16 de janeiro de 2009

OS SETE PECADOS CAPITAIS (4)


PECADOS CAPITAIS (4)

A. Boulenger
(Doutrina Católica – Manual de Instrução Religiosa – 2ª Parte - Moral)



6. IRA


1º. Natureza. Ira é um movimento desordenado da alma que se revolta contra o que não lhe apraz. Muitas vezes, é o resultado do orgulho que se julga melindrado, e quer desforçar-se. Mas é também uma paixão proveniente da índole, e que a vontade custa a senhorear.


Nem sempre alcança, a ira, o mesmo grau de violência. Por isso distinguem-se:


a) a impaciência;
b) a raiva;
c) o arrebatamento, que se derrama em berros e desaforos;
d) o furor, que se traduz por insânias, acessos próximos da loucura;
e)a vingança, que é o desejo cultivado de prejudicar a quem nos desagradou.


Há certa cólera que não é pecado. Vem a ser, apenas, justa indignação, quando se manifesta dentro de limites razoáveis: na hora azada, contra quem a merece, e com intensidade prudente. Um pai de família se mostrará oportuna e eficazmente irritado com o comportamento mau do filho, e infligirá uma correção enérgica que produza frutos de emenda. Um superior de comunidade, no desempenho do seu cargo, castiga publicamente uma ofensa à regra. A cólera, então, não é vício, é virtude. Na Sagrada Escritura, temos muitos fatos destes. Moisés, ao deparar com o bezerro de ouro, deixa-se arrebatar pelo furor da ira santa, e quebra as tábuas da Lei (Ex XXXII, 19). Deus, muitas vezes, ira-se contra os pecadores (Sl CV, 40). Nosso Senhor lança mão do chicote, e tange para fora, irado, os vendilhões do Templo (Mt XXI, 12). Zanga com os Fariseus, que andavam espiando, para ver se haveria de curar, em dia de Sábado, o enfermo com a mão ressequida (Mc III, 5). São cóleras santas que têm justificativa no fim almejado: debelar ou fustigar o mal, e emendar os pecadores.


2º. Efeitos. A ira gera as disputas, as quisílias, doestos e vitupérios, brados e invectivas, rancor, ódios, assassínios e demandas.


3º. Malícia. Quando a cólera provém da índole, do gênio, é culpa venial só, a não ser que se desmande em crises, e seja deliberada. Quando inclui o desejo desnorteado de vingança, ofende a justiça ou a caridade, e então é pecado grave.


4º. Remédios. Para amordaçar e refrear a cólera, é preciso:


a) atalhar logo o primeiro ímpeto;
b) lembrar-se do preceito do Senhor: "Amai vossos inimigos ... fazei o bem aos que vos odeiam" (MT V, 44);
c) meditar o exemplo do divino Mestre, Cordeiro manso e humilde de coração.



7. PREGUIÇA


1º. Natureza. Preguiça é o apego desmedido ao descanso que leva a omitir nossas obrigações, ou a descuidá-las. O espírito e o corpo do homem que trabalha necessitam de repouso. Mas, este não pode vir a ser regra geral, e com que o único fruto da existência.


Distinguem-se:


a) preguiça espiritual;
b) preguiça corporal.


Aquela é falta de ânimo, de coragem no cumprimento dos deveres religiosos, na oração. Esta é desleixo das nossas obrigações de estado.


2º. Efeitos. A preguiça faz ociosa a vida, e franqueia, a todas as tentações, os caminhos da alma. "A preguiça é a mãe de todos os vícios". A preguiça espiritual põe em perigo a salvação eterna, pois "cada um há de receber a própria remuneração, conforme o próprio trabalho" (I Cor III, 8).


3º. Malícia. É pecado grave, a preguiça, quando chega até o esquecimento de Deus e das nossas obrigações mais importantes.


4º. Remédios. Para extirpar a preguiça, reflita-se que o trabalho é lei universal imposta pelo Criador. Os ricos não são dispensados. Existe, para eles, o grande dever da caridade, que os manda trabalhar a fim de aliviar, mais eficazmente, a sorte dos pobres.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.