28 de outubro de 2021

Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas

ELE É MINHA RIQUEZA

Parece-me que quanto mais te aproximas de Jesus, mais perto te sinto, irmãzinha querida. Eu, cada dia sou mais feliz. Ontem fez um mês de minha tomada de hábito, tempo que passou voando.
Assim se passa a vida no Carmelo, e logo nos encontraremos na Eternidade, olhando de lá a vida como um ponto que passou sem nos dar conta. Que seria de nós se a vida não passasse assim?
Sobretudo seria horrível para a gente do mundo, para a qual não há felicidade completa, já que para uma carmelita existe o céu na terra. Possuir a seu Deus e estar com ele lhe basta.
Eu, prisioneira, cativa por seu amor, permaneço sempre junto ao altar, sofrendo e amando. Este é meu ideal; pois assim a carmelita recolhe o sangue que emana do sacrifício de Jesus para derramá-lo nas almas.
Ao olhar minha celinha tão pobre, não posso deixar de sentir-me feliz por ter renunciado a todo o supérfluo para possuir a Deus. Ele é minha riqueza infinita, minha beatitude, meu céu.
Ama-o tu também para que sejas feliz.
Que estás oferecendo a Nossa Senhora no mês de Maria?
Honra-a muito e tua Mãe tão tema e carinhosa que jamais deixará de velar por ti. Ainda ontem, concedeu-me uma grande graça esta Mãe da minha alma. Quando recorro a ela, jamais me desampara (15-11-1919).

EM COMUNHÃO COM O AMOR

Jesus é o único atrativo de minha vida e ele, com seus encontros e suavidade, quem me faz esquecer tudo. Contudo, há momentos em que se sofre, e não creias que são sofrimento de qualquer espécie os de uma carmelita; mas, quando é Jesus mesmo quem a crucifica, quem a despedaça, ela se sente feliz em ser seu joguete de amor. Tu compreendes a linguagem da cruz e nela que se efetuam a transformação da alma em Deus.
O melhor é amar a vontade de Deus. Ali encontramos a cruz, melhor do que em outra parte; ali cresce esta árvore bendita retamente, sem impedimentos, pois é sem a nossa escolha, sem satisfação alguma. Podemos viver em comunhão perpétua com o Amor, unindo-nos à sua vontade. Que ela não encontre resistência em nossa alma. Que nós, perdidas como o nada em sua imensidão, façamos também o que ele quer.
Como seremos mais semelhantes a ele do que fazendo sua divina vontade? Ao querê-la a abraçar-nos com ela, queremos e praticamos um bem querido infinitamente por Deus; um bem que tem em si o sentido do eterno, um bem no qual está concentrado todo o amor, a santidade de nosso Deus.
Ao executar esse bem, acaso não agimos conforme a Deus?
Ao agir conforme a Deus, somos outro Deus; em uma palavra, somos ele. Para isto é necessário suportar tudo, amar a tudo como a expressão da vontade de Deus que nos quer santificar. Tomemos a resolução de cumprir perfeitamente a vontade de Deus, de aceitar tudo o que ele nos envia, seja próspero ou adverso, proceda de nós mesmos ou das circunstâncias que nos rodeiam, ou venha da parte das criaturas (novembro de 1919).

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