O Segredo de Nossa Senhora
Eis o que Melânia escreveu em 1860 e publicou em 1875, com o "imprimatur" de Dom Zola, bispo de Lecce na Itália. Aí ela confia o texto do seu segredo que havia escrito e transmitido, como Maximino fizera com o seu, ao Papa Pio IX em julho de 1851.
«...Tendo despertado e não vendo as nossas vacas, chamei Maximino e subi o pequeno montículo. De lá, tendo visto que as nossas vacas estavam tranqüilamente deitadas, eu descia de novo e Maximino subia, quando subitamente vi uma magnífica luz, mais brilhante que o sol e mal pude dizer estas palavras: "Maximino, vês, lá embaixo? Ah! meu Deus!" Ao mesmo tempo deixei cair o bordão que tinha na mão. Não sei o que acontecia de delicioso em mim nesse momento, mas eu me sentia atraída, experimentava um grande respeito cheio de amor, e meu coração teria querido correr mais depressa do que eu.
Olhava bem fixamente essa luz que era imóvel, e como se ela tivesse desabrochado, percebi uma outra luz bem mais brilhante e que estava em movimento, e nela uma belíssima Dama sentada sobre o nosso "Paraíso" (pequeno amontoado de pedras feito pelas duas crianças), com a cabeça entre as mãos. Essa bela Dama levantou-se, cruzou um pouco os seus braços e, olhando-nos, disse:
"Adiantai-vos, meus filhos, não tenhais medo; eu estou aqui para anunciar-vos uma grande nova!" Essas doces e suaves palavras fizeram-me voar até ela, e meu coração teria querido aderir a ela para sempre. Chegando bem perto da bela Dama, diante dela, à sua direita, ela começou a falar e começaram as lágrimas a correr de seus belos olhos.
"Se o meu povo não se quer submeter, sou forçada a deixar cair a mão de meu Filho. Ela está tão pesada que não a posso mais reter.
"Depois, há tanto tempo que eu sofro por vós! Se quero que meu Filho não vos abandone, estou encarregada de rezar sem cessar. E, no que vos toca, não fazeis caso disso. Faríeis bem em rezar, quanto quiser, jamais poderíeis recompensar o trabalho que tomei por vós.
"Dei-vos seis dias para trabalhar, reservei-me o sétimo, e não mo querem dar. É isso que torna tão pesado o braço de meu Filho."
"Os que conduzem as charretes não sabem falar sem pôr no meio o nome de meu Filho. São as duas coisas que tornam tão pesado o braço de meu Filho."
"Se a colheita se estraga, não é senão por vossa causa."
"Eu vos fiz ver isso no ano passado relativamente às batatas; não fizestes caso; pelo contrário, quando as encontráveis estragadas, blasfemáveis e pronunciáveis o nome de meu Filho. Elas vão continuar a deteriorar-se, e no Natal não haverá mais batatas."
Nesta altura, eu procurava interpretar a palavra "batatas" (pomme de terre), pensava compreender que significava "maçãs" (pomme). A bela e boa Senhora, adivinhando o meu pensamento, tornou a falar assim:
"Vós não me compreendeis, meus filhos? Eu vos direi de outro modo".
A tradução em francês é a seguinte (a Virgem falava então em dialeto):
"Se a colheita se deteriora, é só por causa de vós: eu vos fiz saber no ano passado relativamente às batatas inglesas, e vós não fizestes caso: pelo contrário, quando as encontráveis estragadas, vós blasfemáveis e misturáveis nisso o nome de meu Filho. Elas vão continuar a estragar-se e, no Natal, não haverá mais batatas".
"Se tendes trigo, não adianta semeá-lo."
"Tudo o que semeardes, os animais comerão; o que nascer, cairá em forma de pó quando o baterdes. Virá uma grande fome. Antes que ela venha, as criancinhas abaixo dos sete anos serão acometidas por um tremor e morrerão nas mãos das pessoas que as segurarem; os outros farão penitência pela fome. As nozes ficarão más; as uvas apodrecerão."
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