11 de dezembro de 2017

As Mais Belas Histórias do Cristianismo - Parte 19

19. AS CATACUMBAS ROMANAS

Símbolo indestrutível da vida dos cristãos nos primeiros tempos, as catacumbas romanas se estendem pela Roma subterrânea, através de imensas galerias que atestam a grande fidelidade da Igreja primitiva.
Perseguida sobre a terra, impedida de oferecer a Deus o santo sacrifício à luz do sol, a cristandade se colocou sob a terra, desceu à profunda cidade subterrânea, escondendo-se de seus algozes tiranos e entregando-se à vida recolhida de oração.
Designavam as catacumbas, primeiramente, o cemitério subterrâneo situado sob a Via Ápia junto à Basílica de São Sebastião. Por existir perto daí uma depressão do terreno, este cemitério se chamou catacumba do grego kaia, perto de, e kimbos, cavidade. O mesmo nome se estendeu depois a todos os cemitérios subterrâneos de Roma.
Já no Egito e na Fenícia há muito se construíram os cemitérios subterrâneos e em outras partes encontram-se também vestígios de semelhantes necrópoles.
São as catacumbas de Roma as mais importantes, as mais gigantescas do mundo e dentre as mais antigas encontram-se as de Comodila, na Via Ostiense, onde repousou o corpo de São Paulo, as de Santa Priscila, Santa Domitila, São Clemente e São Sebastião.
Durante as perseguições, os cristãos se reuniam nas catacumbas para praticar seus cultos. Aí se fazia também a catequese, e à sombra dos milhares de mártires que sacrificaram sua vida por Cristo, os cristãos hauriam a força e resistência para suportarem as perseguições e o martírio.
Flávia Domitila, a sobrinha de Vespasiano, que se tornou cristã, mandou cavar em terrenos de sua propriedade uma sepultura para membros de sua família, que eram cristãos.
Ao lado, mandou cavar galerias funerárias para os cristãos que pertenciam às classes mais humildes. E foi assim que se multiplicaram estas necrópoles subterrâneas ao longo das estradas romanas, e que se alargavam sempre mais com o crescimento constante da Igreja.
Em alguns pontos estes corredores chegam a ter cinco andares e os mais fundos têm mais de vinte metros de profundidade. As catacumbas se estendem mais ou menos ao longo de 1200 quilômetros de comprimento.
São lugares maravilhosos, onde não sabemos o que mais admirar: se a constância dos cristãos que aí recolhidos vivia ma sua fé, se a imensidade destes cemitérios, com as suas salas vastas, ou se as grandes decorações e pinturas, que a arte cristã primitiva aí gravou, retratando cenas do Antigo Testamento, ou então as mais belas passagens do Evangelho de Cristo.
As numerosíssimas inscrições que se encontram nas catacumbas apresentam grande importância histórica, porque revelam documentos sobre a vida e fé dos primeiros cristãos, confirmando que os dogmas da Igreja primitiva eram substancialmente os mesmos da Igreja atual. Além disto, as numerosas pinturas nos permitem estudar a singeleza da arte cristã primitiva.
O fato dos cristãos terem descido às catacumbas, para honrarem os santos mártires, celebrarem os seus sagrados mistérios, e aí encontrarem um abrigo que os garantiria em meio às perseguições, não nos permite concluir que nos primeiros tempos este era o seu único "modus vivendi".
Se assim o fosse, como poderíamos explicar o seu crescimento, não apenas na própria sociedade romana, como também sua progressiva difusão por todo o Império?
E Tertuliano, o grande escritor eclesiástico, desfaz qualquer dúvida, quando afirma: "Nós, os cristãos, não vivemos à margem do mundo.
Frequentamos o Foro, os balneários, as oficinas, as lojas, os mercados, as praças públicas. Somos marinheiros, soldados, agricultores e negociantes".
Na Carta a Diogneto, afirma-se que "os cristãos não se diferenciam das demais pessoas, nem pelas vestes, habitação, nem pelos alimentos."
Mas apesar de tudo isto, as dificuldades eram inevitáveis entre os cristãos e a sociedade pagã, e aumentavam sempre, dada a influência cada vez maior da nova doutrina.
E foi assim que os cristãos começaram com suas reuniões clandestinas, favorecidos pela lei romana que respeitava como sagradas as propriedades onde dormiam os mortos.
As catacumbas tornaram-se em nossos tempos centro de curiosidade e de visitas de todos aqueles que vão à cidade eterna.
Através dos ambulacros podem-se observar os grandes nichos que se cavaram ao longo das paredes. Aí estiveram os corpos dos mártires do cristianismo, e de respeito e veneração cobrimos estes lugares santificados pela presença dos heróis da fé cristã.
Assim são as catacumbas, "verdadeiras cidades da noite e da morte", no dizer de Daniel-Rops, terra santa que nos lembra o frescor da caridade e fidelidade de nossos primeiros irmãos cristãos.
Aí se encontram as mais belas inscrições que foram gravadas pelo sangue dos mártires do cristianismo ! Os seus nomes permaneceram sobre um pedaço de argila ou em pedras, como verdadeiros símbolos de uma época de fé e fortaleza, para a admiração da posteridade.
São as catacumbas a imagem da Igreja primitiva, onde se conservam as mais belas relíquias do cristianismo.
Relíquias dos corpos dos santos mártires, relíquias da pujança e vitalidade do cristianismo que surgiu glorioso das catacumbas romanas para conquistar o mundo.

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