias, ter diminuído a gravidade dos seus pecados pelo modo de os confessar; persuadia-se principalmente de ter esquecido; lembrando-se de coisas que não eram de modo algum pecados, julgava ver nelas uma ofensa à Majestade divina. Os escrúpulos estendiam-se mesmo A sua vida atual; tudo lhe parecia pecado: os pensamentos, as palavras, as ações, até os menores movimentos. Se era forçado a confessar que o fato em si mesmo não era mal, imaginava falta de pureza da intenção, a qual pensava não podia deixar de ser má, pelo facto de vir dele. A graça parecia tê-lo abandonado: nem sentimentos, nem confiança, nem atrativos, Ausência completa de consolações, que o haviam sustentado até então. O céu parecia fechado para ele, Deus mostrava-se surdo às suas orações, e sucedia que o último raio de esperança se obscurecia totalmente na sua alma desolada. E, contudo, nunca ele amara tanto a Deus! Nunca experimentara tão ardente sede da sua graça, tão fervoroso desejo de lhe agradar!...
Os religiosos dominicanos do convento de Manresa, compadecendo-se do seu estado, tiraram-no do hospital, deram-lhe uma cela no convento e prodigalizaram-lhe os cuidados. da mais terna caridade.
Inácio comungava todos os domingos; mas por vezes sucedia que o sentimento da sua indignidade, na perturbação em que o lançavam os seus escrúpulos, o afastava da Sagrada Eucaristia no mesmo momento em que se ia aproximar dela. Receava cometer um sacrilégio; o Deus do amor era para ele um juiz irritado, pronto a exercer as suas vinganças. O nosso Santo caiu numa melancolia que nada podia dissipar, e, num momento em que as trevas do seu espírito lhe pareciam mais espessas que nunca, desesperou da misericórdia infinita a ponta de querer pôr termo à vida: olhava para a janela da sua cela, media com a vista a altura que o separava do solo e dizia que era preferível todo o suplício àquele que torturava a sua alma... Um pensamento o deteve: Deus seria ofendido, e ele amava-o com todas as potências da sua alma! Então o desolado penitente cai de joelhos, chora copiosamente e exclama:
"- Meu Deus! soberano senhor de todas as coisas, eu vos peço que socorrais o vosso indigno servo! Vede o meu triste estado, tende piedade de mim!..."
Naquele momento, recordando-se de que um santo eremita, cuja vida lera, recusou toda a alimentação até que lhe fosse concedida uma graça há muito solicitada: - "Pois bem, - disse o nosso Santo - usarei o mesmo processo, e talvez Deus se apiede de mim".
E jejuou rigorosamente, sem comer nem beber, durante oito dias. Sabendo-o seu confessor, ordenou-lhe que quebrasse esse jejum, que não pudera, sem milagre, sustentar tanto tempo. Inácio, dócil como uma criancinha, obedeceu imediatamente; e Deus, agradado sem dúvida mais da sua obediência do que do jejum, restituiu-lhe a tranquilidade e inundou-o, durante três dias, das mais deliciosas consolações; mas, depois de lhe ter renovado deste modo as forças, pareceu que o abandonava de novo. Todos os terrores, dúvidas, desesperos o assaltavam novamente com maior ímpeto. O religioso que dirigia a sua consciência proibiu-lhe formalmente que detivesse de então por diante o pensamento nas faltas da sua vida passada; o Santo obedeceu e reconquistou então uma doce paz, que não tornou a perder.
Nos desígnios de Deus a experiência era suficiente.
Em alguns meses, Inácio de Loiola tinha experimentado todas as alegrias e todas as dores, todas as consolações e todas as amarguras da vida espiritual; tinha percorrido todas as vias, conhecia os diversos atalhos em que havia de dirigir um dia numerosos discípulos, destinados a tornar-se mestres.
Entretanto a saúde, fortemente abalada por tão violentas provas, inquietava todos os numerosos corações que o estimavam, porque toda a cidade e arredores o olhavam como um Santo e como tal o veneravam. D. André Ferreira de Ami suplicando aos Dominicanos que deixassem ir Inácio para sua casa, a fim, de lhe prodigalizar os cuidados necessários a tanto esgotamento de forças, obteve este favor. Inácio recebeu ordem de ir para casa do seu amigo até ao completo restabelecimento, e desde então, D. André de Amigante foi chamado Simão e sua mulher Marta.
- Não se lhes deve dar outros nomes, - diziam os habitantes de Manresa - porque tiveram a felicidade de ter em sua casa a mais viva imagem do divino Salvador.
Estava-se no fim de julho[21]; o calor era sufocante e tinha soado a hora da sesta para todos, exceto para o nosso jovem penitente, que percorria os campos, inteiramente desertos naquele momento.
A seiscentos passos aproximadamente da pequena cidade de Manresa, não longe do confluente do Cardoner e do Llobregat, no lindo vale que os habitantes do país chamavam Vale do Paraíso, Inácio ajoelhava-se junto duma cruz de pedra, plantada à beira do caminho, chamada a Cruz de Tort. Por detrás, do outro lado do caminho, corria o Cardoner; na frente, do outro lado da cruz, elevava-se uma montanha rochosa cujas saliências lhe atraíram a atenção. Levanta-se, dirige-se para a montanha, parece interrogar cada uma das escabrosidades, e, parando alguns instantes diante dum montão de silvados e de grandes pedras, afasta as silvas e rola algumas pedras. Fere as mãos; está banhado de suor; suspende por vezes o seu rude trabalho, descansa alguns momentos e retoma-o depois com novo ardor. Por fim abaixa-se, curva-se, entra por uma abertura que acaba de desentulhar e alargar, e penetra no interior da montanha. Encontra-se então numa gruta de trinta passos de comprido sobre dez de largo e outros tantos de altura. Do lado de Monserrate, uma larga fenda deixa penetrar um frouxo raio de luz e permite ver a igreja que coroa o monte bendito; o solo e as paredes são cobertos de saliências duras e pedregosas. Inácio, contentíssimo com esta descoberta, estabeleceu ali a sua morada, e, só, sob o olhar de Deus, passava noites inteiras em oração, prescindia de todo o alimento durante dias seguidos, disciplinava-se até derramar sangue e feria o peito com uma pedra. Estas austeridades alteravam-lhe a saúde e enfraqueciam a sua forte constituição. Tinha violentas dores de estômago, sustentava-se a custo e muitas vezes caía em longos delíquios.
Voltando um dia da capela de Nossa Senhora de Viladorsis, as forças traíram-no à entrada da gruta; quando recobrou os sentidos pelos cuidados das pessoas que o haviam descoberto, foi levado ao hospital de Santa Lúcia, onde se apoderou dele uma forte febre, que lhe pôs a vida em grande perigo. Durante esta doença, Inácio julgou ouvir, um dia, uma voz interior dizer-lhe:
"- Como poderás sustentar tantas austeridades durante cinquenta anos, que ainda tens que viver?"
Inácio, reconhecendo nesta linguagem o espírito do mal, respondeu-lhe logo:
"- Tu, que assim falas, podes assegurar-me uma só hora de vida? Não é Deus o único senhor dos nossos dias? E, ainda que eu vivesse mais cinquenta anos, que é isso comparado com a eternidade?"
Entretanto a doença fazia rápidos progressos sobre aquele corpo gasto pela mais rigorosa penitência; chegou a desesperar-se da sua vida, e, não tendo podido o inimigo de todo o bem fazê-lo cair no desalento, procurou vencê-lo pelo orgulho. Persuadiu-o de que, depois duma penitência como aquela que acabava de fazer durante meses, não devia temer a justiça divina.
"- Por que hei-de chorar a vida? - pensava o nosso herói. Tenho vivido como um Santo anacoreta desde que estou em Manresa; estou coberto com um cilicio, tenho trazido uma rude cinta, tenho jejuado, orado, feito vigílias, tenho chorado a minha vida passada... Não é isto o que fizeram os Santos, e não devo ver o céu aberto e os anjos prontos a receber-me?"
Mas conheceu esta nova tentação e esforçou-se por combatê-la com a lembrança dos seus pecados.
"- Infeliz de mim! - dizia ele. Que proporção pode haver entre uma vida inteira de pecado e alguns meses de penitência?"
E, chamando em seu auxílio a misericórdia divina, pediu-lhe que lhe concedesse o perdão das suas culpas e não a recompensa das suas virtudes. Depois instou com as pessoas que o rodeavam que lhe repetissem:
"- Inácio, recorda-te dos pecados que cometeste e das penas que eles merecem; pensa que mereceste o inferno e nunca o paraíso!"
A doença cedeu enfim; mas recobrando a saúde, Inácio ficou exposto a uma provação mil vezes mais cruel que todos aos sofrimentos que tinha padecido até então, e que só pode ser compreendida e apreciada pelas almas a quem à Deus apraz fazer passar por tão dolorosa tribulação.
O nosso santo penitente, aterrado por ter tido o pensamento de que chegara à santidade pelo excesso dos rigores exercidos sobre o seu corpo, não cessava de recordar-se da sua vida passada, a fim de vencer o orgulho e de humilhar a vaidade. Deus permitiu que esta vista contínua de culpas tão amargamente deploradas, trouxesse a perturbação à sua alma e lhe fizesse sofrer todas as incertezas, todas as dúvidas, todos os terrores, todas as torturas do escrúpulo. Inácio receava ter feito mal a sua confissão geral em Monserrate; não ter suficientemente explicado as circunstâncias, ter diminuído a gravidade dos seus pecados pelo modo de os confessar; persuadia-se principalmente de ter esquecido; lembrando-se de coisas que não eram de modo algum pecados, julgava ver nelas uma ofensa à Majestade divina. Os escrúpulos estendiam-se mesmo A sua vida atual; tudo lhe parecia pecado: os pensamentos, as palavras, as ações, até os menores movimentos. Se era forçado a confessar que o fato em si mesmo não era mal, imaginava falta de pureza da intenção, a qual pensava não podia deixar de ser má, pelo facto de vir dele. A graça parecia tê-lo abandonado: nem sentimentos, nem confiança, nem atrativos, Ausência completa de consolações, que o haviam sustentado até então. O céu parecia fechado para ele, Deus mostrava-se surdo às suas orações, e sucedia que o último raio de esperança se obscurecia totalmente na sua alma desolada. E, contudo, nunca ele amara tanto a Deus! Nunca experimentara tão ardente sede da sua graça, tão fervoroso desejo de lhe agradar!...
Os religiosos dominicanos do convento de Manresa, compadecendo-se do seu estado, tiraram-no do hospital, deram-lhe uma cela no convento e prodigalizaram-lhe os cuidados. da mais terna caridade.
Inácio comungava todos os domingos; mas por vezes sucedia que o sentimento da sua indignidade, na perturbação em que o lançavam os seus escrúpulos, o afastava da Sagrada Eucaristia no mesmo momento em que se ia aproximar dela. Receava cometer um sacrilégio; o Deus do amor era para ele um juiz irritado, pronto a exercer as suas vinganças. O nosso Santo caiu numa melancolia que nada podia dissipar, e, num momento em que as trevas do seu espírito lhe pareciam mais espessas que nunca, desesperou da misericórdia infinita a ponta de querer pôr termo à vida: olhava para a janela da sua cela, media com a vista a altura que o separava do solo e dizia que era preferível todo o suplício àquele que torturava a sua alma... Um pensamento o deteve: Deus seria ofendido, e ele amava-o com todas as potências da sua alma! Então o desolado penitente cai de joelhos, chora copiosamente e exclama:
"- Meu Deus! soberano senhor de todas as coisas, eu vos peço que socorrais o vosso indigno servo! Vede o meu triste estado, tende piedade de mim!..."
Naquele momento, recordando-se de que um santo eremita, cuja vida lera, recusou toda a alimentação até que lhe fosse concedida uma graça há muito solicitada: - "Pois bem, - disse o nosso Santo - usarei o mesmo processo, e talvez Deus se apiede de mim".
E jejuou rigorosamente, sem comer nem beber, durante oito dias. Sabendo-o seu confessor, ordenou-lhe que quebrasse esse jejum, que não pudera, sem milagre, sustentar tanto tempo. Inácio, dócil como uma criancinha, obedeceu imediatamente; e Deus, agradado sem dúvida mais da sua obediência do que do jejum, restituiu-lhe a tranquilidade e inundou-o, durante três dias, das mais deliciosas consolações; mas, depois de lhe ter renovado deste modo as forças, pareceu que o abandonava de novo. Todos os terrores, dúvidas, desesperos o assaltavam novamente com maior ímpeto. O religioso que dirigia a sua consciência proibiu-lhe formalmente que detivesse de então por diante o pensamento nas faltas da sua vida passada; o Santo obedeceu e reconquistou então uma doce paz, que não tornou a perder.
Nos desígnios de Deus a experiência era suficiente.
Em alguns meses, Inácio de Loiola tinha experimentado todas as alegrias e todas as dores, todas as consolações e todas as amarguras da vida espiritual; tinha percorrido todas as vias, conhecia os diversos atalhos em que havia de dirigir um dia numerosos discípulos, destinados a tornar-se mestres.
Entretanto a saúde, fortemente abalada por tão violentas provas, inquietava todos os numerosos corações que o estimavam, porque toda a cidade e arredores o olhavam como um Santo e como tal o veneravam. D. André Ferreira de Ami suplicando aos Dominicanos que deixassem ir Inácio para sua casa, a fim, de lhe prodigalizar os cuidados necessários a tanto esgotamento de forças, obteve este favor. Inácio recebeu ordem de ir para casa do seu amigo até ao completo restabelecimento, e desde então, D. André de Amigante foi chamado Simão e sua mulher Marta.
- Não se lhes deve dar outros nomes, - diziam os habitantes de Manresa - porque tiveram a felicidade de ter em sua casa a mais viva imagem do divino Salvador.
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