CARIDADE COM OS DOENTES
1. Os pais de Frederico Ozanam, fundador das Conferências de S. Vicente de Paulo, praticavam a caridade com os pobres de maneira admirável. O pai, que era médico, visitava-os gratuitamente; e a mãe socorria-os também em suas freqüentes visitas a domicilio. Continuando, já anciã, na prática deste caritativo exercício, o marido viu-se obrigado a proibir que sua esposa subisse as escadas para visitar os doentes, além do quarto andar; e ela prometeu obedecer se ele se comprometesse a fazer o mesmo, pois para ambos, devido a idade, o perigo era igual. Durante algum tempo foram fiéis à palavra dada; mas um dia o médico, ao visitar um cliente de um quarto andar, soube que no sótão do sexto andar uma mulher pobre estava à morte sem nenhum socorro. Lembrou-se da palavra que dera à esposa, mas pensou que poderia visitar a moribunda sem que sua mulher o soubesse, e subiu as escadarias. Ao entrar no quarto, deu com sua esposa, que justamente estava a assistir a enferma.
2. Um pobre menino de dez anos pedia esmola nas ruas de Viena. Aproximou-se de um grande senhor e pediu-lhe dois florins.
— Dois florins? — replicou o cavalheiro; — não vês que isso é muito dinheiro para um menino?
— Senhor, minha mãe está de cama e precisa de médico e de remédios.
— E quem está cuidando dela?
— Eu sozinho. Meu pai faleceu faz três semanas e deixou-nos em grande miséria.
— Onde mora tua mãe?
— Naquela ruazinha, à direita, número 52.
— Toma os dois florins que me pedias e chama o médico.
Enquanto o menino foi à procura do médico, aquele senhor dirigiu-se à casa da pobre viúva, que encontrou de cama, pálida e doente, tendo ao lado uma filhinha de quatro anos. Fez-lhe diversas perguntas acerca de seu estado de saúde e, por fim, fingiu escrever uma receita, que deixou sobre a mesa. Quando o menino voltou, tomou aquele papel e leu: “O Tesouro do palácio imperial pagará imediatamente ao portador deste bilhete a soma de duzentos florins. José, imperador”. Quem visitou aquela pobre viúva e escreveu aquele bilhete era, realmente, o imperador José II da Áustria, o filho de Maria Teresa.
3. Luisa Maria de Orleans, rainha da Bélgica, visitava pessoalmente os pobres e enfermos. Em Bruxelas, em Ostende, em Laeken, acompanhada de uma de suas damas, entrava nos tugúrios daquela pobre gente, sentava-se ao lado dos doentes e informava-se de suas necessidades, dizia-lhes palavras consoladoras, acariciava as crianças e distribuía donativos. Nem sempre a reconheciam; mas, quando descobriam que era a rainha, corriam todos a vê-la e com lágrimas de comoção, inclinavam-se diante dela, bendizendo-a como a uma santa.
4. S. Camilo de Lélis repela freqüentemente a seus companheiros: “Irmãos, considerai que os enfermos são a pupila e o coração de Deus”. Quando certo dia se ocupava no asseio de um doente, foram dizer-lhe que o prior do hospital o chamava. “Dizei a meu senhor que agora estou ocupado com Jesus Cristo; e logo que terminar meu oficio de caridade, lá estarei à disposição de sua senhoria”. No processo de canonização lê-se: “Camilo não só amava os enfermos, mas de certo modo os adorava, porque em cada pobre adorava a pessoa de Jesus Cristo”.
5. S. João de Deus não se preocupava apenas com o cuidado corporal dos enfermos; atendia, acima de tudo, à salvação de suas almas. Dirigia-lhes, por isso, comoventes práticas sobre o amor, e o temor de Deus, sobre a brevidade da vida e o valor do sofrimento, e todos o ouviam com prazer. Quando chegava ao hospital algum novo doente, dizia: “Cure-se primeiro a alma, porque estando sã, Deus curará o corpo”. A maior preocupação do Santo era fazê-los conhecer, amar, e servir a Deus, autor de todo o bem.
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