1 de agosto de 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 156

O VIÁTICO LEVADO EM AVIÃO

Era um bravo soldado francês e estava em terras de Argélia, na África, lutando contra os inimigos de sua pátria. Por seu valor, e talento chegara em pouco tempo a comandante... Cristão e piedoso fora em sua infância, cristão e piedoso em sua juventude e, agora, nos campos de batalha e nas tendas de campanha era ele muito mais piedoso e cristão.
Recebeu ordem de avançar e avançou até internar-se no deserto muito distante das cidades onde viviam os europeus. Estava em frente do exército dos árabes e tinha consigo apenas um regimento de soldados. Teve que dar batalha; nela o nosso comandante lutou como um leão. Fugiram vencidos e completamente derrotados os inimigos; ele, porém, recebeu uma bala no peito e caiu na areia candente do deserto sob um sol abrasador. Acorreu o médico, examinou a ferida e franziu a testa com visível mau humor.
— Doutor, — disse-lhe o comandante, — não me oculteis a verdade: Estou ferido de morte?
O médico replicou friamente:
— Pode ser.
— Está bem, — disse o moribundo com a maior serenidade. — Vou perguntar-vos outra coisa: Quantas horas julgais que posso viver?
— Três horas... quatro no máximo. ..
— Morrer, morrer... — exclama o comandante — isso não me aterra. O que sinto é ter que morrer aqui no deserto sem um sacerdote que me absolva, sem o consolo da divina Eucaristia.
Ao ouvir estas palavras, um aviador, que estava ali perto, disse-lhe:
— Meu comandante, se quiserdes agora mesmo tomo o meu avião, que voa mais que os pássaros, e antes de três horas estarei aqui de volta com o padre.
— E onde ireis buscar esse sacerdote? Daqui ao primeiro lugar aonde podereis ir buscá-lo há mais de duzentos quilômetros.
— É verdade, meu comandante; por isso mesmo, não há tempo a perder. — Senhor Doutor, conservai-lhe a vida três horas ao menos, que antes disso eu estarei aqui com um sacerdote.
Era um relâmpago aquele aviador. Subiu ao aparelho e em poucos instantes já havia desaparecido no horizonte. Entretanto, o comandante, moribundo, beijava com fervor o seu Crucifixo e dizia:
— Três horas de vida, Senhor, três horas até que venha um sacerdote... até que me deem o vosso sagrado Viático.
Deixemos o moribundo por um instante. Voemos com o aviador. Já chegou felizmente a Laghouat, onde está o hospital francês. Corre ao padre Capelão e diz-lhe:
— Padre, quer subir comigo ao avião? Temos que percorrer duzentos quilômetros. Lá está a morrer um comandante e não quer morrer sem um padre e sem a comunhão. Se o sr. vai, não podemos perder nem um minuto.
— Pois não... neste instante — responde o Capelão.
E corre à capela e toma consigo a hóstia santa e os santos óleos. Sobe ao avião, e o aviador toma o volante do aparelho.
Antes das três horas convencionadas estava o Capelão à cabeceira do comandante moribundo. Ouviu-lhe a confissão, deu-lhe a absolvição e apresentou-lhe a divina Eucaristia.
Naquele momento solene, soldados e oficiais enchiam a tenda onde agonizava o valente comandante. O sacerdote elevou em suas mãos a hóstia santa e disse: Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira os pecados do mundo.
O sacerdote inclinou-se para depositar a branca hóstia nos lábios do herói. O comandante abriu pela última vez os olhos e exclamou do fundo da alma:
— Obrigado, meu Deus, obrigado...
Momentos depois, o Capelão, chorando como criança, dizia:
— Morreu um herói... morreu um santo.
Sim, quem morre amando a Jesus como este comandante, certamente morre como um santo.

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