17 de outubro de 2013

Pensamentos escolhidos do Cura d'Ars

XV -  Poder e doçura da oração.

Meus filhos, vós tendes um coração pequeno, porém a oração o alarga e torna-o capaz de amar a Deus. A oração é um antegozo do céu, uma emanação do paraíso. Nunca nos deixa sem doçura.
É um mel que desce à alma e adoça tudo.
As aflições se derretem ante uma oração bem feita, como a neve diante do sol.
A oração é um orvalho embalsamado; é preciso porém rezar com coração puro para sentir esse orvalho.
Vede, meus filhos; o tesouro de um cristão não esta na terra, esta no céu. Pois bem deve o nosso pensamento ir aonde esta o nosso tesouro.
O homem tem uma bela função, a de orar e de amar... Vós orais, vós amais: eis a felicidade do homem na terra!
A oração outra coisa não é senão uma união com Deus. Quando se tem o coração puro e unido a Deus, sente-se em si um balsamo, uma doçura que embriaga, uma luz que deslumbra. Nessa união intima, Deus e a alma são como dois pedaços de cera fundidos juntos; não se pode mais separá-los. É uma coisa bem bela essa união de Deus com sua pequena criatura. É uma ventura que não se pode compreender.
A oração faz passar o tempo com grande rapidez, e tão agradavelmente, que a gente não lhe percebe a duração. Quanto mais se reza, tanto mais se quer rezar.
Vê-se alguns que se perdem na oração como o peixe n'água, porque são inteiramente do bom Deus. No seu coração não há interstício. Oh! como eu gosto dessas almas generosas !... São Francisco de Assis e Santa Coletta falavam  a Nosso Senhor como nós falamos . Ao passo que nós, quantas vezes vamos à igreja sem saber o que lá vamos fazer e o que queremos pedir!
Os que não rezam curvam-se para a terra, como uma topeira que procura fazer um buraco para se esconder. São todos terrenos, todos embrutecidos, e só pensam nas coisas do tempo...
Aquele que não reza é ainda uma dessas aves pesadas, que não se podem elevar nos ares: se voam um pouco, logo caem, e esgravatando a terra, enterram-se nela, cobrem com ela a cabeça e parecem só achar prazer nisso. O que reza, ao contrário, é uma águia intrépida, que se libra no ar e parece sempre querer aproximar-se do sol. Eis aí o bom cristão nas asas da oração. Oh! como é bela a oração! O homem que esta em graça com Deus não precisa que lhe ensinem a rezar, conhece a oração como que naturalmente.
O bom Deus não precisa de nós: se nos manda rezar, é que ele quer a nossa felicidade, e a nossa felicidade só nisso se pode achar. Quando ele nos vê vir, inclina o coração bem baixo para a sua criaturinha, como um pai que se inclina para escutar o filhinho que lhe fala.
De manhã, deve-se fazer como a criança que esta no berço: mal abre os olhos, olha logo pela casa a ver se vê sua mãe...
Há duas coisas para nos unirmos com Nosso Senhor e para operarmos a nossa salvação: a oração e os Sacramentos. Todos os que se tem tornado santos frequentaram os Sacramentos e elevaram o coração à Deus pela oração.

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