A CARIDADE DOS SANTOS
1. S. Domingos, por ocasião de uma grande fome, sendo ainda jovem, vendeu seus móveis e tudo que tinha para socorrer os famintos. Além disso, o que é mais raro e mais meritório, desfez-se até de seus livros, preciosos pelos comentários e observações pessoais, e distribuiu todo o lucro aos pobres.
2. S. Afonso, antes de fundar sua Congregado do Santíssimo Redentor, formou uma associação com outros pios eclesiásticos, e entre outras piedosas práticas tinham de comer juntos um dia de cada mês. Na mesa colocavam uma imagem do Menino Jesus, para que presidisse como superior, e junto dele um prato, em que cada um punha uma porção da comida que lhe tocava, comida essa que depois era distribuída aos pobres. Por ocasião da fome de 1704, S. Afonso proveu-se a tempo de grande quantidade de feijão e de favas que repartiu entre os pobres. Valeu-se ainda, para o mesmo fim, de pessoas amigas e abastadas; e, como já não tinha mais dinheiro, deu ordem de vender secretamente seu coche com os respectivos animais, que eram um presente de seu irmão, e bem assim sua cruz pastoral e seu anel de bispo, presentes de outro senhor. Mandou vender também outras alfaias, e até seu relógio e seu roquete, e a si mesmo se tivera vendido, se lhe fosse possível. Privava-se dos próprios alimentos para dá-los aos pobres; e ao vê-los chorar, não tendo com que remediar tanta miséria, misturava suas lágrimas com as lágrimas de seus diocesanos (Justini, Vida del B. Alfonso).
3. S. Tomás de Vilanova, arcebispo de Valência, desde menino foi muito caridoso. Dava aos meninos a sua merenda e, quando levava o almoço aos trabalhadores, camaradas de seu pai, se acontecia encontrar algum pobre pelo caminho dava-lhe alguma parte da comida que levava. Depois, sendo arcebispo, reunia todas as manhãs no pátio do palácio os pobres da cidade, que chegavam a centenas, e por meio de seus familiares distribuía a cada pobre um pão, um prato de comida, vinho e uma moeda. Se previa que o ano ia ser de carestia, procurava prover-se a tempo de todo o trigo necessário, para que no inverno não viesse a faltar, o pão aos seus pobres. Que diferença! O Santo armazenava para dar de comer aos pobres; os negociantes de nossos dias armazenam para tirar o couro da pobreza. Que caridade esquisita!
4. O grande cardeal Cisneros (1495-1517) mandava preparar todos os dias em sua cozinha comida suficiente para trinta pobres. Essa comida era em tudo igual a de sua mesa e muitas vezes ele mesmo ia reparti-la aos pobres.
5. S. Joana de Chantal, todos os dias recebia, depois de almoçar, à porta de seu castelo a todos os pobres que vinham pedir comida. Com suas próprias mãos pegava as vasilhas que traziam e enchia-as de sopa; cortava o pão e servia-os com tanto gosto, como se fossem seus filhos. Viram-na, as vezes, pensativa e silenciosa e com lágrimas nos olhos repetia as palavras de Jesus: “Tive fome e destes-me de comer”. Tinha, além disso, uma panela com caldo de carne preparado especialmente para os doentes. Mandou construir numa das dependências do castelo “o forno dos pobres”, de quinze pés de largura, que podia conter até trinta fanegas (300 quilos) e, embora destinado exclusivamente aos pobres, tinham de cozer o pão até quatro vezes por semana. Parece que Deus se comprazia em multiplicar o trigo nos celeiros que se abriam tão generosamente aos pobres.
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