XVII - O céu na terra.
Nosso Senhor disse: "Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vos concederá". Jamais teríamos pensado em pedir a Deus seu próprio Filho. Mas aquilo que o homem não teria podido imaginar, Deus o fez. Aquilo que o homem não pode dizer nem conceber, e que nunca teria ousado desejar, Deus, no seu amor, disse-o, concebeu-o e executou-o.
Sem a divina Eucaristia, não haveria felicidade neste mundo, a vida não seria suportável. Quando recebemos a sagrada comunhão, recebemos a nossa alegria e a nossa felicidade.
O bom Deus, querendo dar-se a nós no sacramento de seu amor, deu-nos um desejo vasto e grande que só ele pode satisfazer...
Ao lado desse belo sacramento, somos como uma pessoa que morre de sede ao lado de um corrego; entretanto, ela teria só que curvar a cabeça!... como uma pessoa que fica pobre ao lado de um tesouro; teria só que estender a mão!
Oh! se os cristãos pudessem compreender esta linguagem de Nosso Senhor que lhes diz: "Apesar da tua miséria, quero ver de perto essa bela alma que eu criei para mim. Fi-la tão grande que só eu posso enchê-la. Fi-la tão pura que só o meu corpo pode alimentá-la".
Não há nada tão grande, meus filhos, quanto a Eucaristia! Ponde todas as boas obras do mundo contra uma comunhão bem feita: será como um grão de pó diante de uma montanha.
Se pudessem compreender todos os bens que encerra a sagrada comunhão, não seria preciso mais para contentar o coração do homem. O avarento não correria mais atrás dos seus tesouros, o ambicioso atrás de sua glória; cada qual deixaria a terra, sacudir-lhe-ia o pó e voaria para os céus.
Aquele que comunga perde-se em Deus como uma gota d'água no oceano. Não se pode mais separá-los. Quando acabamos de comungar, se alguém nos dissesse: "Que levas para casa?", poderíamos responder: "Levo o céu". Um santo dizia que nós éramos Porta-Deuses. É bem verdade, mas nós não temos bastante fé. Não compreendemos a nossa dignidade. Saindo da mesa sagrada, somos tão felizes quanto teriam sido os Magos se tivessem podido levar consigo o Menino Jesus.
Tomai um vaso cheio de licor e tampai-o bem, conservareis o licor enquanto quiserdes. Assim também, se guardásseis bem Nosso Senhor no recolhimento, após a comunhão, sentirieis por muito tempo esse fogo devorador que inspiraria ao vosso coração um pendor para o bem e uma repugnância para o mal.
Eu não gosto, quando se vem da sagrada mesa, de que se ponha alguém imediatamente a ler. Oh! não; de que serve a palavra dos homens quando é Deus que fala?...Cumpre escutar o que o bom Deus diz ao nosso coração.
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