23 de outubro de 2021

Teresa de Los Andes - Deus, Alegria Infinita - Diário e Cartas

OUTUBRO DE 1919 - ABRI L DE 1920

No dia 14 de outubro, com a tomada de hábito, torna-se Ir. Teresa uma noviça carmelita. E, automaticamente, diminuem suas cartas, porque é norma comum dos noviciados restringir a correspondência.
Menos cartas, porém mais afetuosas. Todas elas penetradas de humanidade. Com demonstração de maior preocupação pela saúde e os assuntos dos seus. Mais carinhosas e familiares.
Evidentemente, Ir. Teresa mostra-se mais humana na correspondência dos últimos meses de sua vida. Precisamente quando sua virtude está mais acrisolada. Quando se encontra mais próxima de Deus. E porque vive mais incondicionalmente entregue à vontade de Deus, fazendo sempre e em tudo o que é de seu agrado. Por isso não há para ela duas vidas superpostas uma natural, profana, e a outra sobrenatural, religiosa; senão uma única vida humana, toda ela cristã, espiritual, quer dizer, segundo o espírito de Cristo.
O amor simplificou sua vida, unificando-a. E tudo o que faz ainda que pareça atividade profana ou indiferente - é louvor divino, é culto, "é melodia contínua de amor" para Deus; porque não faz senão o que lhe é agradável, permitido, segundo seu divino querer.
E Ir. Teresa é boa prova disso. Une com a maior naturalidade o trato com Deus com o dos homens, a oração com a atividade, o esporte e as brincadeiras inocentes. Porque no estado de plena comunhão com Deus em que ela se move, longe de ficar anulado, o que é legitimamente humano se acrisola, se fortifica, aperfeiçoa e diviniza. Em setembro nós a ouvimos dizer, expressando toda a ternura de seu coração de filha: "Sim, esta ternura cresce cada dia, meu paizinho. E não creia que no Carmelo ela se extinga, antes, pelo contrário, toma maiores proporções, porque aqui o amor é sem interesse e em Deus".
Identificando-se com ele cada dia mais intimamente vive Ir. Teresa. Nele, que é sua riqueza, seu gozo e seu céu, encontrou "seu centro e sua morada". Logo se lançará a ele com força irre­sistível, sem as ataduras da carne; porque, como vive perdida no oceano de sua caridade, já está preparada para submergir definitivamente nele.

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