Conferência XVII
Parte 3/9
B - Mas veio Cristo, o Filho de Deus. Veio não só para resgatar o homem do pecado, mas também, para restituir ao matrimônio a sua forma primitiva que Deus lhe dera, a princípio no paraíso terrestre, e elevar mesmo à dignidade de sacramento a união conjugal. Também ele o proclamou formalmente: "Que o homem não separe o que Deus uniu" (Mc 10, 9).
Ensinou também que a união e a fidelidade conjugal deviam ser absolutas e sem reservas, de modo que não se pode tocá-la nem sequer em pensamento: "Eu vos digo que quem olhar uma mulher cobiçando-a já pecou com ela em seu coração" (Mt 5, 28).
Eis o ideal do casamento para todos que querem ser verdadeiros discípulos de Cristo.
Mas o que Cristo proclamou e exigiu tão categoricamente, alguém teria um momento qualquer o direito de querer "reformá-lo"?
C - Devemos, pois, confessar abertamente esta verdade, que não foi o homem quem inventou o casamento, mas sim que ele foi estabelecido pelo Criador da natureza humana, Deus. Devemos confessar que no casamento, já em épocas anteriores ao cristianismo, havia traços sobrenaturais: sua instituição divina; mas que o casamento cristão tornou-se alguma coisa mais: um sacramento.
Mas, se é assim, se o casamento é por sua natureza uma "res sacra', uma "coisa santa", se o próprio casamento cristão é um "sacramentum", um "sacramento", é claro que o homem não pode mudar suas leis fundamentais; é claro que sua essência não depende da vontade do homem, e que o homem na questão do matrimônio não pode reivindicar para si mesmo autonomia, "poder legislativo".
Mas, após isto, é claro que o caos atual e a funesta situação atual que justamente reinam nesta questão tem por causa os ataques audaciosos das paixões humanas contra as leis eternas do casamento e a extirpação de suas raízes vivificantes. Extirpação que consiste em arrancá-los do solo divino, e querer "reformar" o casamento segundo as exigências da natureza humana sensual.
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