10 de outubro de 2021

Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas

NO CENÁCULO

Ontem entrei em retiro. Nosso Senhor disse-me que fosse por ele a seu Pai. Que me escondesse e submergisse. Que me deixasse guiar pelo Espírito Santo inteiramente. Que minha vida deve ser um louvor contínuo de amor. Perder-me em Deus. Tudo é silêncio, harmonia, unidade nele. E, para viver nele, é necessário simplificar-se, não ter senão um só pensamento e atividade: Louvor.
Deus se comunica à minha alma de maneira inefável nestes dias em que estou no cenáculo. Lá não é sensível o amor que sinto. É muito mais interior. Na oração, não posso refletir, mas fico como que adormecida em Deus. Assim sinto sua grandeza e é tal o gozo que sinto na alma, que me encontro toda penetrada de divindade.
Paz três ou quatro dias que, estando em oração, senti como se Deus descesse a mim, porém com ímpeto de amor tão grande que se durasse um pouco mais eu não poderia resistir, pois nesse instante minha alma tende a sair do corpo.
Porém nem tudo tem sido gozo. A cruz tem sido bem pesada.
Primeiro tive de acompanhar Nosso Senhor na agonia. Depois vie­ram-me dúvidas horríveis contra a fé. A terceira prova foi a mais horrível. Senti todo o peso de meus pecados e os numerosos favores e o amor de Deus. A quarta prova foi espantosa. Veio-me ao pensamento que tudo isto eram enganos do demônio. Foram as trevas mais horríveis, pois acreditei estar desamparada por Deus.
Além disso, sentia o maior sofrimento ao ver que iam notar algo estranho em mim. Isto me enchia de amargura, pois quero passar despercebida.

EU ME TRANSFORMEI

Que coisa maravilhosa! Que felicidade, mãezinha, quando nos encontramos mergulhadas no oceano imenso do Amor, no seio de nosso Pai, na chaga do Coração de nosso Esposo e possuídas eternamente pelo Espírito Santificador! Quando se olha este horizonte, quando se apresenta à nossa vista este formosíssimo panorama, como é feio e sem consistência tudo o que é da terra!
Que pesar sentimos ao perceber que a maior parte dos homens estão cegos. Que pena sente então o coração!
Passei estes dias em retiro. Como sou feliz naquele que é o único que vive. Mamãe, quisera poder mostrar-lhe o fundo de minha alma para que nela visse tudo o que Nosso Senhor escreveu estes dias. Fez-me compreender, fez-me ver coisas desconhecidas, grandezas nunca vistas. Não imagina, mamãezinha, a mudança que já percebo em mim. Ele me transformou. Ele vai retirando os véus que o ocultavam.
Cada vez me parece mais formoso, mais terno, cada vez mais louco . . . Não quero prosseguir porque quando começo a falar de Nosso Senhor, a pena não se detém (9-6-1919).

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