6 de março de 2010

SANTA MISSA EXPLICADA - PARTE 9

A MISSA DE SÃO PIO V EXPLICADA

Fontes:
- Explicações sobre as partes da Missa: "Curso de Liturgia" - Pe.Reus;
- Citações: "Suma Teológica", de Santo Tomás de Aquino; "Missal Quotidiano e Vesperal", de Dom Gaspar Lefebvre; e "Catecismo Maior de São Pio X;

PARTE IX - COMUNHÃO


“Em continuação, trata-se da “recepção” do sacramento. 1º. Antes de tudo, prepara-se o povo para recebê-lo. Isso se faz primeiramente pela oração comum de todo o povo, que é o Pai Nosso, no qual pedimos “panem nostrum quotidianum da nobis hodie” (“o pão nosso de cada dia nos dai hoje”); e também pela oração particular que o sacerdote recita pelos fiéis, ao dizer: “Libera nos, quaesumus, Domine” (“Livrai-nos, Senhor”). 2º. Esta preparação acontece também por meio da paz, que se dá dizendo: “Agnus Dei” (“Cordeiro de Deus”). Com efeito, este é o sacramento da unidade e da paz. Nas missas de defunto, em que este sacrifício é oferecido, não pela paz presente, mas pelo descanso dos mortos, omite-se a paz.
Dando continuação, segue-se a recepção do sacramento. 1º. Comunga o sacerdote. Depois ele distribui aos outros, porque, como diz Dionísio, quem distribui aos outros os mistérios divinos, deve antes participar deles.
Finalmente, toda a celebração da missa termina com a “ação de graças”. Os fiéis exultam pela recepção do mistério, o que se exprime pela antífona da comunhão. O sacerdote o faz pela oração depois da comunhão, assim como Cristo, tendo celebrado a Ceia com os discípulos, “cantou os salmos” (Mt XXVI, 30)”
(Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.4).

I. “Pater Noster”

“Na Oração Dominical [“Pater Noster”], não somente se pede tudo aquilo que podemos desejar retamente, como também a ordem em que devemos desejar: de tal forma que essa oração nos ensina não só a pedir como também é normativa dos nossos sentimentos” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q.83, a.9).

Em todas as Liturgias, depois da consagração, que é o ato sacrifical, vem a participação dos fiéis no sacrifício, a comunhão. Também no antigo testamento o povo tomava parte em certos sacrifícios pela ceia no templo.

O Pater Noster. As preces desta parte são orações de preparação e de ação de graças. Os frutos da s.comunhão dependem da fé, da humildade, da confiança, do desejo, da caridade de quem se aproxima da santa mesa. Para despertar estes atos a Igreja prescreve orações próprias para êste fim, em primeiro lugar o Padre Nosso. O pão eucarístico é objeto de desejo na quarta petição, segundo o testemunho comum dos Santos Padres. A petição: Perdoai-nos as nossas dividas, tem grande eficácia para purificar a alma e para perdoar os pecados. Também os outros atos mencionados se acham na "Oração do Senhor".

O Padre Nosso, como parte da Liturgia, é indicado por S. Justino (sec. II), S. Cirilo de Jerusalém, S. Jerônimo, S. Agostinho, no fim do IV e no comêço do V século.

Na Liturgia grega e na galicana o Padre Nosso era cantado pelo povo. No rito romano o povo responde com a última petição para dar a entender que o celebrante agiu em nome do povo inteiro. O Amen no fim do Padre Nosso acrescenta-se desde a idade média. É o celebrante quem o diz, confirmando a petição proferida pelos fiéis e as petições precedentes.

O lugar de honra logo depois do cânon foi-lhe assinalado por Gregório Magno. Nas outras Liturgias, como outrora na romana, o Padre Nosso devia-se recitar depois da fração da s. hóstia.

O Embolismo. A última petição do Pater: "livrai-nos do mal", é amplificada pelo embolismo (= acréscimo). O celebrante ora, para alcançar a paz interior e exterior, invocando Maria SS., S. Pedro, S. Paulo e S. André. Antigamente podia-se ajuntar o nome de qualquer santo. O nome de S.André, dizem, foi inserido por devoção especial de S.Gregório.

O Libera provavelmente é uma oração antiga e foi na redação do rito da missa adaptada ao Padre Nosso.

ORÉMUS. Præcéptis salutáribus móniti, et divína institutióne formáti, audémus dícere:
Pater noster, qui es in cælis: sanctificétur nomen tuum: advéniat regnum tuum: fiat volúntas tua, sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum quotidiánum da nobis hódie: et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris. Et ne nos indúcas in tentatiónem,
R. Sed líbera nos a malo.

Líbera nos, quáesumus, Dómine, ab ómnibus malis, prætéritis, præséntibus et futúris: et intercedénte beáta et gloriósa semper Vírgine Dei Genitríce María, cum beátis Apóstolis tuis Petro et Paulo, atque Andréa, et ómnibus Sanctis, da propítius pacem in diébus nostris; ut, ope misericórdiæ tuæ adjúti, et a peccáto simus semper líberi et ab omni perturbatióne secúri. Per eúmdem Dóminum nostrum Jesum Christum, Fílium tuum. Qui tecum vivit et regnat in unitáte Spíritus Sancti Deus,

Per ómnia saécula saeculórum.
R. Amen

OREMOS. Advertidos pelos preceitos do Salvador e instruídos pelos divinos ensinamentos, ousamos dizer:
Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, a não nos deixeis cair em tentação.
R. Mas livrai-nos do mal.


Livrai-nos, Senhor, de todos os males, passados, presentes e futuros, e, pela intercessão da bem-aventurada e gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e André, e de todos os Santos, concedei-nos propício a paz em nossos dias; de modo que, ajudados com os auxílios da vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e assegurados contra toda perturbação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que, sendo Deus, convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo,

Por todos os séculos dos séculos.
R. Ámen.


II. Fração da Hóstia

A "fração do pão". O subdiácono entrega a patena ao diácono, que a dá ao celebrante. Este benze-se com a patena e a beija reverentemente, dizendo: da propitius pacem. A patena é o vaso em que repousa o SS. Sacramento. Tomando "continens pro contento", a patena representa o SS. Sacramento. Venerando a patena, o celebrante honra a Nosso Senhor e recebe d’Ele e por Ele a paz que pede, e com a paz as virtudes sem as quais ela não existe: caridade, humildade, confiança e outras. Sem dúvida, é esta uma boa preparação para a sagrada comunhão. Antigamente dava-se logo o ósculo da paz.

Dizendo: per Dominum nostrum Jesum Christum e confessando crer que em cada parte da s.hóstia está o Filho de Deus presente, parte-a e põe uma metade na patena, continuando: qui tecum vivit et regnat; tira da outra metade uma parte pequena e ajunta-a à que está na patena dizendo: in unitáte Spiritus Sancti, confessando a perfeita igualdade em poder e glória das três Pessoas divinas. É uma doxologia muito própria para o momento da fração do pão eucarístico.

Traçando com a partícula três cruzes sôbre o cálix, diz: pax Domini sit semper vobiscum; indica que da cruz e da Eucaristia brota a paz. Deitando esta partícula no vinho consagrado com as palavras: Haec commixtio et consecratio, etc., enuncia a unidade do SS. Sacramento apesar das duas espécies. Estas cerimônias atuais são convenientes e de profunda significação, escolhidas pela Igreja entre as muitas que estavam em uso.

A fração do pão era cerimônia muito demorada, pois que se deviam romper os pães para a comunhão do povo. Nos primeiros séculos, fazia-se isto em silêncio. No século VII começou-se a cantar o Agnus Dei durante este rito.

Pax Dómini sit semper vobíscum.
R. Et cum spíritu tuo.
Hæc commíxtio, et consecrátio Córporis et Sánguinis Dómini nostri Jesu Christi, fiat accipiéntibus nobis in vitam ætérnam. Amen.


A paz do Senhor seja sempre convosco.
R. E também com o teu espírito.
Que esta mistura sagrada do Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo seja para nós, que os vamos receber, penhor da vida eterna. Ámen.


“A fração da hóstia significa três coisas. Antes de tudo, a divisão sofrida pelo Corpo de Cristo. Em segundo lugar, a distinção do Corpo Místico segundo os seus diversos estados. Enfim, a distribuição das graças advindas da paixão de Cristo, como Dionísio ensina. Daí segue que a fração não implica divisão de Cristo” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.5 ad7)

“Podem-se encontrar dois significados no cálice. Primeiramente, a paixão que este sacramento representa. E, por esta razão, estão simbolizados pela parte colocada no cálice aqueles que ainda participam dos sofrimentos de Cristo.
Em segundo lugar, ele pode significar o gozo eterno, que está prefigurado neste sacramento. Deste modo, estão simbolizados pela parte colocada no cálice aqueles cujos corpos já estão na plena bem-aventurança”
(Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.5 ad9).

“A ressurreição realizada no terceiro dia. É simbolizada por três cruzes traçadas com as palavras: “Pax domini sit semper vobiscum” (“A paz do Senhor esteja sempre convosco”)” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.5 ad3).

III. “Agnus Dei”

O Agnus Dei foi introduzido pelo Papa Sérgio (+ 701) que, oriundo de família síria, conheceu a Liturgia oriental com o seu canto à fração do pão. Assim se explica por que na missa do sábado santo falta o Agnus Dei. Pois nela se guarda o rito antigo sem Agnus Dei. Esta invocação é repetida três vêzes desde o século IX. Na terceira repetição todo o povo pede a paz: dona nobis pacem, na missa solene.

Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi,
R. Miserére nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi,
R. Miserére nobis.
Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi,
R. Dona nobis pacem


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R. Tende misericórdia de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R. Tende misericórdia de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
R. Dai-nos a paz.


IV. Ósculo e Oração da Paz

De novo o celebrante pede a paz na oração: "Domine... pacem relinquo vobis" para toda a Igreja. Na missa solene beija o altar, para indicar que a verdadeira paz tem a sua fonte unicamente em Jesus Cristo. Depois comunica-a ao diácono com as palavras: pax tecum, e êste ao subdiácono e ao clero. Sempre se responde: Et cum spiritu tuo, porque é o espírito do celebrante, que passa adiante.

A paz antigamente se dava aos fiéis no principio da missa. Mas foi transferida para antes da comunhão como uma excelente preparação para ela. Nas missas de réquie a paz não se dá, porquanto neste caso a paz e a graça de Deus se aplicam em primeiro lugar às almas do purgatório,

Dómine Jesu Christe, qui dixísti Apóstolis tuis: Pacem relínquo vobis, pacem meam do vobis: ne respícias peccáta mea, sed fidem Ecclésiæ tua; eámque secúndum voluntátem tuam pacificáre et coadunáre dignéris: qui vivis et regnas Deus per ómnia sæcula sæculórum. Amen.

Senhor Jesus Cristo, que dissestes aos vossos Apóstolos: "Deixo-Vos a paz, dou-vos a minha paz", não olheis para os meus pecados, mas para a fé da vossa Igreja; dignai-Vos, como é desejo vosso, dar-lhe a paz e unidade, Vós que, sendo Deus, viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Ámen.


V. Orações para a Comunhão

As duas orações: Domine Jesu Christe Fili Dei, e Perceptio são a preparação pessoal do celebrante, em uso desde o século IX, introduzidas por devoção particular. Na primeira o celebrante pede perdão dos pecados e perseverança até à morte; na segunda a graça de ser preservado da comunhão sacrílega e a graça de receber os frutos da comunhão digna.

O celebrante adora Nosso Senhor sacramentado e, cheio de confiança, diz: "Receberei o pão do céu e invocarei o nome do Senhor", repetindo três vêzes as palavras do centurião: Domine, non sum dignus. Depois dá a si mesmo a bênção eucarística com as palavras: Corpus Domini N. I. C.I custodiat, e comunga. Agradece intimamente a graça recebida: quid retribuam Domino. Lembrando-se da ordem do Senhor: "fazei isto em memória de mim", continua dando a prova de amor: Calicem salutaris accipiam. Depois dá a si mesmo a bênção eucarística com as palavras: Sanguis Domini N. J. C. custodiat, e comunga reverentemente.

O momento mais solene da missa em geral é a vinda do Senhor para o altar na consagração. O momento mais solene para uma pessoa particular é o da comunhão. O Senhor, que desceu do trono celestial, fica no trono do altar só poucos minutos, para entrar depois no coração dos seus escolhidos e ai colocar para sempre o seu trono de misericórdia.

A comunhão espiritual dá ao menos uma parte dos frutos da comunhão sacramental. No rito galicano, depois do Pater noster dava-se a bênção aos que não comungavam. Estes também recebiam as eulogias, pães bentos não consagrados, os quais ainda se usam nos ritos orientais e em algumas regiões do Ocidente (certos lugares da Suíça e na diocese de Lião).

Dómine Jesu Christe, Fili Dei vivi, qui ex voluntáte Patris, cooperánte Spíritu Sancto, per mortem tuam mundum vivificásti: líbera me per hoc sacrosánctum Corpus et Sánguinem tuum ab ómnibus iniquitátibus meis, et univérsis malis: et fac me tuis semper inhærére mandátis, et a te numquam separári permíttas: Qui cum eódem Deo Patre et Spíritu Sancto vivis et regnas Deus in saécula sæculórum. Amen.

Percéptio Córporis tui, Dómine Jesu Christe, quod ego indignus súmere præsúmo, non mihi provéniat in judícium et condemnatiónem: sed pro tua pietáte prosit mihi ad tutaméntum mentis et córporis, et ad medélam percipiéndam: Qui vivis et regnas cum Deo Patre in unitáte Spíritus Sancti Deus, per ómnia saécula sæculórum. Amen.


Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, que, por vontade do Pai e com a cooperação do Espírito Santo, destes com a vossa morte a vida ao mundo, livrai-me, por este vosso sacrossanto Corpo e Sangue, de todas as minhas iniquidades e de todos os males; fazei que eu seja sempre fiel cumpridor dos vossos mandamentos e não permitais que jamais me afaste de Vós, que, com o mesmo Deus Pai e o Espírito Santo, viveis e reinais, Deus, pelos séculos dos séculos. Ámen.

Que a comunhão do vosso Corpo e Sangue, Senhor Jesus Cristo, que eu, embora indigno, ouso receber, não seja para juízo e condenação minha, mas antes, pela vossa misericórdia, me sirva de proteção e remédio para a alma e para o corpo, Vós que, sendo Deus, viveis e reinais com Deus Pai na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Ámen.

”Como na vida corporal, após ter o homem nascido e estar fortificado, ele tem necessidade dos alimentos para sustentar-se e conservar-se, assim também na vida espiritual, após ter recebido a força, lhe é necessário o alimento espiritual, que é o Corpo de Cristo. Lê-se em São João: “Se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós” (Jo VI, 54)” (Santo Tomás de Aquino, “Expositio super Symbolo Apostolorum”)

“Os principais efeitos que a Santíssima Eucaristia produz em quem a recebe dignamente são estes: conserva e aumenta a vida da alma, que é a graça, assim como o alimento material sustenta e aumenta a vida do corpo; perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais; produz consolação espiritual.

A Santíssima Eucaristia produz em nós outros três efeitos, a saber: enfraquece as nossas paixões, e em especial amortece em nós o fogo da concupiscência; aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em conformidade com os desejos de Jesus Cristo; dá-nos um penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo.

Para fazer uma comunhão bem feita, são necessárias três coisas: estar em estado de graça; estar em jejum desde uma hora antes da comunhão; saber o que se vai receber e aproximar-se da sagrada comunhão com devoção (...)

(...) No ato de receber a sagrada comunhão, devemos estar de joelhos, com a cabeça medianamente levantada, com os olhos modestos e voltados para a sagrada Hóstia, com a boca suficientemente aberta e com a língua um pouco estendida sobre o lábio inferior. Senhoras e meninas devem estar com a cabeça coberta”
(Catecismo Maior de São Pio X).

Panem cæléstem accípiam, et nomen Dómini invocábo.

(3x) Dómine, non sum dignus, ut intres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanábitur ánima mea.

Corpus Dómini nostri Jesu Christi custódiat ánimam meam in vitam ætérnam. Amen.

Quid retríbuam Dómino pro ómnibus quæ retríbuit mihi? Cálicem salutáris accípiam, et nomen Dómini invocábo. Laudans invocábo Dóminum, et ab inimícis meis salvus ero.

Sanguis Dómini nostri Jesu Christi custódiat ánimam meam in vitam ætérnam. Amen.

Tomarei o pão do céu, e invocarei o nome do Senhor.

(3x) Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada; mas dizei uma só palavra, e minha alma será salva.

O Corpo de nosso Senhor Jesus Cristo guarde a minha alma para a vida eterna. Ámen..

Que hei-de eu retribuir ao Senhor por tudo quanto Ele me concedeu? Tomarei o cálix da salvação, e invocarei o nome do Senhor. Em louvores invocarei o Senhor, e livre serei dos meus inimigos.

O Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo guarde a minha alma para a vida eterna. Ámen.

VII. Abluções

A fé nos ensina que Jesus Cristo está presente na partícula mais insignificante do pão e vinho consagrados. Por isso a Igreja prescreve a purificação do corporal, da patena e do cálix. O cálix e a boca do celebrante purificam-se com vinho, os dedos com vinho e água. Durante estas cerimônias recitam-se as orações: Quod ore sumpsimus, e Corpus tuum Domine quod sumpsi; estas orações outrora eram privadas. A forma no plural Sumpsimus explica-se pelo fato de ser esta oração a póscomunhão da quinta-feira na semana da paixão. Também Corpus tuum foi uma póscomunhão de origem galicana. O rito da ablução formou-se aos poucos na idade média.

Quod ore súmpsimus, Dómine, pura mente capiámus: et de múnere temporáli fiat nobis remédium sempitérnum.

Corpus tuum, Dómine, quod sumpsi, et Sanguis, quem potávi, adhaéreat viscéribus meis: et praésta; ut in me non remáneat scélerum mácula, quem pura et sancta refecérunt sacramenta: Qui vivis et regnas in saécula sæculórum. Amen.


Com pureza de alma recebamos, Senhor, o que em nossa boca tomamos. Este dom, que nos foi concedido no tempo, remédio nos seja para a eternidade.

O vosso Corpo, Senhor, que eu comi e o vosso Sangue que eu bebi se unam às minhas entranhas; refeito que fui com estes puros e santos sacramentos, fazei que em mim não fique mancha alguma de pecado, Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Ámen.


“O vinho, em razão de sua umidade, é capaz de lavar. Por isso, o sacerdote o toma depois da comunhão deste sacramento para lavar a boca a fim de que aí não fique alguma partícula. Isso é por causa do respeito devido ao sacramento (...) pela mesma razão derrama um pouco de vinho sobre os dedos que tocaram o Corpo de Cristo” (Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q.83, a.5 ad10).

VII. “Communio”

Depois de o celebrante ter tomado o SS. Sangue, o coro entoa a comunhão (= antiphona ad Communionem),que é diferente conforme as festas e os tempos eclesiásticos. Lembra esta rubrica (Communio) que durante a comunhão do povo se cantava um salmo inteiro, de preferência o salmo 33: Benedicam Dominum in omni tempore, com a antífona: Gustate et videte quoniam suavis est Dominus. Quando mais tarde somente o celebrante comungava, omitiam-se os versos e cantava-se só a antífona. Na Liturgia romana, só a comunhão da missa de réquie conserva ainda um verso. O celebrante recita a comunhão depois da ablução dos dedos.

*Exemplo de “Communio”, da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus:

“E um dos soldados abriu-Lhe o lado com a lança e logo jorrou água e sangue” (Jo XIX, 34).

“Se alguém tem sede, venha a Mim e beba, aleluia, aleluia” (Jo VII, 37) (Tempo Pascal).


IX. “Post-Communio”

Em todas as Liturgias, depois da comunhão, está prescrita uma oração para agradecer o dom recebido. É a póscomunhão. Verdade é que ela no rito romano raras vezes relativamente contém uma ação de graças formal. Assim a póscomunhão no 3.° domingo da quaresma: A cunctis... reatibus é indicada como secreta da missa do sábado da semana da paixão. Em geral a Igreja pede que os frutos da comunhão ou do s. sacrifício sejam aplicados aos fiéis. Esta instância inclui a gratidão, porquanto só se deseja o que se avalia com sentimentos de gratidão. Em lugar de Post-communio, esta oração tinha no sacramentário gregoriano a denominação: ad complendum: oração final. Nas Liturgias antigas, p.ex., das constituições apostólicas, a ação de graças é muito solene.

Nas férias da quaresma, depois do Postcommunio reza-se a oratio super populum, que tem o caráter de uma última bênção para o povo. O diácono anuncia-a pelo convite: Humiliate capita vestra Deo. Atualmente só está prescrita durante a quaresma. Mas nos livros antigos acha-se em muitos domingos, até em várias festas solenes: natal, epifania, pentecostes. O rito moderno tem a sua origem nas abreviações necessárias e no desenvolvimento da bênção final.

* Exemplo de “Post-Communio”, da Missa em honra do Sagrado Coração de Jesus:

“Que estes sagrados mistérios, Senhor Jesus, nos inflamem no amor divino: o qual nos faça sentir as suavidades do vosso Coração e nos ensine a desprezar a Terra e a amar o Céu. Vós que viveis e reinais (...)”.

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