21 de dezembro de 2017

Sermão para o Primeiro Domingo do Advento – Padre Daniel Pinheiro, IBP

[Sermão] Advento: Tempo de confiança em Deus


Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria…
“Excita, quǽsumus, Dómine, poténtiam tuam, et veni.” Manifestai, Senhor, nós vos pedimos, a Vossa potência e vinde.
O tempo do Advento, caros católicos, é o tempo em que lembramos a esperança da vinda do Messias. A esperança que tinham os patriarcas e profetas. A vinda do Messias, a encarnação do Verbo, manifesta de modo perfeito a infinita onipotência de Deus e a Sua infinita misericórdia a um só tempo. O poder de Deus capaz, então, de encarnar-se, fazer-se homem pela Sua misericórdia, fazer isso para a nossa salvação. E baseados na onipotência de Deus e na Sua misericórdia é que podemos fazer Cristo nascer em nossa alma, ou fazer que seja mais profunda a presença de Cristo em nossa alma nesse tempo do Advento.
O tempo do Advento, caros católicos, é tempo de esperança, é tempo de confiança em Deus. O motivo formal da esperança é, de um lado, a onipotência de Deus – Deus tem o poder, Ele pode nos ajudar – e por outro lado, a Sua misericórdia – Ele quer nos ajudar. Podemos esperar e confiar infinitamente nAquele que é onipotente, nAquele que é infinitamente misericordioso.
Devemos, então, considerar as palavras do introito, que dão o tom não só para essa Missa do Primeiro Domingo do Advento, mas para todo o tempo do Advento. Devemos entranhar em nossa alma a disposição que é expressa no introito, nas primeiras palavras da Missa de hoje. “Ad te levávi animam meam.” A Vós, Deus, elevei a minha alma. Devemos ordenar inteiramente a nossa alma, o nosso ser a Deus. Devemos nos elevar inteiramente a Ele. E, fazendo isso, poderemos, então, confiar em Deus. “In te confido.” Em Vós, Deus, confio inteiramente. Porque Deus é onipotente e misericordioso, porque as palavras Dele não passam, como Ele mesmo diz no evangelho de hoje. Posso confiar nAquele que manifestou a Sua onipotência e a Sua misericórdia desse modo estupendo que é a Encarnação. Em Vós, meu Deus, confio inteiramente. “Non erubéscam.” Não me envergonharei. Não tenho vergonha se ando com Deus, se ando na luz. Por que deveria eu me envergonhar se assim caminho na presença de Deus e unido a Ele? Não devo envergonhar-me de nada e de ninguém, absolutamente, mas preocupar-me com a união com Deus. “Neque irrídeant me inimíce mei.” Nem zombarão de mim, os inimigos de minha alma. A carne, o mundo e o demônio, que querem me levar ao pecado. Não zombarão de mim, certamente, no dia do juízo, quando será dado o prêmio pela vida de virtude que procurei aqui praticar. Se zombam de nós aqui na terra, ou se zombam de mim aqui na terra, logo mudarão e admirarão ou perseguirão seriamente, se eu persevero na virtude. A zombaria não vai durar muito tempo. “Univérsi, qui te exspéctant, non confundéntur.” Todos os que esperam em Vós, não serão confundidos. Salvar-se-ão todos os que esperam em Deus, buscando realmente apoiar-se nEle, buscando sinceramente a salvação. Não serão confundidos no dia do juízo, mas encontrarão o justo juízo de Deus. “Vias tuas, demónstra mihi: et semitas tuas édoce me.” Mostrai-nos, os vossos caminhos, ensinai-nos os vossos atalhos. O caminho de Deus é um caminho de luz e não de sono ou de trevas. Como nos diz São Paulo, precisamente na epístola “… hora est jam nos de somno súrgere”. É já a hora de surgirmos (levantarmos), de nos despertar do sono. Despertar de nossa preguiça, de nossa lentidão, para servir a Deus. Despertar das trevas, para andar na luz. Lembrar que estamos sempre na presença de Deus, caros católicos, sempre na luz. Devemos, então, deixar as obras das trevas, para caminhar durante o dia, como nos diz São Paulo. A luz do dia colocará às claras todas as nossas obras. Essa luz do dia é a ciência divina, que conhece tudo, que manifestará tudo para nossa própria alma no dia do nosso juízo particular, e essa luz que é a ciência divina que manifestará tudo a todos no dia do juízo universal, no dia do juízo final.
Devemos, então, caros católicos, baseados na onipotência divina e na Sua misericórdia, procurar alcançar nesse tempo do Advento, uma das graças que é própria desse tempo: a confiança em Deus. Tenhamos essa confiança, como tiveram os patriarcas e os profetas. Confiaram na vinda do Messias, prepararam essa vinda. Devemos nós confiar de igual maneira nas promessas de Deus, que diz que quer a nossa salvação, que diz que nos dá aquilo que pedimos bem pela oração e quando nos dispomos seriamente a viver bem. Peçamos e iremos receber de Deus aquilo que necessitamos para a nossa salvação. Elevemos a nossa alma a Deus e assim poderemos confiar nEle plenamente. Não nos envergonharemos e nem zombarão de nós os nossos inimigos, nem seremos confundidos aqui nessa vida e no momento do juízo. Preparemos, então, sempre a habitação para Cristo em nossa alma, para que possamos imitá-lO em tudo.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

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