27 de agosto de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 169

A DEVOÇÃO DE UMA VARREDORA

Faz poucos anos — diz o Padre Fessart, jesuíta — eu pregava a Quaresma numa paróquia de Paris. Era um domingo. Pelo meio-dia, pouco antes da Missa, fui ao confessionário. Apresentou-se-me ali uma moça de aspecto simples e pobre. Desejoso de melhor ajudar a alma que Deus me enviava, perguntei-lhe pela sua condição.
— Padre, respondeu-me, de manhã estou no emprego de varrer rua e, depois do meio-dia, ganho um dinheirinho consertando roupas velhas.
E começou a sua confissão.
Foi-me dado penetrar no santuário de uma alma muito humilde e muito pura, que se julgava à luz d’Aquele que descobre manchas até nos Anjos.
Profundamente comovido ao considerar o que Deus devia ter feito naquela alma privilegiada, e pensando nos perigos que a cercavam, perguntei-lhe:
— Minha filha, como vos conservais fiel a Deus, achando-vos continuamente no meio de gente sem fé e sem lei, que tem no coração ódio e nos lábios blasfêmias contra Deus?
— Padre, eu comungo todos os domingos...
— Mas o que vedes e ouvis no meio daqueles varredores de rua não faz alguma impressão em vós, em vossa alma?
E sempre com a mesma simplicidade aquela seráfica menina me respondeu:
— Padre, eu não vejo nada; vivo no meu coração e nele só há lugar para a minha Comunhão. Jesus veio esta manhã, Jesus virá domingo próximo; este é o meu único pensamento, e o domingo me absorve.
— Comungaste esta manhã?
— Ainda não, Padre; ganho muito pouco, apenas o necessário para o sustento de minha pobre mãe doente, tanto que sou constrangida a varrer também nos domingos; mas largo da vassoura às 11 horas e assim posso, depois de confessar-me, fazer a Comunhão na Missa do meio-dia...

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