31 de dezembro de 2017

As Mais Belas Histórias do Cristianismo - Parte 22

22. A CRISTIANIZAÇÃO DA SOCIEDADE

Após três séculos de lutas pela sua sobrevivência, em que Nosso Senhor permitiu as maiores provações que mais a solidificariam, a Igreja pôde respirar tranquila e refletir nas palavras do seu Fundador: "Tende confiança, eu venci o mundo".
Sem dúvida, a vitória viera com Constantino, que deu aos súditos liberdade de culto, protegeu os cristãos, os admitiu na Côrte e mandou erguer por toda parte belas Igrejas e Basílicas, na consagração do cristianismo.
A sociedade romana entrava em sua decadência e cedia lugar à sociedade cristã, cujos costumes puros e sadios iriam dignificar a pessoa humana. Era a evidência dos valores do homem,sobrenaturalizados pela doutrina cristã.
As virtudes que poderiam se encontrar no mundo pagão são reavivadas e reanimadas pelo cristianismo, espiritualmente valorizadas, ao lado de muitas outras até então desconhecidas e que tinham a sua base na humildade, que inclina o homem a se estimar em seu justo valor e a buscar o abatimento e o desprezo. E a Igreja soube preparar a renovação que teve em vista, fundando instituições que correspondessem às exigências do homem "novo", e procurando impregnar de princípios a sociedade pagã na qual ia exercendo a sua influência.
E no plano social, a Igreja, consagrada pelas grandes e magistrais Encíclicas dos Papas, como a última de João XXIII, "Mater et Magistra", fez valer sempre a sua autoridade, e desde os primeiros séculos a encontramos na luta pela justiça e pela equidade, afastando a miséria, e exigindo o mínimo de conforto necessário à dignidade humana.
Documentos dos Santos Padres alardeiam esta preocupação da Igreja, e as Cartas do Papa Clemente, segundo sucessor de Pedro, e a Didaqué mostram este cuidado para com a missão da caridade. "Há um motivo, exclama Santo Ambrósio, que nos deve impelir a todos para a caridade; é a piedade para com a miséria alheia e o desejo de a aliviar, na medida e até acima de nossas forças".
Os Papas dos três primeiros séculos foram solícitos na caridade e no socorro aos miseráveis, e no século IV a ação social da Igreja se faz presente de modo admirável, socorrendo os povos, instituindo nas grandes cidades, como Roma e Alexandria, as suas obras de assistência, como hospitais, asilos de órfãos e velhos.
Os escravos eram tratados com mansidão e postos em liberdade. "Entre nós, diz Lactâncio, ninguém estabelece diferença entre senhores e escravos".
O papel da mulher é dignificado no mundo e foi a Igreja que a engrandeceu perante a sociedade e a colocou no justo e digno lugar que ainda hoje ocupa, como a guardiã das mais nobres virtudes. A virtude da virgindade foi exaltada, e o casamento, santificado pela união dos esposos num amor mútuo, e indissolúvel, como o próprio Cristo ama a sua Igreja.
Lançados os princípios, os costumes da sociedade forçosamente se renovariam. Erguem-se os Bispos contra os jogos que no mundo pagão, ao invés de distrair os espíritos, eram motivos de chacinas e crimes, e em breve eles vão desaparecer. A sociedade pagã viciada comprazia-se diante dos divertimentos da arena e do anfiteatro, espetáculos monstruosos e desumanos, verdadeiras aberrações para uma sociedade civilizada. Manifesta a Igreja a sua indignação contra tudo isto, condenando estes divertimentos nocivos e criminosos.
O Igreja lutou contra eles e conseguiu o seu triunfo total. Vitória que veio aos poucos, concretizando-se quando decisiva se tornou no mundo a influência da Igreja, que renovou as bases humanas e dignificou os seus verdadeiros valores. Juliano, o apóstata, tudo fizera para restituir Roma ao paganismo. Fôra impotente diante da firmeza do cristianismo, cujo princípios construíram o seu esplendor.
No meio da glória de suas conquistas, ferido mortalmente em uma batalha, na sua raiva contra Cristo, recolhe Juliano o sangue que lhe escorria da ferida e lançando-o como desafio ao céu, brada: "Tu venceste, Galileu"! Com a sua morte o paganismo chegava ao seu final.
Surgiu Teodósio, um dos melhores Príncipes que regeram o Império Romano. A verdadeira Roma era já a Roma cristianizada, transformada pelo Evangelho de Cristo. Príncipe cristão, tinha por conselheiros a Santo Ambrósio, o grande bispo do Milão, e a Dâmaso, o mais notável Papa do século.
Em 380, promulga em Tessalonica o edito que torna o cristianismo religião oficial do Estado. "Todos os povos devem aderir à fé transmitida aos romanos pelo Apóstolo Pedro, que professam o Pontífice Romano Dâmaso, e o bispo Pedro de Alexandria, isto é, reconhecer a Santíssima Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Sinto". "Todos os povos do Império devem aderir à fé cristã", O cristianismo conquistou a sociedade cuja renovação vinha preparando desde a sua origem.
O Império chegava à sua decadência, fruto dos desmandos de muitos de seus Imperadores, e evitá-la já era impossível. Fora minada a sua cidadela pelo luxo e sede do gozo, e agora se destrói a antiga civilização romana esmagada pela invasão dos bárbaros.
Roma, a Rainha do Império, perdeu a sua soberania absoluta, viu quebrado o cetro de seu poder temporal, mas conquistou um império mais glorioso e mais nobre: o império sobre as almas, tornando-se o centro do catolicismo.
Fecham-se para a Igreja as primeiras páginas de um livro glorioso que ela escreveu com a fé de seus primeiros cristãos, com o heroísmo de seus mártires, com a sabedoria e inteligência de seus escritores: " A Igreja Primitiva".
Estava cumprida a sua primeira grande missão, misteriosamente ajudada por um poder sobrenatural."
A Igreja continuará a escrever novas páginas, na obra maravilhosa de 20 séculos de existência. São as mais belas páginas de amor cristão e santidade, que se opõem à falsidade, ao ateísmo, ao absurdo de uma volta ao paganismo, páginas gloriosas da divindade da Igreja, instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, que com ela estará todos os dias, até à consumação dos séculos: "Usque ad consummationem saeculi"!

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